João Alves, neto de Carlos Alves, figura dos anos 20 e de quem herdou as luvas pretas, destacou-se primeiramente no Montijo, após formação do Benfica e empréstimo ao Varzim. Um médio fabuloso, capaz de ditar os ritmos do jogo, de vislumbrar linhas de passe, de finalizar, de queimar linhas em condução. A par de Carolino e Francisco Mário, suscita o interesse de José Maria Pedroto, que convida o trio a rumar ao Boavista. Aí, alcançam um segundo lugar histórico e conquistam duas Taças de Portugal antes de João Alves rumar a Salamanca.
O nível atingido pelo médio português foi altíssimo e, numa altura em que Cruijff e Neeskens pontificavam no Barcelona e o argentino Mário Kempes no Valencia, João Alves é eleito melhor estrangeiro da Liga espanhola. Real Madrid, Barcelona e Valencia tentam a sua contratação, mas é o Benfica a levar a palma. Queria ser campeão no seu clube, mas não concretiza o sonho e volta a emigrar no ano seguinte, agora para o Paris Saint-Germain.
Em 80/81, após um ano na Cidade Luz, volta ao Benfica, onde, sob o comando de Sven-Goran Eriksson, sagra-se campeão nacional e chega à final da Taça UEFA, onde os encarnados são derrotados pelo Anderlecht.
António Oliveira foi outro dos grandes talentos nacionais a emergir na década de 70. Cresce futebolisticamente no FC Porto, onde, aos 17 anos, começa a treinar na primeira equipa sob as ordens do brasileiro Paulo Amaral, estreando-se oficialmente em 1970/71. Um médio ofensivo com lampejos de génio, decisivo no último terço do terreno, com assistência e golo. Sob a liderança de José Maria Pedroto é bicampeão no FC Porto, entre 1977 e 1979, onde a dupla atacante que compunha com Fernando Gomes ficou na história do clube.
Experimenta a Liga espanhola em 1979/80, no Bétis, mas saudades do Porto levam-no a regressar e a tentar o tricampeonato. Falhado o objectivo, e entre litígios e desentendimentos, Oliveira ingressa no clube da sua terra, Penafiel, e experimenta a função de treinador-jogador. O seu talento, porém, pediu outros palcos, mais condizentes com a sua dimensão e João Rocha, então presidente do Sporting, apresentou argumentos suficientes para o convencer a rumar a Lisboa.
O trio Manuel Fernandes, Oliveira e Jordão ainda hoje é lembrado pelos sportinguistas, bem como a dobradinha alcançada em 1982 sob orientação de Malcolm Allison. Como pináculo da excelência, o hat-trick frente ao Dínamo de Zagreb.
Ambos nascidos em 1952, João Alves e António Oliveira tiveram em José Maria Pedroto o treinador que dimensionou as suas carreiras. A visibilidade do futebol português de então não lhes permitiu alcançar a notoriedade que o seu talento merecia.


