Antevisão | Benfica e Sporting, o duelo estatístico do título

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Este sábado pode ficar definito no campeão nacional 2024/25. Benfica e Sporting então em campo no Estádio da Luz pelas 18h00 empatados em pontos e com apenas três golos a separaram as duas formações. Uma vitória dos “encarnados” por dois ou mais golos garante desde logo o ceptro para os da casa. Um triunfo para os “leões” e os de Alvalade tornam-se bicampeões. Com tão pouco a separar os dois conjuntos, vamos olhar para algumas estatísticas e tentar perceber qual dos dois tem sido mais competente nesses detalhes até ao momento.

[ Os dados de desempenho de Benfica e Sporting nas últimas 5 jornadas ]

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De notar, nas últimas cinco jornadas, um certo equilíbrio entre duas formações que chegam em boa forma ao dérbi. Além de quatro vitórias e um empate, há uma igualdade total na cadência de remate, ligeira vantagem leonina nos disparos em direcção à baliza, mas um Benfica com mais golo e perigo criado, com ambas  registarem um “superavit” na relação entre os tentos marcados e esperados (xG).

O dado mais curioso nestas últimas cinco rondas prende-se com a posse de bola. O Sporting está bem por cima neste detalhe, com 61%, e as “águias” registam mesmo uma percentagem abaixo dos 50%, o que se entende dada a tendência da equipa a esperar pelos adversários e “castigá-los” nas transições. Porém, aos “encarnados”, neste jogo, não interessa o empate, pelo que terão de assumir o jogo e inverter esta tendência.

Seja como for, importa olhar para os dados das equipas ao longo da época. Vamos a isso.

Sporting com mais golos e mais remates

Se o Benfica vencer o dérbi por 1-0, perder em Braga e as duas equipas terminarem a Liga com os mesmos pontos, o que irá separar as duas formações será os golos e aí o Sporting leva vantagem. Se as duas equipas têm 26 tentos sofridos, os “leões” somam mais três apontados. Tal acaba por não espantar levando em conta o facto de o emblema de Alvalade ser o mais rematador, com 599 disparos, mais 55 que os “encarnados”, e com média de 12 por jogo dentro da área, mais dois que as “águias”. Os comandados de Bruno Lage, contudo, levam alguma vantagem na taxa de conversão desses remates, embora os “leões” levem mais 14 golos apontados que o esperado (xG) e as “águias” cinco.

Equilíbrio das ocasiões, “leão” mais eficaz

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Com uma proximidade tão grande nos golos marcados, os dois melhores ataques chegam a este jogo, sem surpresa, com grande equilíbrio no número total de ocasiões flagrantes criadas. São 98 para o Benfica e 97 para o Sporting, contudo, a situação inverte-se na conversão desses lances, também por curta margem, com os “verdes-e-brancos” a registarem 40,2% e os “encarnados” 38,7%.

Sporting melhor no passe, mas…

Dois dados importantes, mas em momentos distintos do jogo. De um modo global, o Sporting é mais competente no passe, sendo mesmo a equipa da Liga com melhor eficácia nas entregas, com 87,8%, o que pode ter um peso importante no controlo do jogo na Luz. O Benfica é apenas a terceira, com 84,6%, mas lidera com grande distância para o “leão” nos passes de ruptura (77-59). Esta variável remete-nos para o que escrevemos no início e para a posse de bola. O Benfica aposta nas transições e, por conseguinte, nos passes de ruptura para apanhar defesas em contrapé. Contudo, será viável manter esta filosofia ante um Sporting que não se importará muito com o empate?

“Leão” (bem) melhor no drible

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Sporting (772) e Benfica (705) são as equipas da Liga que mais tentam o drible, mas os de Alvalade “goleiam” no número total de dribles eficazes. São 345 contra 283, uma diferença de 62 (44,7% contra 40,1% na eficácia), algo que poderá assumir uma dimensão maior se olharmos para os dribles consentidos. O “leão” é a equipa que menos dribles permite aos adversários (169), a “águia” é apenas a oitava melhor equipa do campeonato neste detalhe (236), fragilidade que, historicamente, acompanha as formações “encarnadas” de Bruno Lage.

Os mesmos golos, diferente solidez

As duas equipas têm os mesmos 26 golos sofridos, é sabido, mas há diferenças entre as equipas no que toca à solidez e permeabilidade. As “águias” apresentam, à entrada para o dérbi, 27 Golos Esperados (xG) permitidos, enquanto os “leões” ficam-se pelos 22. O Benfica surge, assim, com um saldo mais animador no que toca a consentidos e expectáveis sofrer, com menos um. Já o Sporting sofreu mais quatro do que era esperado e tal pode explicar-se facilmente pela estabilidade na baliza benfiquista, ao invés do que aconteceu eu Alvalade. Trubin leva 3,1 golos evitados (defesas – xSaves) e só agora o Sporting solidificou entre os postes, com Rui Silva, que chegou em Janeiro, a somar 2,5. Vladan Kovačević (-1,2) e Franco Israel (-1,8) apresentam números negativos.

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Também em termos defensivos, o Benfica surge aqui com uma vantagem grande em relação ao Sporting no que toca ao desarme. Os “encarnados” são a formação com mais desarmes realizados (584). O “leão” é somente a 14ª, com 504. Terá este detalhe peso no jogo deste sábado?

Tudo está pronto para o “dérbi do século”, como tem sido apelidado nos últimos dias. É destes jogos que todos nós queremos, quentes, no bom sentido, decisivos, com equipas fortes e em forma. Seja qual for o peso destas estatísticas no embate da 33ª jornada, o que queremos é um jogo bem jogado, com muitos golos, em suma, um grande espectáculo.

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.