Benfica 🆚 Inter | Veneno italiano trava voo da águia

-

AO  13.º jogo esta época nas provas europeias, o Benfica somou a primeira derrota. Na noite desta terça-feira, as “águias” caíram aos pés do Inter por 0-2 e estão em desvantagem nestes quartos-de-final da Liga dos Campões. Não foi uma partida fácil para os lusos, que nunca se sentiram confortáveis perante a estratégia dos “nerazzurri”, que controlaram os ritmos do jogo, aumentando a pressão sempre que se justificava, baixavam o bloco chamando a equipa portuguesa e exploravam o espaço que conseguiam. Foi assim que Nicolò Barella abriu a contagem, quando foi mais matreiro do que Grimaldo e João Mário, e já na fase final, Lukaku aumentou a vantagem numa grande penalidade. A formação da Luz não atravessa um bom momento, começa a denotar falta de frescura física, o que limita a precisão da pressão, e tem vários elementos longe do fulgor que já demonstraram no decurso desta temporada. Após ter registado apenas um desaire nos primeiros 44 encontros do percurso em 2022/23, os “encarnados” contabilizaram a segunda derrota seguida e, pela primeira vez, não apontaram um golo em casa.

GoalPoint-2023-04-11-Benfica-Inter-Champions-League-202223-Ratings

 

“Encarnados” com falta de pernas e sem magia

Os pesadelos do “clássico” pairaram na Luz nos primeiros oito minutos, período em que o Inter pressionou, obrigou as “águias” a desperdiçarem diversas bolas no primeiro terço do terreno, com Morato e Ausrnes a evidenciarem-se pela negativa. Paulatinamente, os “encarnados” começaram a ganhar confiança, acertaram as marcações e começaram a sair de forma mais criteriosa e eficaz, empurrados por Chiquinho e Florentino.

Ao minuto 16, Rafa Silva protagonizou a ocasião mais clara, mas Onana deu literalmente o peito à bola e travou o 1-0. Três minutos volvidos, João Mário falhou por centímetros o golo. O Inter tentou dar um safanão na partida com uma “bomba” de fora da área de Acerbi que levou muito perigo. O jogo voltou a equilibrar-se e, na recta final, Lautaro Martínez quase gelava a Luz após um centro de Dimarco.

Marcelo Brozović era a unidade em destaque nesta fase, graças a um acerto de 95% no capítulo do passe, três acções defensivas, 46 acções com a bola e um GoalPoint Rating de 6.0. Do lado do Benfica, realce para a “performance” de Gonçalo Ramos 5.7.

No recomeço, os líderes da Liga Bwin entraram de forma mais assertiva, rondaram a baliza de Onana, primeiro Dimarco foi o pronto socorro e cortou uma bola perigosa, instantes depois, Rafa tardou em decidir. Matreiro, o Inter respondeu de forma letal, numa acção em que Bastoni subiu no terreno, não foi pressionado e centrou para a zona do segundo poste onde, sem marcação, surgiu Nicolò Barella para finalizar. Cinco minutos depois, aos 56, numa das melhores jogadas do encontro, João Mário centrou, Grimaldo falhou o desvio e nem Ramos, nem Aursnes lograram acertar no esférico. Lance de muito perigo. Os técnicos começaram a mexer, Inzaghi lançou três setas ao mesmo tempo e Schmidt chamou Neres.

Com a saída de Florentino, os italianos começaram a explorar as costas da defensiva “encarnada” e, num contragolpe, Correa apenas não marcou graças à velocidade de Vlachodimos. Ripostou o Benfica, com Rafa a accionar um ataque, mas Grimaldo não conseguiu definir com precisão. Aos 78, numa cópia quase perfeita do primeiro tento, Dumfries quase marcava, mas foi travado pelo guardião helénico. Chamado pelo VAR, o árbitro Michael Oliver foi rever o lance e assinalou grande penalidade por mão na bola de João Mário na sequência de um cruzamento de Dumfries. Da marca dos 11 metros, Lukaku não perdoou e dilatou a vantagem.

As “águias” ainda tentaram encurtar distâncias, canalizando muito jogo pelo flanco esquerdo, com Grimaldo a finalizar as constantes acções de Neres. Já em período de descontos, Gonçalo Ramos foi lançado por David Neres, mas no cara-a-cara com Onana não marcou…

Na próxima quarta-feira, o Benfica terá uma dura tarefa no Giuseppe Meazza para dar a volta à eliminatória e carimbar presença nas meias-finais da Champions, algo que não alcança há 33 anos, desde a longínqua época de 1989/90. O Benfica nunca ganhou ao Inter, contabilizando, em quatro partidas, duas derrotas e dois empates.

