Benfica 🆚 Braga | Rafa Silva liga a mota rumo ao título

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O Benfica deu um passo muito importante rumo ao título da Liga bwin, num dos jogos teoricamente mais complicados até final da temporada. Após um regresso penoso da paragem para as selecções, as “águias” parecem estar, mais uma vez, em crescendo, tal como aconteceu depois do Mundial do Qatar, algo para os seus responsáveis técnicos analisarem. Num autêntico jogo do título, os “encarnados” foram quase sempre dominadores, pressionaram muito e criaram diversos lances de muito perigo, marcaram por Rafa Silva (que parece ter fugido de mota) e depois aguentaram a reacção do Braga, liderado por um Bruma endiabrado. O jogo, esse, foi bom, tendo, intenso, empolgante e merecia um final sem aquelas cenas lamentáveis.

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Grande pressão benfiquista

Problemas para o Braga, sem uma das suas peças fundamentais, Al Musrati, e talvez por isso os minhotos não conseguiam sacudir a pressão benfiquista na primeira parte, obrigando a recuar as linhas. As “águias” aproveitaram para atacar com tudo e criar diversos movimentos, sendo o primeiro grande lance de perigo com David Neres a servir Rafa Silva na pequena área, mas Borja evitou o golo, decorriam 20 minutos. A seguir foi Neres a obrigar Matheus a grande defesa e, aos 22, foi Tormena a cortar uma jogada de muito perigo de Aursnes na direita, com mais uma grande intervenção.

Sensivelmente a meio do primeiro tempo os bracarenses conseguiram acalmar o jogo e respirar um pouco, passando a ter mais bola, mas só conseguiram o primeiro remate aos 37 minutos, por André Horta. Ainda assim, Bruma ia causando alguns problemas na esquerda, com velocidade e explosão. Porém, o melhor em campo era António Silva, com um GoalPoint Rating de 6.3. O jovem central benfiquista esteve intratável no passe, com apenas um falhado em 32, quatro longos certos em quatro tentados, outros tantos progressivos e dois super progressivos, e fez mesmo um passe para finalização.

O Benfica entrou mais uma vez muito forte no segundo tempo, completamente instalado no meio-campo contrário e, aos 61 minutos, grande cruzamento de Grimaldo e Gonçalo Ramos finalizou… ao poste, só com Matheus pela frente. Contudo, adivinhava-se o tento benfiquista, tal o caudal ofensivo da equipa da Luz, e o golo chegou mesmo. David Neres, com um passe fantástico, isolou Rafa Silva e este, perante Matheus, não falhou, batia o minuto 67.

Aos 77, Rafa, isolado, tentou o chapéu a Matheus, mas atirou por cima, e aos 78 foi Banza a chegar um pouco atrasado a um cruzamento que daria, certamente, golo. O jogo estava intenso, empolgante, de resultado incerto, e aos 85 minutos, um lance “maradoniano” de Bruma, a passar por dois adversários e a cruzar, mas o cabeceamento de Banza saiu por cima. Cheirava a golo do Braga, mas acabou por não acontecer – o que aconteceu foi um “sururu” final escusado -, e o Benfica somou um importante triunfo na luta pelo título, ante um adversário directo. Os minhotos ficaram irremediavelmente fora da corrida (ainda que não matematicamente).

[ Benfica muito subido no terreno e com Grimaldo (3) “on fire” ]

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MVP GoalPoint: Álex Grimaldo 👑

A grande figura deste “clássico”. Álex Grimaldo encheu o campo, numa exibição de entrega, carácter, qualidade, como que a recusar-se dizer adeus (sai da Luz? fica?) sem o título no bolso. O espanhol foi o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.5, com registo para uma ocasião flagrante criada em quatro passes para finalização, um passe de ruptura, o máximo de acções com bola (100) e oito recuperações de posse. Não espantam as 25 perdas de posse (quatro no primeiro terço), nem os 16 passes falhados, ambos máximos, pois a exibição do lateral foi de entrega e risco.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Benfica

Rafa Silva 7.2

O atacante benfiquista regressou finalmente aos golos e em boa hora para a sua equipa. O passe de Neres foi fantástico, mas Rafa “ligou a mota”, fugiu aos defesas bracarenses e marcou um bom golo que aproxima os “encarnados” do título. O extremo foi o segundo mais rematador do encontro, com quatro disparos, fez três passes para finalização, recebeu dez passes progressivos (máximo), somou nove acções com bola na área contrária, quatro conduções progressivas e duas super progressivas, além de oito recuperações de posse.

