Antevisão | Que “novo” Sporting esperar ante Benfica consolidado?

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Este domingo joga-se um grande dérbi de Lisboa, entre Sporting e Benfica, talvez (ligeiramente) mais importante para um “leão” que se “perdeu” com a saída de Rúben Amorim e se tenta reencontrar com Rui Borges, do que para uma “águia” que parece ter ideias bem definidas, mas que apresenta alguma irregularidade exibicional. Aqui deixamos alguns dados estatísticos que podem ajudar a prever o que acontecerá no palco de Alvalade.

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1. Sporting ainda forte no ataque

A crise recente dos “leões” não afectou as estatísticas ofensivas da equipa o suficiente para ficar atrás do Benfica neste detalhe, e mesmo nas últimas cinco partidas há uma certa superioridade leonina. Sporting fez mais quatro remates por jogo que o Benfica nesta fase, mas enquadrou o mesmos cinco disparos por encontro. Ainda assim, os “leões” não criaram mais perigo, registando 1,5 xGoals contra 1,7 das águias, uma diferença curta mas relevadora de que quantidade não é qualidade, quando a coisa não está a funcionar (para o SCP).

[ Os remates de Sporting e Benfica até à J15 – a amarelo os golos, quanto maiores os pontos, maiores o xG ]

No global da época é que a coisa “pia mais fino”. O Sporting apresenta 2,47 Golos Esperados por jogo, contra 1,91 dos benfiquistas, sendo que os homens da Luz registam um saldo positivo entre golos marcados e expectáveis mais elevado: 0,56 contra 0,39 dos de Alvalade.

2. Esmagadora posse de bola leonina

A diferença de média de posse parece estranha, mas só a quem não viu os últimos cinco jogos. O Sporting dispara com quase 70% de posse, mas isso é perfeitamente natural tendo em conta que passou a esmagadora maioria dos encontros pressionando os adversários a correr atrás do prejuízo.

a posse do Benfica é mais relevadora de que os “encarnados” viveram maiores dificuldades do que o previsto no controlo das partidas, mesmo correndo-lhes de feição (empate com AVS e vitória tangencial em casa contra o Vitória SC de Rui Borges são bons lembretes).

3. Sporting com mais presença na área

Esta tem sido uma tendência bem vincada ao longo da temporada. O Sporting consegue chegar às áreas contrárias com uma facilidade que não tem estado ao alcance dos seus rivais, registando uma média de 42,5 acções com bola por jogo nesta zona do terreno, número que é líder da Liga. O Benfica é o segundo conjunto neste detalhe, e bem atrás, com 34,5.

4. Benfica mais pressionante

Esta estatística é sobre a época no seu todo e tem ainda os efeitos do Benfica de Schmidt, reconhecidamente uma equipa de pressão em zonas adiantadas, bem mais do que o de Lage. Em termos globais, as “águias” registam 18,5 acções defensivas no meio-campo contrário, valor mais alto da Liga e bem acima das 11,7 do Sporting.

Nas últimas cinco jornadas, porém, esse valor cai um pouco, para 14 por jogo, o que bate certo com os jogos mais de expectativa e de dificuldade de controlo por parte do Benfica como referimos acima. Já o Sporting teve também uma quebra nas últimas cinco rondas, embora não significativa, para 10,6.

[ As acções defensivas de Sporting e Benfica até à J15 ]

5. Sporting mais permissivo nos últimos jogos

Voltando à análise das últimas cinco jornadas, é no plano defensivo que se percebe o maior “trambolhão” no desempenho leonino entre o registado na era Amorim e na de João Pereira. Os “leões” sofreram praticamente três vezes mais golos (1,4 por partida) do que o perigo previsto que permitiram, a valer apenas um golo sofrido a cada dois jogos. Como será com Rui Borges?

Já o Benfica viveu um cenário inverso. Apesar de as “águias” permitirem até mais perigo mensurável que os “leões” (0,7 golos contra previstos a cada jogo), sofreram abaixo dessa expectativa (0,4 golos tentos por desafio). Se o Sporting mantiver as dificuldades atacantes, este pode ser um ponto a favor dos “encarnados”.

Quem pode fazer a diferença?

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Na frente a discussão é praticamente inexistente. Gyökeres é uma das grandes figuras do campeonato, com 18 golos e uma assistência em 15 jogos, números que arrasam Pavlidis, com quatro tentos e duas assistências. Nas estatísticas restantes a diferença também é abissal, desde as acções com bola na área (11,8 vs 7,8), passando pelos remates por 90 minutos (4,7 vs 2,6) ou mesmo os disparos convertidos (25,7% vs 12,5%) e as ocasiões flagrantes convertidas (47,6% vs 23,1%).

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Já no que toca a extremos, o cenário é diferente e é pautado por um certo equilíbrio. Francisco Trincão e Kerem Aktürkoğlu têm mostrado alguma quebra de forma ultimamente, mas estatisticamente os dois jogadores como que se equiparam, com o “leão” a ter mais assistências, a “águia” mais golos, mas Trincão a ganhar nas acções para golo (13 vs 10). O turco, ao invés, tem um peso maior nos tentos marcados pelo Benfica consigo em campo (43,5%) do que o português pelo Sporting (31,7%), com Trincão melhor no drible eficaz (3,0 vs 1,9) e Kerem nas acções defensivas no meio-campo contrário (1,5 vs 1,9).

Em jeito de conclusão

O Benfica surge neste jogo à frente do Sporting em termos pontuais, embora pela diferença mínima, e com a certeza de que a sua equipa tem ideias e processos mais consolidados, face às mudanças no comando técnico dos rivais de Alvalade.

Que Sporting esperar com o novo treinador, Rui Borges, é a principal questão para este encontro. Será que o “leão” vai manter a estrutura em 3-4-3 que tão boa conta de si deu com Amorim e descambou com João Pereira, ou vai apresentar um novo figurino? Será o Benfica capaz de anular o campeão nacional e impor o seu futebol, que se tem caracterizado por uma maior contenção e aposta nas transições? Têm a palavra os craques.

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.