Rio Ave 🆚 Porto | Erros e redenções até ao empate final

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Quarto jogo seguido do Porto na Liga sem vencer. Os “azuis-e-brancos” estiveram a perder por duas vezes em Vila do Conde, fruto de erros individuais defensivos pouco vistos a este nível e teve de correr atrás do prejuízo por duas vezes, empatando com dois tentos apontados precisamente pelos jogadores que haviam errado lá atrás, Nehuén Pérez e Otávio. Na próxima jornada, os “dragões” recebem o Sporting no “clássico a oito pontos de distância do líder. E já têm o Braga a dois.

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Emoção não faltou

Surpresa na primeira metade. O Porto surgiu com três centrais puros, num 3-4-3 que procurava em Gonçalo Borges e Rodrigo Mora criar desequilíbrios na defesa do Rio Ave, mas os homens da casa defendiam sempre muito bem e encetavam velozes transições, em especial com passes longos, daí os apenas 67% de eficácia nas entregas por parte dos vila-condenses. Contudo, um erro de Nehuén Pérez deu a Clayton a possibilidade de os anfitriões se colocarem na frente e o brasileiro não desperdiçou. O Porto ia tentando, mas ia esbarrando em Miszta.

No arranque do segundo tempo o Porto empatou, com Nehuén Pérez a redimir-se do erro e a facturar, porém, e apesar do domínio “azul-e-branco” e do recuo do Rio Ave, os centrais do Porto continuaram a cometer erros atrás de erros, em especial Otávio. Primeiro ofereceu a Clayton a possibilidade de este bisar, mas o atacante atirou ao lado. Até que aos 73 minutos, o central brasileiro voltou a baquear e o alemão Ole Pohlmann recolocou os da casa na frente. Se Pérez se redimiu do erro na primeira metade marcando, logo a seguir foi Otávio a empatar de novo e a “corrigir” os enganos anteriores. E até final foi ver o Porto a tentar a reviravolta e o Rio Ave a aguentar. E conseguiu.

[ Otávio (4) em muitas ligações de passe… e nem sempre bem ]

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O Jogo em 5 Factos

1. Confiança no drible

Este foi o terceiro jogo da Liga com mais dribles completos, nada menos que 25, e o Porto foi o grande contribuidor. Os “dragões” fixaram o seu novo máximo de dribles tentados (29) e eficazes (14).

[ Os dribles do Porto, a azul os eficazes ]

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2. Rio Ave obrigado a trabalho extra

A pressão portista fez com que os vila-condenses tivessem de se empenhar defensivamente, ao ponto de a formação da casa ter acumulado 105 acções defensivas, o quarto valor mais elevado de uma equipa na prova.

3. “Dragão” com espaço para progredir

O recuo rioavista em determinados momentos do jogo permitiu ao Porto bater o seu recorde de conduções progressivas, nada menos que 28, quando a média da equipa era de cerca de 11 por jogo. Por esse motivo também há novo máximo portista de metros ganhos em progressão com bola em condução: 1354.

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4. Intensidade nos duelos

Se há umas semanas a falta de capacidade do Porto em ganhar a maioria dos duelos era evidente, nesta partida notou-se o oposto. Os “dragões” lutaram muito e venceram 73 duelos (a média era de 52), contra 66 dos vila-condenses.

5. Muitas perdas de posse dos da casa

O Rio Ave terminou o encontro com 17 perdas de posse no terço defensivo. Marios Vrousai, sozinho, foi responsável por nove dessas perdas.

MVP GoalPoint: Cezary Miszta 👑

O guardião polaco já havia brilhado ante o Sporting e voltou a fazê-lo ante o Porto, apesar de, desta feita, ter ficado longe da nota máxima. Miszta terminou com seis defesas, uma a travar uma ocasião flagrante, e pelo ar não deu veleidades, resolvendo quatro cruzamentos a soco.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Rio Ave

Omar Richards 6.2

Belíssimo jogo do lateral-esquerdo dos da casa, um trabalhador incansável. Richards ganhou três de quatro duelos aéreos defensivos e somou 14 acções defensivas, com destaque para quatro desarmes e três intercepções.

Ole Pohlmann 6.2

O alemão é uma força da natureza, recuperou cinco vezes a posse de bola e numa delas galgou metros para fazer o 2-1 para o Rio Ave.

Destaques do Porto

Francisco Moura 7.0

A grande figura do lado portista. O lateral-esquerdo criou nada menos que três ocasiões flagrantes de golo, igualando o máximo da Liga, isto em seis passes para finalização. E ainda contabilizou cinco conduções progressivas e seis recuperações de posse.

Alan Varela 6.7

O “trinco” argentino está a subir de forma a olhos vistos. Nesta partida criou uma ocasião flagrante em três passes para finalização, registou 97 acções com bola, seis recuperações de posse e três desarmes.

Eustaquio 6.6

Boa partida do internacional canadiano, em especial no trabalho defensivo. Destaque para cinco desarmes, máximo do encontro com Tiknaz, e quatro acções defensivas no meio-campo contrário (valor mais alto), sendo fundamental na pressão.

Rodrigo Mora 6.0

O jovem foi um dos principais agitadores do jogo, em especial no primeiro tempo. Mora fez nove remates, ficando a um do recorde da prova (Daniel Bragança, do Sporting), enquadrou três deles, recebeu 12 passes progressivos (valor mais elevado), acumulou 11 acções com bola na área contrária (também máximo) e completou cinco de sete tentativas de drible (mais ninguém chegou sequer perto). Isto tudo em apenas 77 minutos. Falhou uma ocasião flagrante.

Samu 5.6

Desgastou a defesa contrária com o seu poder físico, mas esteve longe de apresentar qualidade nos diversos momentos do jogo. Fez três remates, falhou uma ocasião flagrante, mas redimiu-se com três passes para finalização.

Otávio 4.5

Jogo para esquecer do central brasileiro, claramente baralhado no sistema de três centrais de Anselmi. Começou por ver amarelo que o tira do “clássico” com o Sporting, depois cometeu dois erros graves, um que Clayton desperdiçou em boa posição e outro que deu mesmo golo de Pohlmann. Redimiu-se com o golo do empate, com o máximo de passes certos (78) e tentados (92), mas também de falhados, com o valor mais alto de passes progressivos (14) e de acções com bola (121).

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.