O Benfica está nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, mas teve de sofrer para empatar 3-3 com o Monaco em mais um jogo louco de Champions na Luz, a fazer lembrar o embate do mês passado com o Barcelona. As “águias” não estiveram bem na primeira parte, embora até tenham marcado primeiro. O Monaco enviou duas bolas aos ferros no primeiro tempo, empatou ainda antes do intervalo e colocou-se na frente do jogo, igualando a eliminatória, a abrir a segunda metade. A partir daí o Benfica despertou, fez o 2-2, mas logo a seguir viu-se novamente em desvantagem, antes de Kökçü restabelecer enfim a igualdade a três golos que chegou para carimbar o passaporte para a ronda seguinte.


Acordar na segunda parte
O primeiro remate até pertenceu ao Benfica, mas depressa o Monaco se afirmou como a equipa mais perigosa. Contra a corrente do jogo, porém, foi o Benfica a marcar, numa das escassas seis acções com bola na grande área contrária: recuperação de bola em zona alta de Leandro Barreiro e Pavlidis a assistir Aktürkoğlu. O Monaco não se deixou afectar e continuou a ter mais bola (terminou o primeiro tempo com 59% de posse), a ser mais certo no passe, a ultrapassar com relativa facilidade o meio-campo contrário e a criar perigo, enviando nova bola aos ferros (a segunda) antes de empatar e ameaçar a cambalhota no marcador em cima do intervalo.
A cambalhota no marcador não apareceu a fechar a primeira parte, surgiu a abrir a segunda, com o jogo a manter a mesma toada no arranque do segundo tempo e Ben Seghir a finalizar uma excelente jogada colectiva. O Benfica levou alguns minutos a despertar, mas Bruno Lage mexeu e o Benfica despertou, empatando por Pavlidis, de penálti, só que não tardou a ver-se novamente em desvantagem, com o Monaco a voltar a igualar a eliminatória. Num quarto-de-hora final totalmente aberto, com muitas bolas nas grandes áreas de parte a parte, Kökçü, com um grande desvio a um excelente cruzamento de Carreras, fez então o golo que selou o apuramento.
[ Os posicionamentos médios das duas equipas ]
[ A análise de Bruno Francisco ao triunfo “encarnado” ]
O Jogo em 5 Factos
1. Benfica com pouca bola
O Benfica não conseguiu ter muito tempo de posse de bola (ficou-se pelos 41%). Mostrou-se não só incapaz de a roubar ao adversário a meio-campo, sobretudo na primeira parte, mas errou também demasiados passes do meio-campo para a frente. As “águias” acabaram o jogo com 77 entregas falhadas em 314 tentadas (eficácia de 75%).
2. Poucas perdas em zonas proibidas
Se o Benfica não esteve bem no capítulo do passe, pelo menos não errou a esse nível em zonas proibidas, ao contrário do que aconteceu com alguma frequência em vários jogos há não muito tempo. Foram apenas 13 os passes de risco falhados (mínimo do Benfica nesta Champions) e apenas cinco as perdas de bola no terço defensivo.
3. Monaco aproveitou permissividade a meio-campo
O Monaco terminou o encontro com o seu máximo de conduções progressivas na presente edição da prova. Foram, ao todo, 21, com o Benfica a mostrar dificuldades em travar as conduções com bola do adversário.
4. Monegascos apostaram nos cruzamentos
Esta foi uma das armas que o Monaco usou para tentar causar problemas à defesa do Benfica: os cruzamentos para a grande área das “águias”. Foram 14 no total (ainda não tinha feito tanto nesta Champions) e seis até encontraram o destino certo (recorde da equipa).
5. Equilíbrio nos duelos
Embora a posse de bola tenha pendido claramente para o Monaco e o Benfica tenha permitido um total de 16 desarmes (ainda não tinha sofrido tantos desarmes nesta Liga dos Campeões), a nível de duelos o jogo foi pautado pelo equilíbrio: 63 ganhos pelo Benfica, 62 pelo Monaco. E o mesmo pode ser dito a nível dos duelos pelo ar, com o Benfica a ganhar 50% dos defensivos travados, superiorizando-se nos ofensivos (58%).
MVP GoalPoint: Lamine Camara 
O costa-marfinense esteve em grande no meio-campo, acabando a partida com nada mais, nada menos do que dez recuperações de bola, seis intercepções e cinco desarmes, mas não se limitou a “destruir”. Somou sete passes progressivos e acertou cinco dos seis passes longos que tentou.
Outros Ratings 

Destaques do Benfica
Orkun Kökçü 7.1
Herói do apuramento, ao assinar com classe o golo decisivo, o turco foi também o jogador do Benfica com melhor rating. Além do golo, totalizou três passes para remate, sete passes progressivos e ganhou quatro dos seis duelos que travou, mas ficou-se pelos 79% em termos de eficácia de passe.
António Silva 7.1
Acabou o encontro com 11 alívios num total de 13 acções defensivas, incluindo dois cortes decisivos como último homem. No entanto, foi o jogador do Benfica que mais passes de risco falhou (3).
Nicolás Otamendi 6.5
Sete alívios e quatro intercepções num total de 14 acções defensivas (mais do que qualquer outro jogador do Benfica). Ganhou nove dos 13 duelos que travou (três em quatro pelo ar) e, num jogo em que o Benfica não esteve no seu melhor no passe, Otamendi só errou cinco, acertando nove dos 11 longos que tentou.
Álvaro Carreras 6.2
Uma assistência decisiva a fechar e mais outro passe para remate numa noite em que ainda somou três desarmes, mas em que foi o jogador do Benfica que mais bolas perdeu (19) e em que, ao contrário de outros jogos, se ficou pelas duas conduções progressivas.
Kerem Aktürkoğlu 5.9
Voltou aos golos, muitos jogos depois, e ganhou seis duelos em dez nos 55 minutos em que esteve em campo, mas deixou-se desarmar por três vezes, num total de nove perdas de bola em 25 acções no jogo.
Fredrik Aursnes 5.7
Regressou à equipa após lesão, conquistou uma grande penalidade, foi dos mais acertados no passe (88%), mas acabou por não estar muito em jogo, com apenas 35 acções e só 20 passes recebidos. A defender contribuiu com dois desarmes, num total de três acções defensivas no meio-campo monegasco.
Anatoliy Trubin 4.0
O guarda-redes ucraniano até acabou o jogo com quatro defesas, uma delas a evitar uma ocasião clara de golo, mas terminou o encontro com -1,5 na diferença entre defesas e xSaves, com dois erros a resultarem em golo. No passe também não foi particularmente feliz, errando os dois longos que tentou.
Destaques do Monaco
Maghnes Akliouche 6.9
Foi uma grande dor de cabeça para a defesa do Benfica, com quatro passes para finalização (incluindo uma assistência). Sem medo de ir para cima do adversário, travou uns impressionantes 26 duelos, ganhando 11 e sendo eficaz em cinco dos 11 dribles que tentou. Foi, de longe, o jogador que mais metros progrediu com bola (259).
Eliesse Ben Seghir 6.7
Outra das dores de cabeça para o Benfica. Marcou um golo com um belo remate colocado, num dos cinco disparos que efectuou no encontro, e ainda fez dois passes para finalização, apresentando também uma eficácia de 84% no passe.