Grande noite europeia no Estádio da Luz. O Benfica recebeu um forte Atlético, que havia empatado há dias com o Real Madrid no dérbi de Madrid, não vacilou ou mostrou qualquer receio e goleou por 4-0, numa exibição de “saco cheio”. Tacticamente a equipa benfiquista esteve perfeita, nunca deixou os espanhóis assumirem o controlo da partida e foi letal nos contra-ataques, acumulando um resultado que poderia ter sido mais gorda. Dois jogos disputados, seis pontos, enquanto o Atlético sofreu a primeira derrota da temporada.
Benfica sempre no controlo do jogo
Excelente a entrada do Benfica em jogo, personalizado, a lutar por cada bola com intensidade e a colocá-la na frente com velocidade. Foi assim que, aos 13 minutos, Aursnes descobriu Aktürkoğlu na área e este não perdoou perante Oblak. O Atlético demorou a reagir, mas quando o fez assumiu a iniciativa, mantendo o Benfica no primeiro terço, com as “águias” velozes a explorar as transições. O primeiro remate “colchonero” aconteceu por Samuel Lino, aos 19 minutos apenas, e o brasileiro quase marcou pouco depois ao acertar na barra, quando tentava o cruzamento. Porém, as “águias” tinham o controlo do jogo, protegiam as costas da defesa e, em cima do intervalo, quase marcaram, mas o desvio de Pavlidis foi ao poste.
Simeone fez várias alterações ao intervalo, mas a equipa espanhola continuou sem saber o que fazer à bola perante a boa organização benfiquista e a pressão em zonas nevrálgicas. e, após mais uma recuperação rápida, Pavlidis foi travado por Conor Gallagher na área. Penálti que Di María (52′) converteu com sucesso. E logo a seguir o argentino, egoísta, desperdiçou uma ocasião flagrante, quando podia ter servido Pavlidis. Tudo corria bem ao Benfica, numa exibição quase perfeita, táctica e tecnicamente, com trocas de bola seguras e sem dar veleidades ao Atlético. Aos 75 minutos, Bah, de cabeça, após um canto, fez o 3-0 que arrumou com a questão, e aos 84 foi Kökçü a “encher o saco” do Atlético de penálti.
[ Carreras (3) e Otamendi (30) trocaram 49 passes entre si ]
O Jogo em 5 Factos
1. Quatro golos… esperados e marcados
A ideia que fica ao vermos este jogo é a de que o Benfica poderia ter construído um resultado ainda mais volumoso. Contudo, sendo frio e objectivo a olhar para os números, vemos que as “águias” fizeram quatro tentos e eram esses os “esperados”, tendo em conta os 4,2 xG finais – segundo valor mais alto desta Liga dos Campeões, atrás dos 6,3 do Bayern com o Dinamo Zagreb.
2. Ocasiões flagrantes só para a “águia”
Ao todo o Benfica conseguiu construir sete ocasiões flagrantes, tendo convertido em golos duas delas. O Atlético não usufruiu de nenhuma. Também aqui a diferença foi enorme.
3. Benfica com mais área contrária
Nem sempre foi assim ao longo do jogo, mas a etapa final acabou por acentuar esta tendência. O Benfica somou mais nove acções na área do Atlético do que os espanhóis na área lusa (26-17), algo relevante tendo em conta que os “colchoneros” tentaram sempre ter a iniciativa atacante.
4. Aposta no passe progressivo
O Benfica “chamou” o Atlético durante quase todo o jogo e depois “esticou-o” com passes logos e progressivos. As “águias” realizaram 33 passes progressivos (que aproximam a equipa pelo menos 25% da baliza contrária), mais do dobro dos espanhóis (16).
[ Os 33 passes progressivos do Benfica ]
5. Atlético foi zero no ataque
A palavra pode aplicar-se a diversos aspectos do jogo, mas queremos realçar os remates. O Atético fez somente quatro disparos e nenhum enquadrado. Só Slovan e Shakhtar registaram zero enquadrados num jogo desta Champions. No segundo tempo registou apenas um (58′), depois disso… zero.
MVP GoalPoint: Álvaro Carreras
Que jogão do espanhol que, curiosamente, fez a sua formação no rival do Atlético, o Real Madrid. Carreras esteve em todas, irrepreensível a defender, com um óptimo posicionamento, e depois incisivo a atacar. Disputou oito duelos e ganhou-os todos, falhou só quatro de 76 passes, somou o máximo de acções com bola (99), completou as quatro tentativas de drible e registou o máximo de intercepções (4).
[ A análise ao jogo na visão do Bruno Francisco, que escreve sobre o Benfica na GoalPoint, podes lê-lo neste link ]
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Benfica
Kökçü 7.2
O médio estava algo discreto na partida, mas a partir de meio da segunda parte cresceu e terminou como uma das figuras da noite. Não só fez um golo de penálti, como enquadrou os seus dois remates, criou uma ocasião flagrante em dois passes para finalização e teve sucesso nas duas tentativas de drible.
Di María 7.0
Notava-se a motivação de Di María frente ao grande rival do “seu” Real Madrid. O argentino fez a cabeça em água aos “colchoneros”, marcou um golo, de penálti, ganhou metade dos 14 duelos que disputou, enquadrou dois de quatro remates, criou uma ocasião flagrante em quatro passes para finalização, registou seis conduções progressivas e três super progressivas. De negativo uma flagrante falhada, na qual poderia ter, facilmente, assistido para um golo “de encostar” de Pavlidis.
Alexander Bah 7.0
Nem parecia que tinha regressado há pouco tempo de lesão. Bah fez um golo, de cabeça, completou as duas tentativas de drible, ganhou os quatro duelos aéreos que disputou e a sua nota não é mais elevada porque somou o máximo de passes (14) e passes de risco (6) falhados, bem como quatro perdas de posse no primeiro terço.
Aktürkoğlu 7.0
O turco não pára de marcar. Kerem abriu o activo e trabalhou muito pelo colectivo, como provam as sete recuperações de posse e as três intercepções.
Florentino 6.4
O “polvo” está de volta. Florentino foi um pilar da formação benfiquista, terminando com seis recuperações de posse, quatro desarmes, três intercepções e incríveis cinco bloqueios de passe. Falhou só quatro de 62 passes.
Aursnes 6.2
O norueguês foi tacticamente fundamental na escolha acertada das zonas de pressão e na velocidade com que colocava a bola em colegas de equipa. Assistiu Aktürkoğlu para o 1-0, errou apenas quatro de 58 passes e fez sete recuperações de posse.
Otamendi 6.0
O argentino falhou somente um de 84 passes. Destaque ainda para 92 acções com bola, segundo valor mais alto, e um bloqueio de remate. Perdeu somente um de quatro duelos.
Amdouni 5.9
Sempre que entra o helvético deixa bons indicadores. Lançado para explorar as costas da defesa “colchonera”, sofreu falta para a grande penalidade que garantiu o 4-0 e “sacou” dois cartões amarelos aos adversários.
Destaques do Atlético
Oblak 6.1
De regresso ao Estádio da Luz, o guarda-redes foi o melhor do Atlético. Ao todo somou sete defesas e evitou praticamente dois golos feitos (1,6, defesas – xSaves).