Um Nacional que “estacionou o autocarro”, um Sporting com dificuldades para contrariar a estratégia insular. Estes os ingredientes perfeitos para termos um jogo aborrecido, sem grandes momentos de emoção, mas também para lances (ou um só) que abanam com a monotonia e decidem tudo. Foi isso que aconteceu em Alvalade, com o “leão” a dominar amplamente e um Nacional que quase abdicou de atacar, até que, nos descontos da primeira parte, Francisco Trincão decidiu arriscar de bem longe da área e marcou um golão de levantar o estádio. Perto do fim, João Simões fechou as contas com o seu primeiro golo com a camisola leonina. E vão seis pontos de vantagem sobre o Benfica.
Valeu pelos golos
A monotonia caracterizou a primeira parte em Alvalade. Só deu Sporting em praticamente todos os momentos de jogo, mas o “leão” sentiu problemas perante a estratégia muito fechada do Nacional que, por esse motivo, chegou ao intervalo sem qualquer remate. Teria de ser um lance de génio individual a abanar com o jogo e foi isso mesmo que aconteceu. Nos descontos, Francisco Trincão arrancou um pontapé do “meio da rua” que acabou com o sono. Pelo menos temporariamente.
O jogo manteve a toada no segundo tempo, com o Nacional muito sólido, a tentar reagir, mas sem conseguir chegar perto da área leonina – o primeiro remate insular chegou apenas à hora de jogo. Um contraste grande entre as filosofias das duas formações e que, em boa verdade, não beneficiou em nada o espectáculo. E até ao fim, destaque apenas para o tento de João Simões, o seu primeiro pela equipa sénior do Sporting.
[ Que diferença… ]
[ A análise de António Tadeia à vitória leonina ]
O Jogo em 5 Factos
1. Quase só deu Sporting no ataque
Praticamente só houve uma equipa a querer atacar. O Sporting acumulou 31 acções com bola na área contrária, contra apenas dez dos madeirenses, além de ter ficado 15-3 em remates. Ainda assim o “leão” não passou dos 1,2 Golos Esperados (xG).
2. Quase sem oposição
O recuso pronunciado do Nacional permitiu aos “leões” acumularem muitos metros de progressão no terreno em condução com bola. O Sporting terminou com 1638 metros ganhos e só Diomande acumulou incríveis 424, novo máximo do campeonato, a grande distância, do segundo melhor registo (347).
3. Pressão leonina
Praticamente instalado no meio-campo nacionalista, o Sporting registou 23 acções defensivas nesta zona, pressionando muito o seu adversário e obrigando-o a cometer erros. A média dos homens de Alvalade até esta partida era de cerca de 11,5 por partida.
[ As acções defensivas do Sporting ]
4. Nacional com muitas perdas em zona proibida
Esses tais erros que se verificaram ficam bem patentes no número muito elevado de passes de alto risco falhados pelo Nacional. Foram 36, novo máximo da equipa no campeonato.
[ Os 36 passes de alto risco falhado0s pelo Nacional ]
5. Novo mínimo de remates
As dificuldades visitantes foram constantes e o Nacional terminou o jogo com apenas três remates, bem abaixo do anterior mínimo da equipa na prova, que era de sete.
MVP GoalPoint: Francisco Trincão
Que grande golo do atacante leonino, mesmo a fechar a primeira parte, um lance bem de fora da área que tinha 7% de hipótese de sucesso e 10% quando a bola saiu dos pés do internacional luso. Trincão foi o melhor em campo, com um tento, o máximo de remates (3), cinco acções com bola na área contrária, quatro desarmes e quatro acções defensivas no meio-campo contrário.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Sporting
Morten Hjulmand 7.7
O dinamarquês está em todo o lado, quer em zonas mais defensivas, quer a pressionar em terrenos bem adiantados. Hjulmand ganhou dez dos 12 duelos que disputou, acertou 93% dos passes que realizou, somou duas conduções super progressivas, oito recuperações de posse, quatro desarmes e o máximo de acções defensivas no meio-campo contrário (5). Foi o jogador mais castigado em falta (4).
Diomande 7.4
Jogo sólido do defesa-central leonino. Além de ter ganho seis de nove duelos, fez dois passes para finalização, errou apenas sete de 94 entregas, acumulou 103 acções com bola (segundo valor mais alto) e recuperou 12 vezes a posse de bola (máximo).
Geovany Quenda 6.5
O extremo foi um dos que mais tentou desbaratar a fechada defesa do Nacional. Com uma ocasião flagrante criada em três passes para finalização, Quenda somou o máximo de passes progressivos (11), completou duas de três tentativas de drible e registou oito recuperações de posse. De negativo as 26 perdas de posse (máximo).
Morita 6.4
O japonês estava a fazer um bom jogo quando teve de sair, novamente lesionado, aos 68 minutos. Até esse momento registou 86% de eficácia de passe e nove recuperações de posse, segundo valor mais elevado da partida.
Viktor Gyökeres 5.6
O sueco, com algumas limitações físicas, não teve o impacto de outros jogos, ainda assim fez uma assistência, somou o máximo de acções com bola na área contrária (7) e de passes progressivos recebidos (14). Esteve pior no passe, com apenas 68% de eficácia, completou uma de seis tentativas de drible e desperdiçou uma ocasião flagrante.
Destaques do Nacional
Ulisses Rocha 6.8
Tanto futebol defensivo só poderia beneficiar estatisticamente jogadores da retaguarda. O defesa-central foi o melhor dos insulares, com nove de 12 duelos ganhos e o máximo de acções defensivas do jogo (16), com realce para quatro desarmes, outras tantas intercepções e dois bloqueios de remate.
Zé Vítor 6.5
Herói na vitória frente ao FC Porto, o central esteve muito bem em Alvalade, com seis duelos ganhos em nove, sete passes longos certos em dez, quatro desarmes e um corte decisivo. Falhou uma ocasião flagrante.