Vitória contundente do Porto por 4-0 no dérbi da Invicta. Após uma primeira parte em que o Boavista conseguiu dar luta e ir para o intervalo a perder pela margem mínima, a segunda metade trouxe um Porto mais dominador, com as suas individualidades a protagonizarem belos momentos de futebol, com especial destaque para mais uma boa exibição do jovem Rodrigo Mora, com um golo e uma assistência. Os “dragões” vão dormir na liderança, à espera do resultado do dérbi lisboeta entre o Benfica e o Sporting, este domingo.
“Pantera” não resiste ao “dragão”
O encontro entre Porto e Boavista foi marcado por uma primeira parte muito intensa e disputada, com inúmeras faltas (17) e vários cartões amarelos (quatro), num ambiente de grande tensão característico de um dérbi. Os “azuis-e-brancos” chegaram ao intervalo a vencer por 1-0, graças a um excelente golo de Samu, que concluiu com classe uma bela jogada colectiva. Apesar de dominarem a posse (73%) e terem criado duas oportunidades flagrantes, os “dragões” não conseguiram ampliar a vantagem, em parte devido a duas boas intervenções do guarda-redes César. Por outro lado, a equipa “axadrezada”, que até começou bem o jogo, foi tentando fechar as linhas aos portistas, apresentando-se muito compacta, privilegiando as transições, mas não conseguindo criar qualquer situação de perigo.
A segunda parte do dérbi foi amplamente dominada pelo FC Porto, que aumentou a vantagem logo no início e construiu um resultado contundente. Nico, após desperdiçar uma oportunidade clara ao minuto 50, redimiu-se aos 55, concluindo com frieza após assistência de Rodrigo Mora numa jogada ensaiada. Com os “axadrezados” completamente desmoralizados, o “dragão” aproveitou a fragilidade do adversário para aplicar o golpe final, com um golaço do jovem Rodrigo Mora num contra-ataque letal. Apesar das inúmeras oportunidades para uma goleada ainda maior, evitada graças a intervenções de César e ao desacerto de Iván Jaime, os “azuis-e-brancos” selaram o 4-0 com o bis de Samu perto do apito final, coroando uma exibição de grande superioridade na etapa complementar.
[ Muitos passes entre os centrais e aposta no flanco esquerdo portista ]
O Jogo em 5 Factos
1. Variar para desmontar
A variação do centro de jogo (15) foi uma das ferramentas primordiais dos “dragões” para desmontar a bem organizada defesa axadrezada. O Porto quase duplicou o seu anterior máximo (8).
2. Bolas longas para acelerar
Os “azuis-e-brancos”, ao recorrerem a 58 passes longos, conseguiram completar 42 desses, batendo o seu anterior máximo (41).
3. Circulação criteriosa
Novo mínimo de duelos aéreos ofensivos (quatro) disputados pelos “dragões”, demonstrando que, apesar do grande volume tanto de passes longos como de variações do centro de jogo, estes foram maioritariamente destinadas a jogadores que se encontravam “sozinhos”. O Porto terminou a partida com 73% de posse de bola, novo máximo da equipa na Liga.
4. Penetração no último terço
As quatro conduções super progressivas do Porto nesta partida, todas para penetrar a área de penálti adversária, igualam o anterior máximo da equipa, prova de que os anfitriões tiveram muito espaço para progredir com bola.
5. Jogo de “xadrez”
Os “axadrezados” atingiram novo mínimo de acções da equipa na Liga (330), ficando muito perto de igualar as 328 do Casa Pia frente ao Sporting (mínimo da prova). O Boavista foi tentando travar o Porto em termos posicionais sem engajar com os jogadores adversários, forçando os “dragões” a jogar pacientemente por fora. Curiosamente, tentaram pressionar em zonas mais adiantadas do terreno, com nove acções defensivas no meio-campo adversário, mais uma que os portistas.
MVP GoalPoint: Samu
Dois golos, um a abrir e outro a fechar o activo. Com cinco remates, três deles enquadrados (uma oportunidade flagrante desperdiçada), foi o mais rematador da partida. Muito requisitado pelos colegas de equipa para criar dificuldades aos “axadrezados”, foi por larga margem o jogador com mais passes progressivos recebidos (16). Leva 14 golos na Liga.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Porto
Rodrigo Mora 7.4
Após uma primeira parte onde esteve discreto, decidiu “abrir o livro” na segunda metade. Assistiu Nico para o 2-0 numa jogada ensaiada a deixar o espanhol na cara do golo e, pouco depois, no momento mais aplaudido da noite, fez o 3-0 numa brilhante jogada individual em que “baila” à frente da defesa “axadrezada” antes de aplicar um remate cruzado de pé esquerdo ao ângulo da baliza de César. Para além da assistência e do golo, foi o jogador com mais passes progressivos recebidos (9), passes esses pelos três corredores, demonstrando a mobilidade do jovem médio-ofensivo.
Nico González 7.2
O espanhol foi ditando o ritmo do jogo, a nascerem dos seus pés as incursões portistas pelo flanco direito, fazendo a bola chegar ao corredor através de sete passes longos e três variações do centro de jogo. Ganhou cinco dos seis duelos que disputou, fez um golo e assistiu outro, tendo ainda falhado uma ocasião flagrante.
André Franco 6.9
Conseguiu mostrar-se nesta titularidade no dérbi, ao criar duas ocasiões flagrantes e com um passe de ruptura bem-sucedido. Foi importante na exploração da zona interior, entregando o corredor às subidas de Martim.
Martim Fernandes 6.0
Assistiu Samu para o golo inaugural com um passe que foi “meio golo”, tendo também criado uma ocasião flagrante. Aproveitou o posicionamento interior de Franco para conduzir pelo flanco direito, “galgando” 207 metros em posse, apenas atrás de Nehuén com 257 metros. Numa dessas conduções deixou que César lhe saísse aos pés, já na linha da pequena área, e desperdiçou uma ocasião flagrante num remate à figura. Completou dez passes progressivos, três deles super progressivos, ambos máximos da partida.
Otávio 6.0
O elemento mais em jogo na partida, com 134 acções (novo recorde da Liga), foi bastante solicitado pelos colegas na circulação, tendo recebido 102 passes. Foi, juntamente com o colega de sector, Nehuén Pérez, e com Nico González, o jogador com mais passes longos certos (sete). Acertou 112 passes, novo máximo da competição.
Destaques do Boavista
César 6.3
Apesar dos quatro golos sofridos, duas das três defesas que completou foram a ocasiões flagrantes dos “azuis-e-brancos”, não foi por ele que os “axadrezados” regressam ao Bessa com esta derrota volumosa.
Seba Pérez 4.9
O capitão das “panteras” tentou dar algum critério à pouca posse que os boavisteiros dispuseram. Falhou apenas três dos 24 passes que tentou, dois deles longos. Ganhou cinco dos seis duelos que disputou, incluindo um cartão amarelo sacado a Nico ainda na primeira parte. Porém, limitou-se a três acções defensivas.