O Benfica tornou-se na primeira equipa portuguesa a vencer em casa do Crvena Zvezda, ou Estrela Vermelha de Belgrado. A formação da Luz entrou forte e personalizada e marcou dois golos na primeira parte, por Aktürkoğlu e Kökçü. Porém, quando parecia que este seria um jogo tranquilo, eis que as “águias” perderam completamente o controlo do jogo do segundo tempo e deixaram os sérvios dominar amplamente e reduzir. Os “encarnados” entraram a vencer na Liga dos Campeões, mas saíram com “o credo na boca”.
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“Águia” de duas caras
O Benfica entrou forte, mandão e pressionante, a criar diversos lances de envolvimento no ataque, e marcou cedo, pelo (aparentemente) inevitável Kerem Aktürkoğlu (9′). Os sérvios não se amedrontaram e reagiram de imediato, aproximando-se da baliza benfiquista com algum perigo, mas as “águias” nunca pareceram perder o controlo do jogo e marcaram de novo passados 20 minutos, por Orkun Kökçü, na superior conversão de um livre directo. Tudo corria bem ao Benfica, até à lesão de Alexander Bah, que aos 37 minutos foi rendido pelo estreante Issa Kaboré.
O cenário mudou no segundo tempo. O Crvena Zvezda pegou no jogo e empurrou o Benfica para o seu terço defensivo e nem as mexidas protagonizadas por Bruno Lage, nomeadamente com a aposta em Fredrik Aursnes para segurar o meio-campo, produziram verdadeiro efeito e o recém-entrado Milson aproveitou para reduzir (86′). Foram minutos finais de nervos desnecessários para as “águias”. Nos descontos, Amdouni quase fez o 3-1 num pontapé fantástico que esbarrou no poste.
[ Os posicionamentos médios do Benfica são reflexo do mau segundo tempo ]
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O Jogo em 5 Factos
1. Águia apagada na segunda parte
O Benfica como que desapareceu no segundo tempo. Se no primeiro esteve largos períodos no terço ofensivo e na área contrária, a verdade é que acabou com apenas 17 acções na área sérvia, contra 20 dos homens da casa, além de que o Crvena Zvezda rematou dez vezes após o intervalo e os portugueses somente cinco.
2. Golos acima do esperado
O grande golo de Kökçü teve um grande peso neste facto. O Benfica criou 1,4 Golos Esperados (xG), mas marcou dois golos. Se o 1-0 tinha um xG de 0,87, o segundo tinha apenas 6% (0,06 xG) de hipótese de sucesso.
3. Pressão sérvia através do cruzamento
No final deste jogo o Estrela Vermelha tornou-se na equipa com mais cruzamentos de bola corrida neste arranque de Champions, nada menos que 24, demonstrativo das dificuldades dos homens da Luz em travar o seu adversário. A sorte da “águia” é que os anfitriões só tiveram eficácia em três desses lances, falhando 21 – valor mais alto da prova.
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4. Benfica salva-se pelo ar
Com tanto cruzamento, o Benfica precisou de competência no futebol defensivo aéreo e conseguiu demonstrá-la. As “águias” ganharam 61% dos 18 duelos aéreos defensivos, com Otamendi a vencer cinco deles.
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5. Perdas de posso complicam transições
Durante o segundo tempo o Benfica raramente conseguiu sair em condições para o contra-ataque e esta estatística ajuda a explicar essa dificuldade. As “águias” terminaram o encontro com 17 perdas de posse no terço defensivo, contra 11 dos sérvios.
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MVP GoalPoint: Nicolás Otamendi 
O argentino foi obrigado a trabalhos extra na segunda parte, perante a pressão sérvia após o descanso. Otamendi foi competente e sólido, e foi o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.4. Além de ter acertado 92% dos passes que realizou, o central ganhou cinco dos sete duelos aéreos defensivos em que participou e acumulou 16 acções defensivas, com destaque para três intercepções, oito alívios e dois bloqueios de passe.
[ A análise rápida ao jogo do Bruno Francisco, com recurso a alguns mapas e dados GoalPoint ]
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Crvena Zvezda
Timi Elšnik 6.3
O médio esloveno foi o melhor da equipa sérvia. Timi fez quatro passes para finalização, dez progressivos, 95 acções com bola, cinco conduções progressivas e oito recuperações de posse, tudo máximos. Somou ainda dois bloqueios de remate, três de passe, só que registou 20 perdas de posse, valor mais elevado.
Milson 6.1
O angolano, formado no Marítimo, entrou e marcou o golo dos homens da casa, criando problemas com a sua velocidade.
Destaques do Benfica
Orkun Kökçü 6.7
Excelente jogo do turco, em especial na primeira parte, fase em que foi o melhor em campo, tendo marcado um grande golo de livre directo. Terminou com três desarmes e três acções defensivas no meio-campo contrário, tendo ganho 11 de 16 duelos. A nota não é mais alta porque desapareceu um pouco na segunda parte, na pior fase benfiquista.
Florentino 6.7
O “trinco” benfiquista parece estar a crescer, jogando na frente da defesa e não ao lado de outro “pivot” do meio-campo. Florentino ganhou nove de 13 duelos individuais, falhou somente dois de 38 passes, completou as três tentativas de drible, fez oito recuperações de posse (um dos máximos) e quatro desarmes (valor mais elevado).
Aktürkoğlu 6.5
Segundo jogo, segundo golo. O turco está a dar cartas e nem precisou de tempo de adaptação para ser decisivo, apesar de ter desaparecido um pouco do jogo na segunda parte. Kerem fez um golo em três remates e venceu os dois duelos aéreos ofensivos que disputou.
Carreras 6.1
O espanhol está a aproveitar bem as oportunidades com a lesão de Beste. Carreras fez três passes para finalização, teve sucesso em três de seis cruzamentos de bola corrida e somou sete acções defensivas.
Bah 6.0
O azarado da noite, tendo saído lesionado aos 37 minutos. Até então registou sete acções defensivas.
Di María 5.2
O argentino foi eleito pela UEFA o MVP, mas a verdade é que o argentino, tirando alguns pormenores, como aquele que terminou no 1-0, esteve algo apagado. Com apenas uma acção defensivas, Di María terminou com o máximo de passes falhados (12, quatro deles de risco) e o facto positivo foram os seis passes progressivos e os três super progressivos (máximo).
Issa Kaboré 4.4
O lateral do Burquina Faso entrou “a frio” com a lesão de Bah, para se estrear pelo Benfica, e a coisa não correu bem. Desligado dos colegas, precipitou-se, tentou fazer tudo depressa e bem, mas sem grande êxito, registando o pior rating, fruto de quatro perdas de posse no terço defensivo e três dribles consentidos. Compensou com nove duelos ganhos em 14.