Após a goleada ao Atlético de Madrid na segunda jornada, o Benfica desceu à terra, culpa dos neerlandeses do Feyenoord, que foram ao Estádio da Luz vencer por 3-1. A primeira parte benfiquista foi sofrível, perante um adversário intenso e veloz. A segunda metade foi muito diferente, mas a “montanha” que os “encarnados” tinham de escalar era demasiado alta e o desaire – o primeiro da equipa em casa em 27 jogos – tornou-se inevitável.
Primeira parte deita tudo a perder
Que pesadelo de primeira metade para a “águia”. Desde cedo o Benfica tentou pegar no jogo, mas desde cedo o Feyenoord esperou pelos benfiquistas, anulou o jogo pelas alas e esticou o seu futebol com uma velocidade que desbaratavam a defesa lusa. Sem grande oposição, Ayase Ueda marcou e viu o seu bis anulado, com Antoni Milambo a ampliar perante uma defesa “aos papéis”. Bah ainda atirou ao poste, Pavlidis viu um golo anulado, mas a entreajuda colectiva dos neerlandeses deixava-nos com a ideia de que tinham mais jogadores em campo.
O Benfica pegou no jogo na segunda parte e nunca mais o largou, apesar de ter apanhado mais um susto com novo golo anulado aos visitantes logo após o descanso. Com as alterações operadas por Bruno Lage, em especial a passagem de Kerem Aktürkoğlu para a direita (estava a ser anulado do lado canhoto), a formação da Luz conseguiu, finalmente, tomar conta do meio-campo e empurrar o seu adversário, reduzindo pelo extremo turco, que não pára de marcar. Nesta fase, quem brilhava era o guardião Timon Wellenreuther, que acabou travar as intenções “encarnadas”. Era tarde demais.
[ Benfica mais subido, Feyenoord esticou muito o seu jogo ]
O Jogo em 5 Factos
1. Águia desperdiça muito
A culpa também foi do guarda-redes do Feyenoord, que fez um grande jogo (vide apreciação individual mais daqui a pouco), mas a verdade é que o Benfica criou 1,8 Golos Esperados (xG) e só fez um golo, enquanto os neerlandeses marcaram três em 1,1 xG.
2. Incapacidade para travar o drible
Na primeira passagem pelo Benfica, Bruno Lage montou equipas que apresentavam grandes dificuldades para travar os dribles adversários e esse sintoma voltou-se a assistir ante o Feyenoord. Os neerlandeses tentaram 31 vezes o drible e tiveram sucesso em 16, segundo valor mais elevado da prova.
[ Todos os dribles do Feyenoord, a azul os efficazes ]
3. Muitas perdas de posse no primeiro terço
Esta é uma das estatísticas “proibidas”. O Benfica acumulou 16 perdas de posse no terço defensivo, com o espanhol Álvaro Carreras a acumular o número mais elevado (6).
4. Benfica mais na área contrária
Os xG já deixavam adivinhar este número, tal como a quantidade de remates. O Benfica chegou com mais facilidade à área neerlandesa, terminando com 27 acções com bola nesta zona, mais 11 que os visitantes do outro lado. Não valeu de muito.
5. Feyenoord mais forte nos duelos
Desde o início notou-se uma maior capacidade dos neerlandeses em ganharem segundas bolas e duelos individuais. Apesar de o Benfica ter equilibrado no segundo tempo, a verdade é que o Feyenoord terminou com 62 destes lances ganhos, mais oito que os “encarnados”.
MVP GoalPoint: Antoni Milambo
O médio foi um problema constante para a equipa do Benfica. Intenso nos duelos, na pressão e muito veloz, integrou-se bem no ataque e fez dois belos golos. Além de sete duelos ganhos em 12, enquadrou dois de três remates, completou quatro de seus tentativas de drible, somou quatro conduções progressivas e terminou com uma eficiência de remate de 1,8, pois fez dois tentos em apenas 0,2 Golos Esperados (xG).
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Benfica
Fredrik Aursnes 6.2
O melhor elemento do Benfica, curiosamente ante a sua antiga equipa. Aursnes ganhou sete de nove duelos e esteve particularmente no passe longo, com sete completos em nove. Ficou o máximo de desarmes do jogo (5).
Tomás Araújo 5.9
Consistentemente um dos melhores do Benfica, talvez pela sua grande velocidade, sendo um dos poucos entre os “encarnados” capaz de acompanhar a vertigem do Feyenoord. Não só ficou o máximo de passes certos (85) e tentados (90), somou nove passes progressivos (valor mais alto), acumulou 107 acções com bola (máximo) e fez quatro desarmes.
Alexander Bah 5.8
Jogo com altos e baixos. De realce o remate que realizou ao poste, que contou como ocasião flagrante falhada e afectou-lhe a nota. Bah ganhou os dois duelos aéreos ofensivos em que participou e acumulou três desarmes, mas esteve mal nas 17 perdas de posse (máximo) e nos quatro dribles consentidos, três no primeiro terço.
Florentino 5.7
Dadas as características do jogo, o médio não se aventurou muito em zonas mais adiantadas do terreno. Porém, esteve bem no passe, com 28 completos em 30, e registou o máximo de acções defensivas no meio-campo contrário (4).
Pavlidis 5.7
O grego esteve muito desacompanhado no ataque, apesar de ter recebido sete passes progressivos (segundo valor mais alto). Soube reter a bola e esperar pelos companheiros de equipa, aos quais entregou três passes para finalização.
Kerem Aktürkoğlu 5.5
O golo que marcou acabou por lhe salvar a nota, que estava baixa, bem baixa. Ainda assim, foi mais vítima das circunstâncias do que réu. Desde o início não conseguiu ligar bem com a velocidade vertiginosa do lateral Jordan Lotomba, pior ainda porque era solicitado muitas vezes para ir, em lances individuais, até à linha de fundo… o que raramente conseguiu. Quando passou para a direita melhorou e marcou o golo benfiquista. Destaque para os nove passes progressivos recebidos (9) e os três remates enquadrados em três. Somou o valor mais alto de mais controlos de bola.
Álvaro Carreras 4.7
Muito se falou da grande exibição de Carreras, mas em termos objectivos, esse desempenho não aconteceu. Esteve esforçado e voluntarioso, mas falhou dez passes, seis de risco, registou o máximo de perdas de posse no primeiro terço (6), bem como de dribles consentidos (4), também todos no terço defensivo. De positivo os oito passes progressivos, as quatro conduções progressivas e as 92 acções com bola.
Destaques do Feyenoord
Timon Wellenreuther 8.2
Na melhor fase do Benfica, surgiu em cena o guarda-redes alemão do Feyenoord. Wellenreuther liderou os ratings durante bastante tempo e foi uma autêntica muralha, com um registo de sete defesas, quatro a remates na sua grande área e 1,1 golos evitados (defesas – xSaves).
Igor Paixão x.x
O extremo brasileiro fez gato-sapato da defesa benfiquista. Além de duas assistências em três passes para finalização, Igor realizou ainda quatro remates, embora nenhum com boa direcção.