O Sporting parece ter renascido das “cinzas” das últimas semanas, fez um jogo competente no dérbi contra o Benfica e venceu por 1-0, golo de Geny Catamo, que parece ter ganho o gosto de marcar às “águias”. Rui Borges mudou o sistema táctico para uma linha de quatro defesas e recolheu os frutos da aposta, vencendo na estreia pelo emblema de Alvalade, logo num jogo de grande cartaz, e colocando a sua equipa no topo da tabela da Primeira Liga. Esta foi, também, a primeira derrota de Bruno Lage na Liga, desde o seu regresso.
“Leão” entra melhor, “águia” acaba a pressionar
Dérbi intenso em Alvalade, nem sempre bem jogado, mas com mais Sporting, intenso e a pressionar a primeira fase de construção do Benfica com critério, impedindo os “encarnados” de fazer o seu habitual jogo de passes em zonas recuadas para “chamar” o seu adversário. As melhores ocasiões pertenceram ao “leão”, que viram Trubin negar o golo a Quenda aos 17 minutos, numa ocasião flagrante com 38% de possibilidade de golo (xG). Só que aos 29, o ucraniano nada pôde fazer para travar o remate de Geny, a passe de Gyökeres, para o único golo da etapa inicial.
Lage tirou Florentino e lançou Leandro Barreiro e o Benfica assumiu o jogo, a posse e a iniciativa atacante, construindo diversas situações de perigo, em especial por Amdouni, aos 61 minutos. O Sporting ia aproveitando o balanceamento benfiquista para lançar bolas longas para a frente, com foco em Gyökeres, um cenário que permitiu minutos finais tensos e emocionantes. Porém, a vitória já não fugiu ao “leão”, que impôs a primeira derrota no campeonato a Bruno Lage e assegurou o triunfo na estreia de Rui Borges no banco leonino.
[ Equilíbrio total nos posicionamentos médios ]
O Jogo em 5 Factos
1. “Águia” com mais área
O Sporting venceu, dominou na primeira parte, mas os dados estatísticos mostram muito do que foi a reacção benfiquista no segundo tempo, após ter dado “uma metade de avanço”. Assim, não espanta que os homens da Luz tenham terminado com mais acções com bola na área leonina (34) do que os da casa na outra extremidade do terreno (23). Mas há mais…
2. Recorde leonino de alívios
Essa pressão benfiquista obrigou o Sporting a afastar o perigo da área como podia, terminando o jogo com 32 alívios, recorde sportinguista, quando o anterior máximo era de 21.
3. Sporting confortável sem bola
Este é um dos factos que saem deste jogo, a competência do Sporting sem bola, perante o domínio benfiquista na etapa complementar. Este foi o jogo da Liga em que os “leões” tiveram menos posse de bola (47%), menos acções com bola (606), menos passes (371) e menos passes completos (315).
4. Jogo com pouca pressão
Apesar do número superior de acções defensivas do Benfica no meio-campo adversário em relação ao Sporting (12-7), a verdade é que estes são números relativamente baixos desta variável, pelo que é seguro dizer que as duas equipas não apostaram consistentemente na pressão em terrenos adiantados.
5. Pouca qualidade da “águia” no remate
O Benfica terminou com mais dois remates que o Sporting (14-12), mas a verdade é que, no momento da finalização, mostrou pouca qualidade, terminando com apenas dois disparos enquadrados, contra seis do “leão”. Esteve aqui, também, a explicação para o resultado final.
