Santa Clara 🆚 Benfica | Águia cumpre com exibição económica

-

Com oito lesões e muita gestão de esforço devido aos compromissos europeus, o Benfica entrou para a visita ao Santa Clara com muitas mexidas, mas mesmo assim fez o suficiente para conseguir os três pontos. O jogo foi complicado, Trubin foi segurando a sua baliza a zeros e o domínio “encarnado” acabou por dar frutos pelo reforço Bruma. Os açorianos conseguiram reagir e ser mais perigosos no final, curiosamente numa fase em que já só tinham dez elementos. 

GoalPoint-2025-02-15-Santa-Clara-Benfica-Primeira-Liga-202425-Ratings

Bruma resolve

Primeira parte muito mexida nos Açores, em especial nos primeiros 25 minutos, com ocasiões de golo claras junto de ambas as balizas e com os dois guarda-redes, Gabriel Batista e Trubin, a brilharem a grande altura. O Benfica, com muitas mexidas, dominou a partir daqui, mas não imprimia grande velocidade aos seus processos, muito por culpa da boa capacidade do Santa Clara em cortar linhas de passe. E assim o nulo perdurou.

Com Orkun Kökçü a entrar ao intervalo, o Benfica passou a ter mais ordem na construção ofensiva, mantendo a mesma solidez a travar as transições contrárias (excepto nos minutos iniciais após o reatamento). Até que, aos 55 minutos, Bruma surgiu na área a concluir um cruzamento de Amdouni, estreando-se assim a marcar pelos “encarnados”. Estava feito o, aparentemente, mais difícil, e a tarefa benfiquista ficou mais facilitada (na teoria) quando Sidney Lima foi o segundo amarelo e foi expulso, aos 76 minutos. Na teoria porque foi com dez elementos que os açorianos mais se acercaram da baliza benfiquista, e com perigo.

[ Sempre mais Benfica ao longo do jogo ]

GoalPoint-2025-02-15-Santa-Clara-Benfica-Primeira-Liga-202425-pass-network

[ A análise de Bruno Francisco à vitória do Benfica ]

O Jogo em 5 Factos

1. Santa Clara pragmático

O Benfica esteve quase sempre por cima e colocou muitas bolas na área, nada que preocupasse verdadeiramente os homens da casa. O Santa Clara não foi de modas e afastou o perigo de forma pragmática, terminando o jogo com 56 alívios, novo recorde da Liga. Só MT Araújo fez 14. Curiosamente, o Benfica também fixou o seu próprio máximo de alívios (27).

2. Benfica com muitos remates de longe

A solidez do Santa Clara na defesa obrigou o Benfica a rematar muitas vezes de fora da área. Dos 17 disparos, dez foram desta zona do terreno, quatro deles por Bruma (segundo valor mais alto da Liga), igualando o máximo da equipa.

GoalPoint-2025-02-15-Santa-Clara-v-Benfica-AWAY-shots-default-line

3. Águias superiores nos duelos

Num jogo de muita luta, os jogadores do Benfica estiveram melhor nos duelos individuais, vencendo 73, novo máximo da equipa, contra 58 dos insulares.

[ A azul os duelos ganhos pelo Benfica ]

GoalPoint-2025-02-15-Santa-Clara-v-Benfica-AWAY-duel-actions-point

4. Jogo de muita luta

Nunca o Benfica tinha sofrido tantas faltas num jogo desta Liga. O registo anterior mais elevado foi de 17, nos Açores os “encarnados” foram travados 21 vezes através de infracções.

5. Muita pressão e erros

Estas duas estatísticas andam muitas vezes de mãos dadas. O Benfica terminou a partida com 22 acções defensivas no meio-campo contrário, mais 18 que o Santa Clara, demonstrativo da pressão exercida em todo o campo. Já os anfitriões igualaram o seu valor mais alto de perdas de posse no primeiro terço (24).

MVP GoalPoint: Bruma 👑

Estreia a titular pelo Benfica, estreia a marcar pela sua nova equipa. Bruma jogou entre o flanco esquerdo e as costas do ponta-de-lança Belotti, demorou algum tempo a imprimir intensidade ao seu jogo, mas acabou por ser decisivo, ao fazer o único tento do desafio, terminando como MVP. O extremo ganhou nove dos dez duelos que disputou, foi o mais rematador do desafio, com seis disparos, um enquadrado, recebeu oito passes progressivos (máximo), completou duas das três tentativas de drible e, curiosamente, ganhou os três duelos aéreos ofensivos que disputou.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Santa Clara

Gabriel Batista 6.6

O Benfica dominou e criou diversos lances de perigo, chegando aos 2,6 Golos Esperados (xG). A isto respondeu o guarda-redes do Santa Clara, Gabriel Batista, que fez cinco defesas, uma a travar uma ocasião flagrante, e evitou 1,4 golos (defesas – xSaves).

MT Araújo x.x

Nesta partida a central do lado esquerdo, o brasileiro esteve simplesmente intratável. Disputou 13 duelos, ganhou sete e contabilizou o máximo de alívios na partida, nada menos que 14, juntando a isso dois bloqueios de remate. Nos duelos aéreos defensivos disputou três e ganhou-os todos, e ainda conseguiu dois passes para finalização. De negativo os 14 passes falhados, seis de risco, e as seis perdas de posse no primeiro terço (máximo).

Destaques do Benfica

Anatoliy Trubin 6.4

No arranque do jogo e mais no final, o Santa Clara pressionou e criou diversos lances de perigo, aos quais respondeu Trubin com algumas intervenções de relevo. Ao todo foram três defesas, todas a remates na sua grande área, e um golo evitado (defesas – xSaves).

Otamendi 6.3

A fiabilidade do costume. O central argentino só falhou um de 34 passes e somou nove acções defensivas, com destaque para três desarmes.

Amdouni 5.8

O suíço parecia perdido do lado direito do ataque, mas lá foi deixando a sua marca na partida, e não foi pequena. Além da assistência para o golo de Bruma, só falhou dois de 25 passes e registou o máximo de acções defensivas no meio-campo contrário (6), cinco delas bloqueios de passe/cruzamento.

Samuel Dahl 5.6

O sueco foi titular pela primeira vez, entrando para médio-esquerdo, com a ideia de fazer combinações ofensivas com Carreras e Bruma. A falta de entendimento entre os três acabou por travar um pouco a velocidade dessas jogadas, mas Dahl fez um jogo positivo, embora longe de deslumbrar. Além de ter ganho oito de 14 duelos, somou dois passes para finalização, teve eficácia em dois de quatro cruzamentos, somou seis acções com bola na área contrária e sofreu quatro faltas, três em zona de perigo (“sacou” dois cartões a adversários).

Leandro Santos 5.3

O jovem lateral-direito começou bem o jogo, sem medo de atacar e ir no um-contra-um, mas aos poucos foi acusando o desgaste e alguma inexperiência, sendo substituído aos 86 minutos. Destaque para três duelos aéreos ganhos em três, o máximo de recuperações de posse (7) e os dois desarmes. De negativo as 20 perdas de posse, os quatro maus domínios de bola e os dois dribles consentidos no primeiro terço.

Andrea Belotti 4.8

O italiano é um lutador, deu trabalho à defesa do Santa Clara e tem óbvias movimentações de ponta-de-lança. Contudo, acaba com uma nota bem baixa, uma vez que, no mesmo lance, desperdiçou duas ocasiões flagrantes (bem Gabriel Batista no primeiro momento), que acumuladas valiam 1,3 xG (entrou directamente para o top 4 do desperdício).

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.