Moreirense 🆚 Benfica | Águia sofrível tropeça no Minho

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Mau demais. O Benfica foi a Moreira de Cónegos empatar no arranque desta quarta jornada da Primeira Liga 24/25. As “águias” dominaram o encontro, mas nunca mostraram fio de jogo, ideias, futebol objectivo e criaram muito poucas ocasiões de golo. As substituições pouco ou nada acrescentaram e, perto do fim, o Moreirense marcou e derrubou a formação lisboeta. Nos descontos, contudo, a igualdade chegou de grande penalidade, por Marcos Leonardo.

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Futebol pobre

Se os adeptos do Benfica esperavam melhoras na exibição da sua equipa, tiveram uma desilusão. Os “encarnados” dominaram sempre, mas teimavam em afunilar o jogo e a trocar constantemente o posicionamento dos seus jogadores, com Prestianni ora à direita, ora à esquerda, ora no meio e Kökçü… ora no meio, ora à esquerda. No “miolo” dois “pivots” a jogarem lado a lado e a darem muitos metros aos cónegos naquela zona para pressionarem, ganharem duelos e lançarem contra-ataques. E foi num desses lances que os minhotos marcaram, por Gabrielzinho, mas o lance foi anulado por falta momentos antes de Alanzinho sobre Leandro Barreiro.

As “águias” lançaram Renato Sanches ao intervalo para o lugar de Florentino e realizaram cerca de um quarto-de-hora de bom nível, com algumas ocasiões para marcar e muito domínio, mas aos poucos o futebol dos lisboetas tornou-se confuso, atabalhoado, impaciente e sem um fio de jogo. As substituições iam dando mais a ideia de serem aleatórias e pouco ou nada acrescentavam. Até que perto do fim, numa jogada de insistência, Lawrence Ofori rematou, a bola desviou em António Silva e traiu Trubin. Quando já ninguém esperava, nos descontos, o árbitro assinalou falta de Luis Nlavo Asué sobre Leandro Barreiro na área e Marcos Leonardo cobrou com sucesso.

[ Benfica muito subido, mas de pouco lhe valeu ]

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O Jogo em 5 Factos

1. Muitos passes falhados

O desnorte benfiquista viu-se, também, nos muitos passes falhados ao logo do jogo. Este encontro fixou novo máximo de entregas desperdiçadas (180) e só os “encarnados” acumularam 105, mais 11 que o anterior valor mais alto, que pertencia ao Casa Pia.

2. Domínio intenso e… vazio

A superioridade benquista em termos de posse de bola e domínio fica expressa nas 829 acções com bola, valor que é novo máximo deste campeonato, mais 11 do que o Porto conseguiu frente ao Gil Vicente. Contudo, de pouco valeu aos lisboetas.

3. Moreirense deu tudo

O ritmo de trabalho dos cónegos foi impressionante, com os seus jogadores a darem tudo em busca de um bom resultado. Prova disso as 126 acções defensivas registadas pelos minhotos, novo recorde da Liga, mais 21 do que o Estrela da Amadora havia conseguido ante o… Benfica.

4. Quatro vezes mais acções na área contrária

Muito futebol de ataque ou, como se costuma dizer, muita parra e pouca uva. O Benfica somou 40 acções com bola na grande área minhota, mais 30 que o Moreirense do outro lado do campo.

5. Perdas de posse “proibidas”

A pressão benfiquista obrigou ao erro cónego. Os homens da casa somaram 29 perdas de posse no terço defensivo, quando o seu anterior máximo na prova era de 14 e a média de 11,3. Ainda assim, não correu muito mal.

MVP GoalPoint: Fabiano Josué 👑

Belo jogo do lateral-direito cónego, que nunca deu grandes hipóteses a quem aparecia pela frente, quer Carreras, quer Kökçü. O brasileiro foi o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.4, com 14 acções defensivas, com destaque para quatro desarmes e seis intercepções.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Moreirense

Marcelo 6.8

Que jogo do central brasileiro. Marcelo “limpou” tudo o que lhe foi aparecendo pela frente, terminando com o máximo de acções defensivas (16), incluindo dez alívios, valor só ultrapassado por Maracás (11).

Kewin 6.3

Perante a pressão benfiquista era quase inevitável que Kewin fosse um dos melhores em campo. O guardião brasileiro fez três defesas e somou três saídas pelo solo eficazes.

Madson 6.1

Este brasileiro tem muito futebol nos pés. Veloz, lutador e vertical, deu muito trabalho pelo flanco direito. Fez um passe para finalização e realizou seis recuperações de posse. De negativo as quatro perdas no primeiro terço.

Destaques do Benfica

António Silva 6.7

Os pontos de interrogação eram muitos em torno de António Silva, após o mau EURO 2024. Titular pela primeira vez esta temporada no Benfica, o central mostrou carácter e não se deixou afectar, fazendo um belo jogo. Destaque para o máximo de passes certos (72) e tentados (82), o valor mais elevado de acções com bola (98), os três desarmes e outras tantas intercepções e os quatro duelos aéreos ganhos em cinco.

Leandro Barreiro 6.3

O internacional suíço não deslumbra, mas está em todo o lado. Além de ter acertado 91% dos passes que fez, completou duas de três tentativas de drible e somou os máximos de desarmes (6), bloqueios de passe/cruzamento (3) e de acções defensivas no meio-campo contrário (7).

Otamendi 6.2

Jogo sólido do argentino, sempre um passo à frente dos demais na leitura do jogo. Realce para oito passes longos certos em nove, sete passes progressivos, seis duelos aéreos ganhos em nove e sete recuperações de posse.

Pavlidis 6.1

Mais um jogo esforçado do grego, mais uma partida emparedado entre centrais e sem apoio dos colegas de equipa para a produção de espaços. Com apenas um remate realizado, Pavlidis compensou com três passes para finalização e nove acções com bola na área contrária (máximo).

Trubin 5.9

O ucraniano esteve muito atento nas poucas vezes que teve de o fazer, terminando com três defesas.

Florentino 5.7

Saiu ao intervalo para entrar um jogador de outras características (Renato Sanches) e falhou somente um de 32 passes, registando três acções defensivas no meio-campo contrário.

Carreras 5.7

O espanhol sentiu algumas dificuldades, nomeadamente no passe, falhando 17, sete deles de risco (ambos máximos). Contudo, tal também se deve ao facto de ter estado muito em jogo. No total somou 88 acções com bola, com realce para quatro passes para finalização (valor mais alto), quatro cruzamentos eficazes em 12, oito passes progressivos e ainda ganhou três de cinco duelos aéreos defensivos.

Di María 5.5

Jogo esforçado do argentino, o primeiro a titular no Benfica esta época. Di Maria foi o mais rematador do encontro (7), mas só enquadrou um. Fez um passe de ruptura, somou sete acções com bola na área contrária, quatro conduções progressivas e três super progressivas, mas perdeu 19 de 59 posses.

Renato Sanches 5.4

Apesar da nota baixa, a verdade é que Renato entrou bem no jogo, com vontade, energia e intensidade, e mexeu no jogo benfiquista. Destaque para oito passes longos certos em dez, sete passes progressivos e dois dribles concluídos em dois tentados. Faltou-lhe momentos de finalização, uma vez que não fez qualquer remate ou passe para disparo de colegas. 

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.