Quando a Polónia reduziu para 2-1 aos 78 minutos, foi impossível não olharmos para esse momento com um sentimento de injustiça, mas também de alerta para o recuo luso e a diminuição na intensidade do seu jogo. Portugal fez uma grande exibição até ao derradeiro quarto-de-hora, uma das melhores sob o comando de Roberto Martínez, com controlo do jogo, qualidade no passe, disciplina táctica, criatividade e inúmeras ocasiões criadas. A turma das “quinas” marcou dois golos na primeira parte, sofreu o tal susto, mas acabou por descansar graças a um autogolo.
Primeira metade de luxo
Grande primeira parte de Portugal. A Polónia até começou melhor, mas os lusos rapidamente pegaram no jogo, empurraram os anfitriões para o seu terço defensivo e criaram inúmeros lances de muito perigo, chegando mesmo ao intervalo com duas bolas nos ferros e quatro ocasiões flagrantes, duas delas para os golos de Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo. Muito jogo pela esquerda e segurança no passe.
A turma das “quinas” continuou a controlar e a criar diversas situações de golo, a melhor num lance (54′) em que Ronaldo tinha tudo para fazer golo, mas decidiu passar a Bruno Fernandes, que atirou por cima. Adivinhava-se o terceiro, mas o que aconteceu foi o tento polaco, por Piotr Zieliński, a castigar o desperdício da equipa de Roberto Martínez, que relaxou em demasia nos minutos finais. Contudo, na sequência de um contra-ataque, Jan Bednarek (88′) fez autogolo e descansou as hostes lusas.
[ Bernardo (10) e Rúben Neves (18) com boa ligação de passe ]
O Jogo em 5 Factos
1. Muitas oportunidades
P0rtugal fez o que quis ada defesa polaca durante a maior parte do tempo, ao ponto de ter criado seis ocasiões flagrantes, tendo duas dado golo. Essa meia-dúzia é o quarto valor mais alto da competição, sendo o recorde (Alemanha-Hungria) de nove.
[ As ocasiões flagrantes de Portugal ]
2. Grande qualidade no passe
Um dos sustentáculos da actuação lusa foi a qualidade no passe. Em 607 entregas, Portugal completou 555, ou seja, um pouco mais de 91%.
3. Sem muita pressão
Nem a Polónia (na maior parte do tempo), nem Portugal (quando abrandou o ritmo) apostaram claramente na pressão em zonas altas. Por esse motivo houve apenas 17 acções defensivas nos meios-campos contrários, nove para os da casa, oito para os lusos.
4. Trio que gosta de correr com bola
Portugal terminou com 1232 metros de progressão em condução com bola, mais do dobro da Polónia (528). Os três portugueses com mais metros em progressão, Pedro Neto (242), Rafael Leão (199) e Nuno Mendes (198) contribuíram com mais de metade (639).
[ As “auto-estradas” que Portugal percorreu ]
5. Superioridade nos duelos
Os jogadores de Polónia e Portugal disputaram 99 duelos individuais. Também aqui os lusos foram superiores, tendo ganho 55 desses lances.
[ A azul os duelos ganhos por Portugal, a vermelho os perdidos ]
MVP GoalPoint: Bruno Fernandes
O médio continua divorciado com o golo nesta primeira metade de época, mas realizou uma exibição em crescendo e foi o MVP. Além da assistência para o golo de Bernardo, Bruno foi o mais rematador, com cinco disparos, dois enquadrados, criou uma ocasião flagrante em quatro passes para finalização (máximo) e ainda registou o segundo valor mais elevado de desarmes (4). Se não tivesse desperdiçado duas ocasiões flagrantes, a nota teria disparado.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques da Polónia
Piotr Zieliński 6.4
O médio foi o melhor entre os polacos. Além do golo que apontou, somou sete passes progressivos (máximo) e seis recuperações de posse.
Paweł Dawidowicz 5.8
O médio convertido em central, que esteve duas épocas na equipa B do Benfica, destacou-se sobretudo pelo passe, com 32 completos em 34, pelos alívios (7) e pelo máximo de bloqueios de remate no jogo (4).
Destaques de Portugal
Cristiano Ronaldo 7.7
O capitão tem 39 anos? Não parece. A exibição de Cristiano Ronaldo não se limitou ao golo. CR7 atirou uma bola à barra, numa ocasião flagrante falhada que acaba por lhe afectar a nota, criou também uma flagrante e contabilizou cinco conduções progressivas. Nada mau para a “provecta” idade
Nuno Mendes 7.2
Portugal atacou muito pelo lado esquerdo, com Nuno Mendes a fazer uma dupla temível com Rafael Leão. O lateral-esquerdo foi um dos quebra-cabeças constantes para os polacos, aos quais “sacou” dois cartões… e um autogolo decisivo. Fez ainda um corte decisivo e ganhou sete dos 12 duelos que disputou.
Bernardo Silva 6.8
No eixo do meio-campo, Bernardo ganha outra dimensão. Além do excelente golo que abriu a contagem, o médio falhou somente três de 70 passes (96% de eficácia) e somou 81 acções com bola.
Rafael Leão 6.7
Uma das melhores exibições de Rafael Leão pela selecção lusa e a sua nota não é mais elevada porque acabou por ter pouco remate (somente um) e nenhuma acção directa para golo. Ainda assim criou uma ocasião flagrante, completou seis de sete tentativas de drible, somou quatro conduções progressivas e duas super progressivas.
Diogo Dalot 6.4
Dono de dois passes para finalização, Dalot esteve muito bem no passe, com 57 completos em 62, e somou sete acções defensivas, com destaque para duas intercepções.
Pedro Neto 5.9
O extremo fartou-se de correr. Além de ter ganho oito (máximo do jogo) de 15 duelos, Pedro Neto criou uma ocasião flagrante, errou apenas quatro de 55 passes, completou as quatro tentativas de drible e ainda acumulou cinco conduções progressivas e duas super progressivas.
Renato Veiga 5.5
O estreante central foi melhorando aos poucos e terminou com uma nota positiva, apesar de ter estado menos bem no golo polaco e de as suas sete acções defensivas terem sido todas alívios putos e simples. Foi o jogador mais faltoso do encontro, com cinco infracções, e somou o máximo de passes (7) e passes de risco (5) falhados.