Goleada do Benfica ao Porto em pleno Estádio do Dragão, repetindo o resultado verificado na primeira volta no Estádio da Luz. Os “encarnados” venceram por 4-1 e mais golos poderiam ter facturado, pois atiraram duas bolas aos ferros. Vangelis Pavlidis fez um “hat-trick”, com o seu primeiro tento, logo no minuto inicial, a condicionar grandemente todo o jogo em termos tácticos, deixando a “águia” confortável para esperar pelos “azuis-e-brancos”, sendo depois letais no contra-ataque. Esta foi a primeira derrota do Porto em casa na Liga esta temporada.



“Águia” controlou sempre os acontecimentos
Logo no primeiro minuto, Aktürkoğlu descobriu Pavlidis na área portista e o grego, de primeira, abriu o activo. Um lance com um peso muito grande no desenrolar da primeira parte, pois o Benfica entrou forte, a querer manter o Porto em sentido, e o golo inaugural permitiu às “águias” recuar e obrigar o “dragão” a atacar, esvaziando um pouco as palavras de Anselmi na antevisão, que colocara a pressão nos lisboetas. Os “encarnados” recuaram talvez em demasia em diversos momentos, mas quando partiam em transição criavam perigo, acertaram duas vezes no poste por Aktürkoğlu e Pavlidis, antes de o ponta-de-lança trabalhar bem e bisar na partida, perto do intervalo. Tarefa complicada para os homens da casa, que não enquadraram nenhum remate neste período.
Tal como na primeira metade, o Benfica reentrou mais subido, com iniciativa e a pressionar, mantendo o “dragão” longe da baliza de Trubin, mas aos poucos o Porto também voltou a ter bola. A diferença é que, nesta fase, os “encarnados” controlavam o jogo e em zonas mais adiantadas do terreno, passando a apostar em passes longos e variações de flanco. Numa dessas transições, Ángel Di María cruzou de forma precisa para o “hat-trick” de Pavlidis, que emendou de cabeça. Ainda assim, os da casa não desistiram e reduziram já na recta final, num momento oportuno de Samu, só que nos descontos, Otamendi marcou à sua antiga equipa e igualou o resultado da primeira volta.
[ Porto com mais bola e passe, mas Benfica raramente recuou em demasia ]

[ A análise de Bruno Francisco à vitória do Benfica ]
O Jogo em 5 Factos
1. Benfica bem mais perigoso
Os quatro golos do Benfica foram o corolário de uma exibição da equipa lisboeta que foi sempre mais perigosa. Os “encarnados” terminaram com 2,6 Golos Esperados (xG), contra 1,2 dos portistas, e registaram seis ocasiões flagrantes, convertendo quatro, contra três construídas pelos anfitriões.

2. Emboscada da “águia” ao “dragão”
O primeiro golo, logo no primeiro minuto, abriu a porta ao Benfica para poder esperar pelo Porto e atacar as fragilidades contrárias com precisão. Os “encarnados” nem precisaram de ter números de excelência em diversos momentos e até fixou alguns mínimos da época. A saber: menos posse de bola (40%), menos acções (475), menos passes (268), menos passes certos (204), menos conduções progressivas (5) e menos metros ganhos em progressão com bola (394).
3. … mas mais acções na área
Posto os dados anteriores, seria de esperar que o Benfica fosse pocas vezes lá à frente, mas não. Os “encarnados” registaram até mais acções com bola na área portista do que o contrário, 31 contra 28.
4. O problema esteve no “miolo”
O Porto até perdeu poucas vezes a posse no seu terço defensivo, apenas sete, metade das perdas do Benfica. Porém, os “dragões” não conseguiram filtrar o futebol lisboeta na zona intermédia, onde perderam 41 bolas para a transição benfiquista.
[ As perdas de posse doo Porto ]

5. “Águia” ligeiramente melhor nos duelos
Este é um dado que costuma ter algum peso nos desempenhos colectivos. Quando olhamos para os duelos individuais, vemos que o Benfica esteve melhor, embora com curta margem, com 59 ganhos contra 56.
MVP GoalPoint: Vangelis Pavlidis 
Que grande noite de Pavlidis no Dragão. O grego parece talhado para os grandes jogos e, após o “hat-trick” ao Barcelona, voltou a marcar três golos ao Porto, dois na primeira parte, um na segunda. E o seu pecúlio poderia ter sido maior, pois falhou uma ocasião flagrante, atirando ao poste. Vangelis “deu música” no Dragão com cinco remates, três enquadrados (ambos máximos), somou oito acções com bola na área contrária, mas pecou nos duelos aéreos ofensivos, perdendo sete de nove.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Porto
Eustaquio 5.8
O melhor elemento do Porto foi Stephen Eustaquio, mesmo tendo saído cedo, aos 64 minutos. O internacional canadiano ganhou seis de oito duelos, falhou somente dois de 52 passes e ganhou três de quatro duelos aéreos.
Fábio Vieira 5.8
Desta feita o experiente criativo portista não conseguiu desequilibrar. O médio fez quatro remates, embora só tenha enquadrado um, acertou seis de 11 passes logos e somou três desarmes.
Alan Varela 5.6
O argentino tentou dar equilíbrio à sua equipa e foi mesmo o jogador com mais recuperações de posse, nada menos que sete. Registou três acções defensivas no meio-campo contrário, acertou 91% dos passes, mas esteve pouco efectivo na frente.
Samu 5.6
Ao espanhol não lhe pode ser apontada falta de empenho e vontade de causar estragos, mas nem sempre tem a tranquilidade necessária para definir bem os lances. Samu fez o golo do Porto, mas a verdade é que fez quatro remates, só enquadrou um e falhou duas ocasiões flagrantes. Destaque positivo para nove acções com bola na área contrária e 11 passes progressivos recebidos.
Destaques do Benfica
Kerem Aktürkoğlu 7.7
O turco está a voltar aos bons momentos do início da temporada. Kerem começou por assistir Pavlidis para o 1-0 logo no primeiro minuto, depois acertou no poste num belo lance individual e terminou com duas ocasiões flagrantes criadas em três passes para finalização. Ajudou a equipa com quatro desarmes, valor mais alto do jogo.
Orkun Kökçü 6.9
O outro turco do Benfica também esteve num bom plano. Kökçü também fez três passes para finalização, criou duas ocasiões flagrantes e assinou uma assistência, registando ainda cinco recuperações de posse.
Ángel Di María 6.9
O argentino fez um jogo em crescendo, até sair visivelmente desgastado. Sublime o cruzamento para o terceiro golo de Pavlidis, pleno de intenção, tendo terminado com três passes para finalização e seis passes progressivos.
Nicolás Otamendi 6.9
O central marcou à sua antiga equipa, fixando o resultado no 4-1 final, num golpe de cabeça. Otamendi completou duas de três tentativas de drible, ganhou 11 de 15 duelos, incluindo três de quatro aéreos, somou o máximo de alívios e de faltas sofridas (4).
Florentino 6.1
Um dos “assistentes” da noite, para o segundo golo de Pavlidis. Desta feita o “polvo” do meio-campo benfiquista não brilhou no desarme, mas somou três intercepções.
Fredrik Aursnes 4.9
A verdade é que há coisas não mensuráveis pela estatística, como a importância táctica, de posicionamento e inteligência, algo que Aursnes tem para dar e vender. Porém, este não foi dos melhores jogos do norueguês em termos de desempenho objectivo. Tudo explicadinho neste extenso “tweet” do Antunes.