AINDA não foi desta que o Rio Ave venceu em casa do Benfica. Em 33 partidas, os “encarnados” somam 29 triunfos e quatro empates, o êxito mais recente ocorreu neste domingo e teve direito a nota artística, magia otomana e a uma mão cheia de golos. Após o descalabro neerlandês, Florentino ficou no banco, Beste actuou pelo flanco esquerdo, Aursnes juntou-se a Kökçü e Aktürkoğlu teve liberdade nas costas de Pavlidis. O “Harry Potter” fez uso do Alohomora e começou a afundar a reacção dos vila-condenses com três golos, terminando mesmo com nota máxima. Na segunda parte, os suplentes Schjelderup e Amdouni escreveram o nome na “manita” e dilataram o banho de bola das “águias”.
Harry Kerem Potter afundou rioavistas
Um, dois e três. A conta que Kerem Aktürkoglu fez… na primeira parte. Deslocado para a zona central, o turco pegou na batuta e esteve irresistível. Assinou um “hat-trick” e deu expressão ao amplo domínio benfiquista nesta primeira metade, consubstanciado em 57% da posse, 28 acções com a bola na área contrária, 12 remates (sete no alvo) e 32 duelos vencidos. Não fossem as inúmeras cerimónias e hesitações nos vários momentos junto à baliza rioavista e a diferença no “score” poderia ter sido ainda mais ampla. O Rio Ave foi uma sombra daquilo que tem feito nas últimas temporadas, permissivo a defender, sem ideias a atacar, saiu para os balneários com apenas um remate (desenquadrado), nenhuma acção com a bola na área do opositor e 20 perdas de posse (terço defensivo).
Os “encarnados” não tiraram o pé do acelerador e continuaram a rondar o último reduto vila-condense. As situações avolumavam-se, mas o marcador mantinha-se inalterado, Luís Freire foi mudando as peças, mas a incapacidade dos visitantes continuava a ser confrangedora. Paulatinamente, Bruno Lage foi refrescando o xadrez e acabou por acertar: Arthur Cabral, Amdouni, Schjelderup e Renato Sanches imprimiram outra dinâmica ao ataque e os golos apareceram por intermédio de Schjelderup e de Amdouni. Ainda com um jogo em atraso, a formação da Luz volta a alcançar o terceiro lugar, já o Rio Ave está a meio da tabela com oito pontos.
[ Carreras (3) e Beste (37) ligaram muito bem pela esquerda ]
O Jogo em 5 Factos
1. Eficiência nos golos esperados (xG)
Kerem Aktürkoğlu marcou três golos em apenas 0,51 Golos Esperados (xG), que se traduzem numa eficiência de 2,49 na diferença entre xG e golos, novo recorde da Liga.
2. Di Magia
Não marcou, mas o argentino exibiu-se num óptimo plano, dando mais uma amostra de toda a utilidade que tem, desde que seja utilizado de forma inteligente. O argentino carimbou sete passes super progressivos, valor máximo nestas nove jornadas do campeonato.
3. Fora dela
Vangelis Pavlidis começou bem a época, mas o jejum de golos parece estar a tomar conta do discernimento do grego. Os colegas bem o tentaram ajudar, mas nem assim marcou. Saiu aos 62 minutos com quatro foras-de-jogo amealhados, um recorde na prova.
4. Festival de erros
O Rio Ave pouco ou nada fez na Luz. Atacou mal, somou apenas quatro remates (todos desenquadrados) e, em termos defensivos, acumulou falhas atrás de falhas com nove desarmes sofridos, 32 perdas de bola no terço defensivo e apenas seis acções defensivas no meio-campo adversário.
5. “Águias” com apetite
O Benfica foi constante na forma como nunca abrandou e acabou o encontro com 65 acções com a bola na área contrária, quatro ocasiões flagrantes, 2,4 golos esperados (xG), 18 cruzamentos (oito eficazes) e 12 passes super progressivos.
