Chegou ao fim o primeiro ciclo de jogos de Bruno Lage no regresso ao Benfica. O balanço tem de ser (muito) positivo. Foram 5 jogos (podiam ter sido 6, mas o jogo com o Nacional foi adiado), 5 vitórias, muitos golos e sobretudo, novas nuances táticas que permitiram que vários jogadores sobressaíssem. Tomás Araújo é um deles e estreia-se nas convocatórias da Selecção A de Portugal. Mas há mais.
1. Tomás, central moderno
Tomás Araújo mostrou-se desde sempre um central acima da média no momento com bola. Essa foi uma característica que cresceu com ele desde a formação e que, aquando do empréstimo ao Gil Vicente, não ficou para trás e permitiu que Tomás Araújo fosse um destaque da segunda volta do campeonato dos minhotos. Faltava, no entanto, alguma agressividade nos duelos (especialmente com avançados mais físicos) e talvez por isso, quando regressou ao Benfica, não teve tanto espaço nas opções de Schmidt quanto gostaria. Esta temporada parece ter conquistado o seu lugar e a agressividade parece ter subido (no bom sentido).
[ O desempenho de Tomás Araújo na Liga 24/25 vs as médias da sua excelente época pelo Gil Vicente ]
2. Tomás, central com classe
Tomás sente um conforto com bola pouco habitual, num central. Seja em condução, sob pressão ou através do passe vertical e/ou interior, o jovem é uma das armas de Bruno Lage para ligar o sector defensivo ao médio sem grandes perdas de bola. O treinador do Benfica entrega-lhe um papel de destaque na primeira fase de construção do jogo ofensivo da equipa e inclusive já relegou António Silva para o banco de suplentes. A juntar a este atributo, Araújo é um jogador bastante rápido o que muita vez lhe permite recuperar a posição depois de uma tentativa de corte falhada ou mau posicionamento inicial. O Benfica passou não só a ter uma melhor saída de bola, como também a ter um melhor controlo da profundidade (espaço entre Trubin e centrais).
[ Os 56 passes eficazes de Tomás Araújo frente ao Atlético de Madrid ]
3. Álvaro Carreras, sempre a acelerar
Para ser justo, Carreras já se tinha apresentado bem na pré-época com Schmidt, porém, é com Bruno Lage que atinge um patamar que até agora só lhe era reconhecido como potencial. O lateral espanhol que chegou do Man Utd é um jogador muito mais maduro e preparado do que aquele que chegou em Janeiro ao Benfica e que acabou por nunca ser solução para Schmidt.Constrói, ganha metros em progressão com bola, aparece no último terço a cruzar e até a tentar finalizar. Carreras vive um momento de confiança que aos poucos está a torná-lo um destaque tão grande que já se está a tornar um dos preferidos dos adeptos. Até o momento defensivo (que continua sem ser um ponto forte) está melhor. Na última ideia de Lage, Carreras era um dos 3 que iniciavam a construção da equipa numa primeira fase, posteriormente tinha liberdade para subir no campo.
[ As conduções com bola de Álvaro Carreras frente ao Atlético de Madrid ]
Aktürkoglu com impacto imediato
Não há como colocar as coisas de outra forma: Kerem Aktürkoglu chegou, viu e venceu. O extremo ex-Galatasaray trouxe consigo uma legião de fãs e rapidamente conquistou outros tantos em Portugal. No Benfica encontrou liberdade para aparecer em zonas de finalização e fazer uso da sua frieza em frente à baliza. Raramente falha. Até de cabeça já fez golo. Como se não chegasse, Aktükoglu tem um compromisso defensivo que trouxe a estabilidade ao corredor esquerdo (o mais forte em todos os momentos do jogo, até agora). Schmidt utilizava médios interiores que davam equilíbrio, mas Lage quer extremos que “agridam” a equipa adversária constantemente.
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5. Kökçü, o maestro
Definitivamente, Kökçü subiu o nível comparativamente ao que tinha exibido até há pouco tempo. O treinador voltou a coloca-lo como um 8 que vê o jogo de frente na hora de explorar os espaços que o adversário dá, mas desta vez, tem Florentino nas costas e Aursnes ao lado assim como Kerem à sua esquerda. A segurança que rodeia o construtor turco permite-lhe aparecer para construir e criar, assim como esconder as suas fragilidades defensivas. Hoje, Kökçü assiste, marca, pauta o jogo e é uma referência que a equipa procura para arranjar soluções dentro do bloco adversário. O médio turco gosta desse protagonismo e cresce.
[ As 72 acções de Orkun frente ao Boavista, jogo em que terminou como MVP GoalPoint ]