A cumprir a terceira época no Famalicão, Zaydou Youssouf já é uma das certezas do nosso campeonato e, após os primeiros jogos nesta edição 2024/25 da Primeira Liga, parece que está pronto para “explodir” e aspirar a outros voos.
No triunfo categórico do Famalicão ante o Benfica, o médio encheu o campo e foi um dos esteios da equipa de Armando Evangelista, numa exibição na qual se distinguiu através de um amplo raio de acção, esteve em quase todas, destruiu, construiu, mostrou precisão com o esférico nos pés e marcou, preenchendo a folha de serviços com cinco recuperações de posse, cinco desarmes, acertou metade dos seis dribles que tentou, foi 100% eficaz nos quatro passes longos que gizou e enquadrou no alvo os dois remates realizados, incluindo o remate que bateu Trubin aos 90+1′.
Já na segunda jornada, na vitória concludente em casa do Estrela da Amadora, o francês foi o melhor em campo, com mais um golo marcado, dez recuperações, três desarmes e uma capacidade enorme para estar em todo o lado no terreno de jogo, a lutar e a construir.
Zaydou versus Hjulmand, Alan Varela e Florentino
No final da partida ante o Benfica, vários adeptos nas redes sociais mencionaram o nome do polvo do “Fama”, indagando se não teria lugar no plantel de um dos denominados três grandes. Aproveitando a deixa, pedimos ajuda ao nosso Antunes e fomos comparar os seus dados com os “trincos” de Sporting, FC Porto e Benfica em 2023/24.
No “face to face” com Morten Hjulmand, existem mais semelhanças do que diferenças. O novo capitão dos campeões nacionais tem uma ligeira vantagem nos passes para finalização, perde no que concerne aos passes progressivos, conduções progressivas e ainda nos dribles eficazes e faltas sofridas, sendo que o nórdico volta a destacar-se nas acções defensivas no terço defensivo.
Na comparação com Alan Varela, o internacional sub-18 e sub-21 pela França apenas tem menos assistências, passes certos no último terço e acções defensivas (no terço defensivo) do que o argentino.
Adversários na primeira jornada, Zaydou e Florentino voltam a “enfrentar-se”, com o médio famalicense a imperar no número de passes para finalização, nas conduções progressivas, nos dribles eficazes e nas faltas sofridas. Tino distinguiu-se no número de passes progressivos, na percentagem de passes certos no último terço e nas conduções defensivas. Zaydou acaba por ter um “plus” no acesso à baliza dos adversários.
Um “6” ou um “8”, ou um médio moderno
Na época transcorrida, o gaulês já tinha dado conta do recado e, entre os jogadores com mais de 1530 minutos nas pernas, foi o oitavo com mais dribles completos por 90m (2,0), sendo que foi o segundo, entre os médios, ficando apenas atrás de Pablo Roberto (2,3), do Casa Pia. Entre jogadores com mais de 0,5 dribles completos por jogo é o que apresenta melhor eficácia no drible (72,3%) – já esta temporada está a destacar-se no drible, como se pode comprovar no “tweet” abaixo. Além da qualidade técnica, alia uma impressionante robustez física – 1,82m – e qualidade táctica, e em 2023/24 obteve 7,1 recuperações da posse, sendo que foi o sexto melhor jogador da prova neste capítulo. Zaydou é um multifunções bastante fiável que cumpre na plenitude a função como médio mais recuado e consegue jogar uns metros mais à frente, no papel de “box-to-box”.
[ Os golos de Zaydou ante Benfica e Estrela da Amadora ]
“Zaydou já está a gritar por voos maiores”
(Filipe Coelho)
Aos 25 anos, o polvo da formação minhota tem qualidade para abrilhantar outros palcos, realça Filipe Coelho.
“Um dos médios mais interessantes do nosso campeonato. É um jogador que já trazia cartel de França com muitos minutos na Ligue 1 ao serviço do Saint-Étienne e com passagens pelas selecções mais jovens de França. É um médio-centro entre um ‘6’ e um ‘8’, é fundamental quando a equipa quer sair a jogar com um futebol mais de posse desde trás, mostra-se aos centrais, aparece para ligar jogo e depois, com o pé esquerdo muito calibrado, consegue distribuir, beneficia quando joga a partir da meia-direita, recebe a bola, roda e consegue solicitar o Francisco Moura, por exemplo. Utiliza o corpo para esconder a bola, permitindo que a equipa respire. Tem uma personalidade invulgar, tanto joga desta forma em casa frente ao Boavista, como vai ao estádio de um dos ‘três grandes’ e actua da mesma forma. Youssouf candidata-se a ser um dos melhores deste campeonato e pode ser esta a sua última época no Famalicão, porque é um dos jogadores que já está a gritar por voos maiores”, começa por observar o analista e comentador da DAZN.
“Facilmente encaixaria no plantel de cada um dos candidatos ao título. Além do mais, tem a facilidade de estar adaptado à estrutura de cada um dos três grandes joga, ou seja, todos actuam com um duplo pivot ainda que com dinâmicas distintas. É um jogador que do ponto de vista técnico, de maturidade, qualidade técnica poderia encaixar num nível superior. Pensado no Sporting, poderia facilmente ser uma solução de profundidade a Hjulmand ou de Morita. É um atleta que tem esta vestalidade do 6 e do 8 e que poderia jogar em qualquer uma destas duas posições e Rúben Amorim é um técnico que também já demonstrou capacidade para fazer evoluir os jogadores”, acrescentou em declarações ao nosso site.
