Portugal 🆚 Escócia | Bruno e Cristiano arrumam “bus” escocês

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Custou, mas foi. Portugal não jogou especialmente bem, longe disso, mas foi sempre muito superior à Escócia e conseguiu vencer por 2-1, com o tento decisivo a ser apontado perto do fim por Cristiano Ronaldo, que havia começado o jogo no banco. Os britânicos marcaram primeiro, e bem cedo, mas depois a turma lusa pegou no jogo, criou muitos lances de golo, empatou por Bruno Fernandes, viu CR7 enviar duas bolas aos ferros, antes de o capitão decidir. Porém, a grande figura foi o médio do Manchester United.

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Triunfo justo, mas muito sofrido

O golo de McTominay de cabeça, aos sete minutos, foi o único momento de relevo da Escócia na primeira parte, no único remate realizado pelos britânicos. Depois disso só deu Portugal, um autêntico massacre atacante que acumulou 16 remates, mas somente três enquadrados. Nem o jogo muito mexido de Rafael Leão e a exuberância de Bruno Fernandes desatavam o nó. Ou o último passe não saía bem, ou o remate não tinha qualidade ou o “bus” escocês ia resolvendo.

Portugal entrou muito bem no segundo tempo e empatou num remate de fora da área de Bruno Fernandes (54′), mas quando se esperava que o segundo golo surgisse rapidamente, a formação lusa perdeu o controlo do jogo e deixou a Escócia realizar diversos ataques perigosos, mostrando-se desorganizada e nervosa. Só que nos últimos minutos, a turma das “quinas” voltou a pressionar, a criar perigo e Ronaldo acertou duas vezes no poste no mesmo lance, aos 82 minutos. Tantas vezes o cântaro foi à fonte que o 2-1 aconteceu mesmo, aos 88 minutos, com Cristiano, oportuno, a encostar para o fundo das malhas. Justo.

[ Quase só deu Portugal ]

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O Jogo em 5 Factos

1. xG dizem quase tudo

Portugal ficou a dever a si próprio mais um golo, pelo menos é o que os Golos Esperados (xG) dizem. A avalancha ofensiva foi grande e os lusos criaram 3,3 xG, tendo marcado apenas uma vez.

2. Aposta clara nos cruzamentos

A Escócia marcou e estacionou o autocarro. Portugal tentou, não teve muitos espaços e apostou nos cruzamentos, chegando aos 36 de bola corrida, segundo valor mais alto até agora nesta Liga das Nações. Este foi o jogo até ao momento com mais destes lances (44).

3. Muitos remates de cabeça

Sem surpresa, Portugal já é dono do número mais alto de remates de cabeça nesta competição, com seis. Nenhum deles, contudo, deu em golo.

4. Várias ocasiões flagrantes criadas

Portugal acumulou cinco ocasiões flagrantes criadas (duas por Bruno Fernandes). Não é o máximo da competição até ao momento (são 9), mas é o quarto valor mais elevado.

5. Pressão portuguesa foi intensa

No final do encontro Portugal registava 21 acções defensivas no meio-campo contrário, demonstrativo da pressão exercida sobre os escoceses, que não passaram de oito destas acções.

MVP GoalPoint: Bruno Fernandes 👑

Talvez esta nota surpreenda, mas é verdade. Bruno Fernandes arrancou um GoalPoint Rating de 10.0. O seu jogo foi de uma qualidade e eficácia mais discretas do que o habitual, mas os números não deixam margem para dúvidas: um golo em três remates, dois enquadrados, duas ocasiões flagrantes criadas em seis passes para finalização, um passe de ruptura, dez cruzamentos, dez passes progressivos, seis super progressivos (máximo da competição), oito recuperações de posse, cinco acções defensivas no meio-campo contrário e quatro desarmes, tudo (!) máximos do encontro. E ainda acumulou 98 acções com bola (segundo valor mais alto). Uma noite para recordar, com aniversário e jogo 600 no topo do “bolo”.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques de Portugal

Rafael Leão 7.13

Uma das melhores exibições do craque do Milan pela Selecção, ainda que sem acções para golo. Leão foi o principal agitador do jogo enquanto esteve em campo, com arrancadas fulgurantes, quatro remates (só um enquadrado) e três passes para finalização. Falhou apenas dois de 39 passes, somou sete acções com bola na área contrária, bem como cinco conduções progressivas e três super progressivas (máximo). Faltaram algumas decisões melhores para assistir ou marcar, mas lutou muito, como demonstram as quatro acções defensivas no meio-campo contrário.

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Bernardo Silva 6.7

Bom jogo do número “10”, que começou o jogo em zonas mais centrais. Bernardo fez cinco passes para finalização e falhou somente duas de 42 entregas.

Cristiano Ronaldo 6.7

O capitão começou no banco e entrou ao intervalo, tendo um papel decisivo na reviravolta, ou não tivesse sido ele o marcador do golo da vitória. CR901 acertou duas vezes nos postes, registou oito acções com bola na área contrária, criou uma ocasião flagrante e foi o mais rematador da partida, com seis disparos. Repetimos, tudo em 45 minutos. A nota não é mais alta porque falhou duas flagrantes.

António Silva 6.4

Mais um excelente jogo do central, que parece ter afastado de vês o fantasma do mau EURO 2024. Além de ter ganho dois de cinco duelos aéreos defensivos, completou duas de três tentativas de drible e fez sete acções defensivas. Assinou dois cortes decisivos.

Nuno Mendes 6.3

Muito activo, Nuno Mendes ligou muito bem com Rafael Leão e esteve sempre ligado à corrente. Foi o jogador com mais acções com bola (109), fez três acções defensivas no meio-campo contrário, quatro desarmes e três bloqueios de passe/cruzamento, e venceu 12 de 19 duelos. Foi dele a assistência para o golo de Ronaldo.

Rúben Neves 6.1

A presença de Joãp Palhinha parecia desnecessária perante o recuo escocês, pelo que entrou Rúben Neves ao intervalo. Uma opção acertada, pois o médio esteve em bom plano, com apenas um passe falhado em 34 e muito critério.

Rúben Dias 5.9

O central não teve muito trabalho, mas quando foi chamado, esteve bem, tendo vencido quatro de cinco duelos aéreos defensivos. Acertou 74 de 76 passes (ambos máximos) e teve espaço para realizar seis conduções progressivas (valor mais elevado).

Diogo Jota 5.8

O jogador do Liverpool fez de Ronaldo na primeira parte, não se conseguindo, contudo, libertar da marcação escocesa. Teve mais espaço com a entrada de CR7 e terminou com o máximo de acções com bola na área contrária (9), completou as quatro tentativas de drible, mas falhou uma flagrante que lhe corta a nota.

Destaques da Escócia

Scott McTominay 6.5

O jogador do United marcou de cabeça aos sete minutos e foi o melhor entre os escoceses. Enquadrou dois dos quatro remates que realizou.

Scott McKenna 6.4

Muito bem o central escocês a lidar com a pressão lusa. McKenna ganhou os três duelos aéreos defensivos em que participou, fez nove alívios e três bloqueios de remate.

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.