Benfica 🆚 Inter | “Cioccolato” indigesto para Schmidt

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QUEM diria? Ao intervalo, o Benfica vencia de forma autoritária e eficaz o Inter por 3-0, mas adormeceu à sombra do “hat-trick” de João Mário. Os italianos começaram a acelerar, Inzaghi começou a mexer no “xadrez” e a refrescar as peças, Roger Schmidt foi mantendo a aposta nos mesmos homens e, no espaço de 19 minutos, anularam a vantagem das “águias” com os tentos de Arnautović, Frattesi e de Alexis Sánchez. A partida entrou numa fase louca, com chuva, ocasiões a rondarem as duas balizas e a expulsão de António Silva – a segunda nesta edição da Champions. Com o empate – uma espécie de chocolate bastante amargo -, os benfiquistas terão de vencer na deslocação ao reduto do RB Salzburgo e construir uma vantagem de pelo menos dois golos, já o Inter vai discutir em Milão a liderança com a Real Sociedad, que na noite desta quarta-feira empatou a zero ante os austríacos.

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“Nerazzurri” roubam ouro às “águias”

Organizado, pressionante, coeso e com os olhos colocados na baliza adversária. Foi desta forma que o Benfica se apresentou nos primeiros 49 minutos do duelo desta quarta-feira frente ao Inter de Milão. Ainda com o horizonte da Liga Europa nas cogitações, os “encarnados” foram assertivos e dominaram quase por completo um Inter que aterrou na Luz apenas com dois dos habituais titulares – Acerbi e Darmian – no “onze”.

Ainda assim, houve muito mérito das “águias” na forma como conseguiram neutralizar os “nerazzurri” e construir uma confortável almofada de três golos, todos finalizados por João Mário, que se vingou da antiga equipa, e que tiveram o precioso auxílio de Tengstedt. Apenas em duas ocasiões, os italianos deram sinais de vida, primeiro Trubin (26’) não se deixou enganar por Arnautović e em cima do intervalo (42’), Carlos Augusto falhou o alvo já no interior da área “encarnada”.

O médio luso foi a unidade em destaque neste período, com um GoalPoint Rating de 9.8. Além do “hat-trick” (marcou nos três remates que fez), destacou-se, ainda, uma eficácia de 100% nos passes (28 em 28), cinco acções com a bola na área do adversário e sete recuperações de posse.

Parecia que o Benfica tinha construído uma fortaleza que iria sustentar o primeiro triunfo nesta edição da prova milionária, mas o castelo vermelho e branco abanou e quase ruiu no espaço de 19 minutos. O Inter surgiu revigorado, subiu as linhas, foi mais agressivo nos duelos e começou a dar sinais de vida quando Arnautović reduziu (51’), Frattesi (58’) apontou o 3-2 e Alexis Sánchez, da marca de 11 metros, empatou. O Estádio da Luz ficou em choque, gelou por breves instantes, e o jogo entrou num período frenético, de parada e resposta, com o perigo a rondar as duas balizas.

Tengstedt (74’), Di María (83’) e Rafa (89’) ficaram a centímetros de marcar e, já no período de descontos, os “suplentes de luxo” Lautaro (90+2’) e Barrela (90+5’) quase carimbavam a remontada transalpina em Lisboa. Pelo meio, António Silva cometeu falta dura sobre Barrela e foi expulso. Contas feitas, no sexto confronto entre os dois emblemas, o Benfica continua sem vencer, somando quatro derrotas e três empates.

