Este domingo, a partir das 18h00, joga-se no Estádio José Alvalade o grande “clássico” da 20ª jornada da Liga bwin. Sporting e FC Porto defrontam-se em situações muito diferentes na classificação. Se os “dragões” são segundos, a oito pontos do líder Benfica, mas com menos um jogo e com possibilidades de encurtar distâncias para recuperáveis cinco, já os “leões” entram em campo no quarto lugar e a 15 das “águias” – mas também com um jogo a menos -, e com a real percepção de que a luta por uma vaga na Champions da próxima temporada obriga ao triunfo.
Os objectivos são, nesta fase, distintos, mas a urgência é a mesma. Para Sporting e Porto, de igual forma, só uma vitória interessa e tudo o que seja um desfecho diferente faz perigar as metas de cada um dos emblemas. Um facto que poderá ter duas leituras, num exercício de antevisão: ou ambos os conjuntos se irão retrair com receio de sofrer golos ou, pelo contrário, assumem essa necessidade de vitória e partem para um jogo aberto e emocionante. Acreditamos mais neste último cenário.
[ O desempenho médio dos rivais, nas últimas cinco jornadas ]
Não estando na cabeça dos dois treinadores, a nós compete olhar para os analytics das duas equipas na Liga bwin 2022/23 até à 19ª jornada, contextualizá-los com o que todos nós observamos das duas equipas e tentar perceber por onde o jogo poderá caminhar. Em primeiro olhamos para os jogos mais recentes. O Porto é a equipa que somou mais pontos nas últimas cinco rondas, embora, na comparação com o Sporting, tenha marcado menos um golo (9), apesar de ter rematado mais (16,0).
Em contraponto, sofreu apenas um nesta fase, contra quatro dos lisboetas, e permitiu menos Expected Goals (xG) que os anfitriões. A maior consistência defensiva dos “azuis-e-brancos” surge nesta fase como uma imagem forte da formação de Sérgio Conceição. Terá algum peso neste jogo?
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Olhando com mais profundidade para a época, o Sporting é o quarto melhor ataque da Liga, com 39 golos, e a terceira melhor defesa em conjunto com o Braga, com 19 consentidos. O Porto é o segundo melhor ataque, com 45 tentos marcados, e a melhor defesa (11), o que bate certo com as tendências recentes das últimas cinco jornadas.
[ Os 39 golos do Sporting e os 45 do Porto na Liga bwin 22/23 ]
Porto mais rematador, Sporting mais aproveitador
[ Os remates de Sporting e Porto; a amarelo os golos, azuis os enquadrados, quando maior o círculo, maior o xG ]
O Porto é, dos dois emblemas em confronto, o mais rematador no global da época na Liga. No conjunto de todas as equipas é a terceira com mais disparos por jogo (17,2), surgindo o Sporting na quarta posição (15,9). Um dado importante que ajudaria a explicar a veia mais concretizadora dos “azuis-e-brancos”, não fosse o facto de os “leões” terem uma taxa de aproveitamento superior das suas situações. Os comandados de Sérgio Conceição são a segunda formação com mais xG a favor no campeonato, nada menos de 44,1, registando, por isso, um saldo positivo de 0,9 em relação aos concretizados, mas os pupilos de Rúben Amorim vão ainda mais longe nesse saldo, apresentando o segundo mais positivo, de 3,2 (35,8 xG para 39 tentos), só batido pelo extraordinário registo do Braga, que fez mais oito golos do que os esperados (43 em 35 xG).
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Os “dragões” voltam a ser melhores num outro aspecto que pode ter importância na partida e que contribuiu para a qualidade das oportunidades: os remates nas grandes áreas contrárias. O Porto é a que mais dispara na área (11,8), mostrando o Sporting mais dificuldades neste aspecto, sendo apenas a quarta formação, com 10,1. Não surpreende, assim, que os portistas sejam a equipa com mais alta média de acções com bola nas áreas adversárias (34,3), surgindo o Sporting apenas em terceiro (27,4). À atenção do sector recuado dos de Alvalade.
Sporting condutor, Porto mais directo
[ Os passes (setas) e conduções (tracejados) super progressivos de Sporting (à esquerda) e Porto na Liga bwin 22/23 ]
O bom-senso obriga-nos a prever que a formação com objectivos mais ambiciosos nesta fase (o Porto está mais perto da liderança) poderá ser a equipa com mais iniciativa. Não saberemos se assim será, mas sabemos que os dois conjuntos têm formas bem diferentes de abordar os momentos ofensivos.