[ Benfica mais subido, mas tal foi permitido pelo Inter ]

GoalPoint-2023-04-11-Benfica-Inter-Champions-League-202223-pass-network

MVP GoalPoint: Alessandro Bastoni 👑

Exibição segura do central italiano, que liderou a armada do Inter na noite desta terça-feira no Estádio da Luz. A assistência para o golo inaugural foi apenas um dos pontos de uma exibição na qual assinou três cruzamentos, sete passes progressivos, registou cinco recuperações de bola e nove acções defensivas, entre as quais quatro alívios e três desarmes. O MVP do encontro teve um GoalPoint Rating de 7.5.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Benfica

David Neres 6.6

Em cerca de 28 minutos em campo foi a peça “encarnada” com melhor nota no jogo. Olhando para a queda de produção de vários elementos do ataque, o criativo canarinho mais do que começa a justificar a titularidade. Neste período criou duas ocasiões flagrantes de golo, gizou três passes progressivos e foi eficaz em três dos quatro dribles que arriscou.

Chiquinho 6.2

Boa exibição do médio português, autor de bons pormenores, um remate, apenas seis passes falhados em 61 tentados (eficácia de 90%), 78 acções com a bola e registou, ainda, seis recuperações de posse e sete acções defensivas. 

Gonçalo Ramos 5.9

Jogo ingrato para o ponta-de-lança, que lutou muito, mas que não foi felino nas duas ocasiões que teve para marcar, principalmente a flagrante que falhou no período de descontos. Destacou-se com quatro acções com a bola na área do Inter e três alívios.

Ausrnes 5.8

A primeira parte foi para esquecer, mas surgiu melhor na fase final. Sai de cena com um remate, três passes progressivos, cinco acções com a bola na área contrária, contabilizou 12 perdas de posse e apenas três acções defensivas. 

Vlachodimos 5.5

Sem culpas nos dois golos sofridos, o grego foi autor de duas intervenções. 

Morato 5.4

Na ausência do castigado Otamendi, foi ele a unidade escolhida para formar dupla com António Silva. Começou o jogo com muitas falhas e acabou o duelo com cinco passes de risco acumulados, 101 acções com a bola (máximo no jogo), recuperou a posse por oito vezes, desperdiçou-a em nove ocasiões e chegou às sete acções defensivas.

Gilberto 5.3

Autor de quatro cruzamentos, cinco passes progressivos e 99 acções com a bola, registou, ainda, nove recuperações da posse e perdeu-a em 17 ocasiões.

João Mário 5.3

Não foi feliz no reencontro com a antiga equipa, numa exibição errática em que demonstrou que está a perder gás. Com isso, a falta de discernimento faz com que cometa mais erros do que aquilo que tem sido habitual esta época. Perdeu a bola em 18 ocasiões (máximo no jogo), o árbitro puniu uma acção que originou o 0-2, fez um remate, seis passes progressivos e cinco acções defensivas.

Rafa 4.7

Foi a unidade em campo com pior nota. Após o apagão contra o FC Porto, tentou aparecer mais em campo, mas não foi feliz e saiu de campo com dois remates, seis acções com a bola na área contrária, desperdiçou uma ocasião flagrante de golo, perdeu a posse em dez ocasiões e sofreu três faltas.

Destaques do Inter

Darmian 6.9

Os centrais do Inter foram determinantes no sucesso da equipa e Darmian foi mais um exemplo, denotando muita segurança com a bola nos pés (acerto de 88% no capítulo do passe, com 49 completos em 56 tentados), chegou às sete recuperações de posse e às 12 acções defensivas, um recorde no jogo.

Nicolò Barella 6.7

É o cérebro da equipa e já tínhamos chamado a atenção para a sua importância na manobra da equipa (link). Mais tímido na etapa inicial, revitalizou o ataque da equipa da segunda metade com um golo em dois remates, dois passes super progressivos, três dribles realizados com êxito em cinco tentativas e quatro acções defensivas.

Onana 6.6

Não teve muito trabalho, mas nas duas vezes em que foi chamado a intervir, não vacilou e protagonizou duas óptimas defesas que negaram a festa a Rafa e a Gonçalo Ramos.

Leonel Gomes
Leonel Gomeshttps://goalpoint.pt/
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.