Terceira derrota consecutiva para o Sporting na Liga dos Campeões. Ante um Leipzig que tinha perdido todos os seus jogos na prova até esta jornada, o “leÃO” viveU uma primeira parte de contraste, sofreu um golo, mas passou a dominar no segundo tempo, após alterações de Rui Borges. Contudo, esse domínio só teve um lance de rasgo, pelo suspeito do costume, e contra a corrente do jogo os homens da Red Bull marcaram e fecharam-se. Tudo para decidir ante o Bolonha, em Alvalade.
Faltou nervo ofensivo ao “leão”
Primeira parte mista para o Sporting, que entrou bem, agressivo, a criar alguns lances, mas a verdade é que, a meio-campo, ia perdendo algumas disputas, com o “duplo-pivot”, composto por Debast e Hjulmand, a não cobrirem tantas zonas da intermediária como convinha. Assim, o Leipzig ia causando alguns calafrios em transições e marcou aos 19 minutos, por Benjamin Šeško, e viu um golo anulado pouco depois por fora-de-jogo. Faltava definição ao “leão” na frente, com sete remates, mas apenas um enquadrado.
Rui Borges percebeu o problema e, nos primeiros minutos do segundo tempo, recompôs o meio-campo (e não só) e o jogo mudou. Demorou um pouco a haver estragos ofensivos, mas o domínio passou a ser leonino, com mais bola, e o golo acabaria por surgir por um dos recém-entrados, o inevitável Viktor Gyökeres (75′), num dos seus movimentos típicos. Só que logo a seguir, contra a corrente de jogo e num lance estranho, Yurary Poulsen recolocou os alemães na frente. E aí ficaram até final, pois os germânicos abdicaram de atacar e fecharam os caminhos para a sua baliza.
[ Sporting mais subido, sobretudo devido à segunda parte ]
[ A análise de António Tadeia à derrota leonina ]
O Jogo em 5 Factos
1. Muitos “leões” desarmados
xxx. A primeira parte do Sporting foi estranha e pouco sólida e a prova disso os nove desarmes sofridos só na primeira parte, quando o máximo da equipa nesta Champions era de dez em 90 minutos. No final o número era preocupantes 17.
2. Leipzig concentrado na linha defensiva
A conclusão é fácil tendo em conta os três foras-de-jogo em que os jogadores leoninos caíram na partida. O máximo de “offsides” leoninos nas seis jornadas anteriores era de apenas dois.
3. Recorde de passes falhados
A pressão do Leipzig, em especial na primeira parte, obrigou o Sporting a errar muitos passes. Os 83% de eficácia nas entregas em 387 contemplam 79 passes errados, máximo da equipa de Alvalade na prova.
[ Os 79 passes falhados pelo Sporting ]
4. “Leões” bem no drible
A formação lusa esteve muito bem no drible. Em 23 tentados completou 15, novo máximo da equipa, que até esta partida apresentava uma média de 6,5 por jogo.
[ A azul os dribles completos pelo Sporting ]
5. Sporting com chegada à área
O resultado pode dizer uma coisa, mas a realidade é que o Sporting esteve com frequência na área do Leipzig. Os alemães contabilizaram 18 acções com bola na área “verde-e-branca”, enquanto os “leões” chegaram às 30 do outro lado, igualando o seu máximo na competição.
MVP GoalPoint: Viktor Gyökeres
O sueco voltou a começar um jogo no banco, protegido devido à sobrecarga de jogos, mas a incapacidade ofensiva do Sporting obrigou Rui Borges a lançar o atacante aos 55 minutos, e o impacto foi imediato. Gyökeres fez o empate em mais um dos seus lances típicos e foi o melhor em campo, com registo ainda para três passes para finalização e quatro acções com bola na área contrária.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Leipzig
Christoph Baumgartner 6.5
O médio-direito saiu exausto. Correu, lutou muito, fechou por dentro e foi o melhor dos alemães, com uma ocasião flagrante criada em dois passes para finalização, oito passes progressivos recebidos, cinco desarmes (um dos máximos) e um corte decisivo. De negativo os cinco dribles consentidos, dois no primeiro terço.
Willi Orbán 6.5
O central húngaro esteve muito sólido, só não conseguindo travar Gyökeres no lance do golo sportinguista. Orbán falhou apenas dois de 65 passes, acumulou 82 acções com bola, ganhou três de cinco duelos aéreos defensivos e realizou dois bloqueios de remate.
Destaques do Sporting
Morten Hjulmand 6.1
Após as dificuldades no primeiro tempo, o dinamarquês estabilizou no segundo e terminou com bons números. Além de 91% de eficácia de passe, acumulou cinco desarmes e só pecou com três desarmes sofridos.
Franco Israel 6.0
O uruguaio sofreu dois golos, mas esteve muito atento ao longo do jogo, terminando com quatro defesas, uma a travar uma ocasião flagrante e evitou 0,6 golos (defesas – xSaves).
Geovany Quenda 5.9
A sua colocação à direita em grande parte do jogo prendeu um pouco da sua capacidade de explosão, mas Quenda esforçou-se, fez três passes para finalização e teve eficácia em três de cinco dribles realizados. Realce ainda para sete passes progressivos e dois dribles completos em três, mas somou o máximo de perdas de posse (20).
Diomande 5.9
Muitas vezes faltou a presença física de Diomande na área alemã, nas situações de bola parada, mas o costa-marfinense assinou 12 recuperações de posse, máximo do desafio.
Francisco Trincão 5.8
No início do jogo ocupou a posição de segundo avançado e foi facilmente anulado, mas ganhou preponderância quando flectiu para extremo-direito. Trincão fez dois passes para finalização, completou quatro de cinco tentativas de drible e somou oito acções com bola na área contrária (ambos máximos), mas perdeu 15 vezes a posse de bola.
Daniel Bragança 5.6
A entrada do médio aos 55 minutos deu outra segurança e critério ao meio-campo do Sporting e foi Bragança o autor da assistência para o golo de Gyökeres. Terminou com três faltas sofridas, mas defensivamente esteve quase desaparecido.
Zeno Debast 4.5
A experiência do belga no meio-campo correu bem em Vila do Conde, mas não em Leipzig. Debast esteve sempre um pouco “fora” do jogo, sem capacidade para queimar linhas e encostando-se muito a Hjulmand. Esteve especialmente desinspirado no passe, falhando dez em 28, quatro deles em zona de risco.