[ O Inter repetiu a receita de 22/23, esperou pelo Benfica e colheu frutos ]

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MVP GoalPoint: João Mário 👑

Na noite em que voltou a defrontar o antigo clube, o médio português regressou às boas exibições e esteve “on fire”, principalmente na primeira metade do encontro em que esteve quase perfeito. Caiu de producção – à semelhança da equipa -, mas ainda assim foi das poucas vias de escape na fase de maior robustez do Inter. Os números do camisola 20 são incríveis, com destaque para três remates enquadrados e outros tantos golos – foi o primeiro “hat-trick” da carreira -, uma eficácia de 96% no capítulo do passe (dois falhados em 50 feitos), cinco acções com a bola na área interista, venceu cinco duelos, perdeu dez, orquestrou quaro conduções progressivas, recuperou a bola em dez ocasiões e cometeu três faltas. Por tudo isto, foi o MVP com um GoalPoint Rating de 9.2

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Benfica

João Neves 7.0

Nesta fase da época, o jovem médio é a alma, coração e pulmão deste Benfica. Cada corte que faz, cada arrancada é festejada como se de um golo se tratasse. Foi o segundo melhor jogador em campo, graças a um remate, um acerto de 90% no capítulo do passe (sete falhados em 67 feitos), cinco passes longos eficazes, ganhou 16 duelos (máximo da noite), perdeu oito, recuperou a posse em 11 ocasiões (outro máximo) e atingiu as 12 acções defensivas (outro recorde).

Trubin 6.5

Sem culpas nos três golos consentidos, protagonizou cinco intervenções e três saídas a soco.

Rafa 5.7

Tentou desequilibrar e foi importante para esticar o jogo na fase de maior domínio do Inter. Gizou um remate, dois passes para remate, três conduções progressivas e dois passes super progressivos.

Casper Tengstedt 5.5

Vai aproveitando as oportunidades e voltou a justificar a titularidade pela forma como deu largura à equipa e pela participação que teve nos três golos de João Mário. Na segunda parte teve duas ocasiões para marcar, mas não foi lesto a decidir. Recebeu quatro passes progressivos, atingiu as seis acções com a bola na área contrária, ganhou dois duelos e perdeu quatro.

Ángel Di María 5.4

Ameaçou com dois remates, no último obrigou Audero a fazer a defesa da noite. Fez cinco passes progressivos e quatro super progressivos.

Otamendi 5.3

É dele a falta sobre Marcus Thruram que redundou no 3-3. Destacou-se com cinco acções defensivas, permitiu três dribles e registou quatro perdas da posse.

Florentino Luís 5.2

Mostrou-se mais atrevido com a bola nos pés e arriscou mais nesse capítulo com 54 passes feitos, oito desperdiçados, sendo que dois foram de risco. Venceu dois duelos, perdeu outros três, acumulou quatro recuperações de posse, 12 perdas e cinco acções defensivas.

Morato 4.8

Tentou jogar de forma segura, objectivo atingido na primeira parte, mas que ficou condicionado pela resposta do Inter no período final. Anotou cinco passes progressivos, seis acções com a bola na área contrária, três conduções progressivas, duas recuperações e quatro perdas da posse.

António Silva 4.4

Contabilizou a segunda expulsão em cinco jornadas, desta feita após uma entrada dura sobre Barrela. Tinha, até então, feito dez acções defensivas, duas recuperações de posse e três perdas.

Destaques do Inter

Davide Frattesi 7.0

Nem é titular indiscutível deste Inter, antes uma espécie de suplente de luxo. Mas nesta noite voltou a reivindicar mais minutos, fruto de um grande golo, seis duelos vencido, seis recuperações de posse, cinco acções defensivas e duas faltas sofridas.

Francesco Acerbi 6.2

Pura qualidade do experiente central de 35 anos, que foi um dos principais impulsionadores dos italianos na parte final. Sai de cena com uma assistência, dois cruzamentos, cinco passes falhados em 83 tentados, acertou cinco dos dois passes longos feitos e atingiu as 96 acções com a bola.

Marko Arnautović 6.0

Viu Trubin negar-lhe o golo na primeira parte, mas nunca desistiu e apareceu na hora certa para começar a construir a resposta do Inter até ao empate com dois remates, 20 acções com a bola e quatro duelos vencidos.

Leonel Gomes
Leonel Gomes
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.