O Porto é o líder do campeonato nos passes super progressivos – que permitem a aproximação à baliza adversária em pelo 50% e no mínimo de oito metros -, com 8,2 por jogo, esperando-se, por isso, um “dragão” a apostar em passes longos, num futebol mais directo, a aproveitar o potencial adiantamento leonino sempre que tal for possível. O Sporting é quarto neste detalhe, com 6,8.
Em contraponto, o Sporting é a equipa que progride mais em condução com bola, com 24,0, bem acima dos 19,3 do Porto (3º), e lidera também em conduções progressivas (14,5) – que permitem a aproximação à baliza adversária em pelo 25% e no mínimo de 15 metros -, sendo que os “dragões” comandam nas super progressivas (2,9) – pelo menos 50% de aproximação à baliza contrária. Um sintoma de que os portistas conseguem aproveitar bem os espaços e progredir com a bola, enquanto os lisboetas terão de ter em atenção a habitual pressão portista sobre o jogo de progressão com a bola no pé, algo que os de Alvalade tentam bastante.
Sporting pode explorar debilidade portista
[ Os dribles do Sporting e os dribles consentidos pelo Porto na Liga, a azul os eficazes ]
Um detalhe importante pode jogar a favor dos lisboetas e que, em muitos momentos, tem relação com a condução com bola. O Sporting é a equipa da Liga que mais tenta o drible (24,5, mapa de cima à esquerda) e a que acumula mais dribles completos por jogo (10,2), sendo a segunda formação com mais eficácia (41,6%), atrás do Chaves (42,5%) e bem à frente do Porto, que é décimo (37,7%).
Será que os “leões” terão esta eficácia contra uma equipa tão pressionante como os da Invicta? Se sim, então os de Alvalade poderão ter aqui uma arma valiosa. É que o Porto é, nesta altura, o terceiro conjunto da Liga que mais dribles consente aos seus adversários (mapa de cima à direita), nada menos que 8,2 por jogo. Sinal de alerta para Sérgio Conceição.
Pouco dados à expectativa
[ As acções defensivas de Sporting (à esquerda) e Porto na Liga bwin 22/23 ]
Bem natural é que, em determinados momentos de jogo, uma das equipas se superiorize à outra em termos de posse de bola, domínio e pressão. Prever qual a que o fará mais vezes é o mais complicado. E a explicação é simples. Sporting (13,7) e Porto (14,2) são a terceira e a segunda equipas, respectivamente, com mais acções defensivas no meio-campo contrário, pelo que não é de esperar um jogo com formações na expectativa, mas sim de pressão a todo o campo.
Os dois emblemas não têm por característica ficar à espera de ver o que os adversários fazem, salvo excepções estratégicas – que podem surgir nesta partida -, e os mapas de cima demonstram claramente a apetência dos dois emblemas em fazerem pressão em zonas bem adiantadas do terreno, conseguindo muitas acções defensivas bem à frente. É de esperar que volte a acontecer este domingo.
Dois decisores por excelência
[ Os statscards da época de Pedro Gonçalves e Galeno na Liga bwin 22/23 ]
Muitos são os jogadores que podem decidir o “clássico”. Do lado do Sporting a novidade é o regresso de Paulinho às contas der Rúben Amorim para o ataque, após cumprir castigo. Um jogador que, pese embora as oscilações de eficácia, pode deixar uma marca importante. O mesmo acontece com o menos irregular Mehdi Taremi, jogador fulcral no Porto, melhor marcador da equipa e que voltou aos golos recentemente, após um período de jejum.
Outros nomes importantes, como Nuno Santos e Marcus Edwards, do Sporting, Otávio Monteiro (ausente por lesão) e Evanilson (recuperado recentemente) do Porto, também entram nas contas dos nomes a ter em atenção, mas há dois que saltam à vista pela forma como podem desequilibrar/decidir o encontro e que são os elementos dos dois emblemas, com mais de 855 minutos na Liga (50% do total possível), com melhores GoalPoint Ratings: Pedro Gonçalves e Wenderson Galeno.
[ A ausência de Otávio é, certamente, um revés significativo para Sérgio Conceição ]
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“Pote” é o melhor marcador dos “leões”, com dez golos, somando ainda cinco assistências. A médio-centro ou a médio-ofensivo, Pedro Gonçalves tem uma capacidade rara de surgir nos espaços vazios e integrar o jogo ofensivo da sua equipa na grande área, fazendo assim grandes estragos.
Galeno é diferente. Um extremo puro, está a realizar uma das melhores épocas da carreira, esticando o jogo portista e desequilibrando na condução, na velocidade e no drible, somando já oito golos (segundo melhor marcador do Porto) e duas assistências. Será que entrarão nas contas dos golos?