[ As 65 acções com bola do Benfica na área do Rio Ave ]
MVP GoalPoint: Kerem Aktürkoğlu
A exibição foi de tal forma portentosa que até arrebentou a nossa escala. O internacional turco chegou, viu e está a fazer a diferença. Nos primeiros sete jogos oficiais de “águia” ao peito já marcou oito golos e festeja há quatro jogos consecutivos. Além de tudo isto, esteve envolvido directamente, com golos ou assistências, em todos os “tentos” que os encarnados fizeram nas partidas em que esteve em acção. Na tarde/noite deste domingo precisou de apenas 47minutos para carimbar um “hat-trick”, o primeiro na carreira, em quatro remates que tiveram 0,51 no que diz respeito aos golos esperados (xG). O atacante contabilizou, ainda, oito acções com a bola na área adversária, quatro acções defensivas, quatro duelos conquistados em dez, 14 perdas de bola, três desarmes sofridos, quatro acções defensivas e foi o MVP de forma indiscutível com um rating de 10.0.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Benfica
Di María 8.7
Bela exibição expressado em cinco remates, uma assistência, duas ocasiões flagrantes criadas, 11 passes progressivos, sete super progressivos (máximo na prova), 13 passes progressivos recebidos, dez acções com a bola na área contrária, oito duelos conquistados em 11, três dribles eficazes em seis tentados, seis recuperações de posse, 13 perdas e três acções defensivas.
Álvaro Carreras 7.4
Autor de um remate, uma assistência, 60 passes recebidos, 99 acções com a bola (recorde na partida), quatro duelos conquistados, cinco recuperações de posse, dez perdas e nove acções defensivas, entre elas cinco no meio-campo contrário (máximo).
Otamendi 7.4
Manteve a confiança de Lage e retribuiu com dois remates, cinco acções com a bola na área do Rio Ave, seis duelos vencidos em nove, seis acções defensivas, cinco recuperações de bola e quatro perdas da posse.
Orkun Kökçü 7.1
Actuou um pouco mais recuado, mas nem assim perdeu preponderância na manobra da equipa, destacando-se com quatro remates, quatro passes para remate, dois centros eficazes, 11 passes progressivos, 90 acções com a bola, sete recuperações e 12 perdas.
Beste 7.1
Vai aproveitando as oportunidades como… extremo-esquerdo. Mais uma bela “performance” do alemão. Orquestrou dois remates, quatro passes para finalização, seis passes progressivos, oito passes progressivos recebidos, cinco recuperações de posse, 15 perdas e três acções defensivas.
Fredrik Aursnes 6.8
Não se limitou a ser o médio mais recuado, foi um verdadeiro “box to box”, surgindo em todo o lado. Finalizou a partida com um remate, dois passes para finalização, um passe de ruptura, uma eficácia de 93% no capítulo do passe, nove passes progressivos, sete duelos vencidos em 13 tentados, seis recuperações de bola, nove perdas e três acções defensivas.
Schjelderup 6.6
Lançado aos 72’, aproveitou todos os segundos para reivindicar mais tempo de jogo. Registou dois remates, um golo, cinco passes certos em outros tantos tentados e nove acções com a bola.
Bah 6.3
Esteve soltinho com quatro passes progressivos, nove duelos conquistados em 13 tentados, oito acções defensivas e 12 perdas de bola.
Tomás Araújo 6.2
Vai cimentando a titularidade. Falhou seis passes em 55 realizados (eficácia de 89%), carimbou seis passes progressivos, fez três variações de flanco, oito recuperações de posse, seis perdas e duas acções defensivas.
Arthur Cabral 6.2
Entrou com vontade e demonstrou bons pormenores. Registou dois remates, sete passes correctos em sete tentados, cinco acções com a bola na área contrária, duas recuperações de bola e três perdas.
Amdouni 6.1
Lançado aos 62’, foi a tempo de fazer quatro remates, marcar um golo, desperdiçou um passe em dez e foram seis as acções com a bola na área contrária.
Pavlidis 5.8
Nunca se escondeu, mas denotou muita ansiedade nos momentos de definição. Enquanto jogou, registou um remate, 31 acções com a bola, 11 acções na área contrária (máximo), três duelos conquistados em nove, 12 perdas de bola e três acções defensivas. Pelas “águias” não marca desde 23 de Setembro no triunfo no Bessa.
Destaques do Rio Ave
Cezary Miszta 7.1
Foi de menos a mais. Poderia ter feito mais nos primeiros dois golos sofridos (defesas – xSaves de -1,0) -, mas redimiu-se com oito defesas.