António Silva 7.1

Jogão do jovem central, que foi o melhor da primeira parte. Na segunda manteve a bitola e terminou com 92% de eficácia de passe, cinco longos certos em oito, mais oito progressivos e dois super progressivos, oito recuperações de posse e acumulou nove acções defensivas.

David Neres 6.8

Exibição fundamental do brasileiro, que se ergueu ao nível da importância da partida. A assistência para o golo de Rafa foi fantástica e Neres foi, a par de Gonçalo Ramos, o mais rematador da partida, com cinco disparos, dois enquadrados. Destaque ainda para cinco passes para finalização (máximo), um de ruptura, sete ofensivos valiosos, 11 acções com bola na área contrária (valor mais alto), três dribles completos em cinco, quatro conduções progressivas e três super progressivas.

Chiquinho 5.9

Exibição tacticamente muito inteligente do médio benfiquista, a ocupar muito bem os espaços e a realizar um excelente jogo defensivo, com destaque para seis desarmes, máximo do encontro. Criou ainda uma ocasião flagrante e falhou somente quatro de 47 passes.

João Mário 5.6

Não está, nem de perto, nem de longe, na forma que o notabilizou esta temporada como um dos melhores marcadores e jogadores do campeonato. Destaque para seis passes ofensivos valiosos, dois super progressivos e cinco recuperações de posse. Pecou com cinco dribles consentidos, dois no primeiro terço (culpa de Bruma).

Aursnes 5.5

Pior que João Mário nos dribles consentidos no primeiro terço só Aursnes, que acumulou cinco. O norueguês compensou com uma ocasião flagrante criada e sete recuperações de posse.

João Neves 5.3

O leitor questiona-se, legitimamente, com a nota de João Neves. O rating acaba penalizado pela primeira parte que o jovem médio realizou, que era o mais baixo ao intervalo. No segundo tempo melhorou imenso e foi um dos jogadores mais importantes das “águias”, tacticamente exemplar, num desempenho de sacrifício a limitar o futebol bracarense. Destaque para seis recuperações de posse e, pasme-se, quatro duelos aéreos ganhos em cinco. Neves tem 1,74m…

Gonçalo Ramos 4.9

O avançado não está em forma e isso viu-se num lance na primeira parte, em que se isolou, atrapalhou-se com a bola e, lento, foi desarmado por um defesa que veio lá de trás. Ramos, ainda assim, fez cinco remates, um ao poste, mas desperdiçou três ocasiões flagrantes.

Destaques do Braga

Bruma 6.2

Que jogo desconcertante do extremo emprestado pelo Fenerbahçe. Bruma foi o melhor elemento dos minhotos, desequilibou como mais ninguém e terminou a partida com o novo máximo de dribles completos nesta Liga bwin 2022/23. Das 14 que tentou teve sucesso em 12, registou ainda oito conduções progressivas e duas super progressivas e criou uma ocasião flagrante.

Tormena 6.0

Aquele corte decisivo na primeira parte, após lance de Aursnes, valeu quase um golo. O central recuperou oito vezes a posse de bola e ganhou quatro de sete tentativas de drible.

Borja 5.9

Enorme jogo do lateral-esquerdo colombiano na primeira parte, durante a qual anulou vários lances de perigo dos benfiquistas. Terminou com dez acções defensivas em apenas 45 minutos (saiu lesionado ao intervalo), com destaque para três bloqueios de remate

Uroš Račić 5.9

Não jogou Al Musrati, jogou o sérvio, que esteve muito bem, aplicando o seu poder físico e boa técnica. Somou quatro variações de flanco e o máximo de alívios (6).

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.