MVP GoalPoint: Orkun Kökçü
Após uma primeira parte discreta, em grande parte devido à pouca bola que teve, Kökçü beneficiou da abordagem diferente do Benfica na segunda parte e subiu muito de produção, terminando com o melhor GoalPoint Rating da noite. O turco criou uma ocasião flagrante em dois passes para finalização, somou 13 passes progressivos, máximo do dérbi, recuperou dez vez a posse de bola, também valor mais alto, e assinou cinco desarmes, algo que espanta tendo o médio a fama de não defender.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Sporting
Geny Catamo 7.1
O extremo já havia marcado dois golos ao Benfica na época passada e voltou a fazer o gosto ao pé, sendo de novo decisivo. O moçambicano fez um golo no único remate enquadrado que realizou (em três), somou seis acções com bola na área benfiquista, igualou o máximo de conduções progressivas da Liga (7, e já o tinha feito noutras duas ocasiões), ganhou 233 metros totais com bola controlada, o máximo do dérbi (de longe) e só pecou nos seis maus controlos de bola. Foi um autêntico quebra-cabeças, pela forma como conseguiu sempre fugir à marcação de Carreras.
Eduardo Quaresma 6.7
Que grande jogo do central, que saiu aos 72 minutos por questões físicas. Ainda assim, apesar de ter falhado muitos minutos da partida, terminou com o máximo de acções defensivas (13), com destaque para o máximo de desarmes (7), ganhou 14 de 22 duelos, falhou somente três de 35 passes e, pasme-se, completou quatro de sete tentativas de drible.
Viktor Gyökeres 6.6
O sueco não marcou, mas “moeu” a paciência a Tomás Araújo. Foi dele a assistência para o tento de Geny, após fugir ao central benfiquista, e terminou com três remates, dois enquadrados, três passes para finalização, recebeu o máximo de passes progressivos (11) e ganhou três de quatro duelos aéreos ofensivos.
Francisco Trincão 6.5
A sua mobilidade baralhou sobremaneira os posicionamentos da defesa do Benfica e o extremo foi sempre um problema. Trincão enquadrou dois de quatro remates, criou uma ocasião flagrante, teve eficácia em três de quatro cruzamentos de bola corrida e recebeu sete passes progressivos.
St. Juste 6.5
O central foi muito fiável ao longo do encontro, apesar de ter jogado como central do lado esquerdo, algo pouco habitual no neerlandês em Alvalade. St. Juste terminou com 12 acções defensivas, com destaque para três intercepções e dois bloqueios de remate.
Hjulmand 6.5
Mais um jogo autoritário do dinamarquês. Além de ter vencido nove de 14 duelos, recuperou nove vezes a posse de bola e registou quatro desarmes.
Destaques do Benfica
Trubin 7.2
O guardião ucraniano liderou os ratings ao longo de grande parte do jogo e foi o responsável por o Sporting não ter marcado mais golos, em especial na primeira parte. Trubin fez cinco defesa, uma a travar a ocasião flagrante de Quenda, e evitou um golo (defesas – xSaves).
Alexander Bah 5.9
Muito preso a tarefas defensivas na primeira parte, o dinamarquês soltou-se mais na segunda, mas sentiu dificuldades para ter impacto ofensivo como lhe é habitual. Terminou com dois duelos aéreos ofensivos ganhos em dois, seis recuperações de posse e três intercepções, mas permitiu três dribles.
Ángel Di María 5.9
O argentino andou muito por zonas centrais, com a incumbência de criar desequilíbrios, mas a verdade é que nunca se conseguiu soltar das marcações e da pressão contrárias. Ainda assim foi dos mais rematadores, com quatro disparos (nenhum enquadrado), criou uma ocasião flagrante em três passes para finalização, somou um passe de ruptura, nove passes progressivos e três super progressivos e ainda registou cinco conduções progressivas e duas super progressivas. Tentou seis vezes o drible, mas só teve sucesso num.
Leandro Barreiro 5.3
O médio benfiquista entrou bem no jogo e foi fundamental na pressão “encarnada”, como mostram as sete acções com bola na área leonina, um dos máximos do jogo, e os três duelos aéreos ofensivos ganhos em seis. Isto tudo em apenas 45 minutos. A ocasião flagrante que falhou afecta-lhe a nota.