Uma estreia auspiciosa a titular e que aguçou o apetite da nação leonina. Conrad Harder precisou de apenas 15 minutos para fazer o gosto ao pé e de mais 34 para ao tento somar uma assistência. O feito coloocou-o no pódio dos pontas-de-lança que viveram melhores estreias ao serviço do Sporting, neste século. Melhor que o dinamarquês? Apenas Fredy Montero (hat-trick em 2013/14 frente ao Arouca) e Viktor Gyökeres, com um bis frente ao Vizela, há pouco mais de um ano.
[ Um StatsCard GoalPoint para Harder recordar: o resumo e rating da estreia ]
Ainda está a 50%, avisa o timoneiro
“É claramente avançado. Fizemos com ele um bocadinho o que fizemos com o Paulinho, que é melhor na ligação. O Conrad ainda não teve muito treino, mas foi muito agressivo e fez um bom golo e uma assistência. Contra blocos baixos, jogando com o Viktor e o Conrad, temos dois jogadores muito fortes a sair para o contra-ataque. Acho que fez um bom jogo, mas acho que ainda está a 50 por cento do que pode fazer”, salientou Rúben Amorim, no final do duelo com o AVS, demonstrando que o tecto do reforço é elevado e que o trabalho de laboratório está a ser feito com paciência em Alcochete.
Segunda contratação mais cara da história dos campeões nacionais – custou 19 milhões de euros –, o viking de 19 anos deixou alguns dos predicados que o fizeram despontar no Nordsjælland.
Um avançado completo, destaca quem sabe (o João Pedro Cordeiro, portanto)
A estampa física poderá enganar os mais desprevenidos, mas o número 19 demonstrou que, no alto do 1,85 cm e 84 quilos, está longe de ser “alto, loiro e… tosco”, consegue ter presença física para ser a referência ofensiva, mas também tem valor para se deslocar para o corredor esquerdo, demonstrando complementaridade com o furacão Viktor, e deambular por toda a linha de ataque. Com as devidas diferenças, poderá fazer parte das tarefas que Paulinho desempenhou com efectividade na época passada.
“Em termos de perfil, o Harder não difere muito do que é Gyökeres. É um avançado centro puro que garante presença física, potência e capacidade de finalização, impressiona a facilidade com que dispara, mas é suficiente móvel – não é um segundo avançado, mas também não é jogador para estar estático na área – e forte a atacar a profundidade. Tem um remate fácil e potente. É muito forte no choque e a segurar a bola de costas para a baliza. Protege muito bem a bola e é difícil ser desarmado. Impressiona a forma como se impõe fisicamente e usa o corpo para ganhar superioridade perante o adversário. É também forte sem bola, sendo muito ativo na tentativa de a recuperar”, a avaliação é feita por João Pedro Cordeiro, reconhecido pela comunidade e pelo nosso Antunes como O “farol” do futebol nórdico em Portugal.
[ O mapa das 22 acções de Harder nos 58 minutos de estreia a titular, frente ao AVS ]
Apesar dos excelentes indícios, Harder é ainda um produto em construção e com margem para evoluir.
“Como seria natural, aos 19 anos, não é um jogador totalmente consistente, tem melhorias a fazer na tomada de decisão e entendimento coletivo do jogo em termos táticos. É um jogador que me parece ter um potencial muito alto, futuro internacional dinamarquês e capacidade para se impor nas principais ligas mundiais. Tem atributos, base de elite, drive competitivo e uma mentalidade muito forte”, acrescenta o autor do MÅL!, site especializado no futebol nórdico.
O internacional sub-19 pela Dinamarca rubricou um vínculo com os “leões” válido por cinco épocas, até 30 de junho de 2029, e tem uma cláusula de rescisão cifrada nos 80 milhões de euros.
[ A primeira vez que o Antunes partilhou dados de Harder, no último defeso ]