OBenfica garantiu, com distinção, o play-off da Liga dos Campeões. Após a derrota dolorosa com o Barcelona e também com o Casa Pia, todos olhavam de lado para esta “águia” imprevisível, na visita à Juventus. Porém, esta formação de Bruno Lage voltou a erguer-se nos grandes jogos, provando ser uma letal formação de contra-ataque, e venceu por 2-0, terminando no 16º lugar da fase de Liga. Em nove jogos, esta foi a sétima vitória benfiquista frente à “vecchia signora” (há um triunfo italiano e um empate), terceira em cinco encontros em Turim.
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Benfica personalizado
O Benfica foi a melhor equipa na primeira parte. Muito bem na ocupação dos espaços, a pressionar bem em zonas adiantadas – foi assim que conseguiu o seu golo -, com critério, e com Florentino a “varrer” tudo na intermediária (chegou aos oito desarmes na primeira metade, a um do recorde da prova em… 90 minutos), os “encarnados” foram criando a melhores ocasiões de golo, contabilizando cinco ocasiões flagrantes contra uma da Juve, mesmo tendo menos bola. O tento de Pavlidis surgiu aos 16 minutos, assistência de Alexander Bah, nesta partida a jogar a lateral-esquerdo.
O segundo tempo foi mais difícil para as “águias”, encostadas à sua área por uma Juve com dificuldades para entrar nesta zona de finalização, recorrendo assim a muitos remates de longe. As transições benfiquistas demoravam a sair e os homens da Luz só começaram a afastar a pressão transalpina com a entrada de Leandro Barreiro que, com Aursnes, deu de novo capacidade de pressão aos lusos em zonas adiantadas. E em cima dos 80 minutos, Pavlidis cruzou, Kerem Aktürkoğlu deixou a bola passar e o compatriota Orkun Kökçü rematou de pronto para o tento que decidiu em definitivo a partida.
[ Juve mais adiantada, mas Benfica mais objectivo ]
[ A análise de Bruno Francisco à vitória do Benfica ]
O Jogo em 5 Factos
1. Desperdício “encarnado”
O benfica ganhou por 2-0, mas poderia ter marcado mais golos. A formação lusa criou seis ocasiões flagrantes, contra apenas uma da Juve, mas falhou cinco (três por Pavlidis), o quarto valor mais alto da Champions.
2. Juve mais ofensiva
A turma italiana teve mais bola (65%) e iniciativa, mas no final há números que não são assim tão diferentes dos do Benfica. A Juve somou 29 acções com bola na área benfiquista (o seu valor mais alto), mas os lusos 22, mesmo jogando recuados, e também nos remates as coisas foram equilibradas (17-15, 4-6 enquadrados).
3. Italianos obrigados à meia-distância
Como referido anteriormente, a Juventus até entrou na área do Benfica com regularidade, mas sentiu dificuldades para ter lances de qualidade nessa zona. Por esse motivo, dos 17 remates que realizaram, os transalpinos fizeram sete de fora da área, também valor mais alto da equipa nesta Champions. Aliás, três dos quatro enquadrados dos homens da casa foram de disparos de longe. Competência benfiquista no momento defensivo.
[ Os remates da Juve ]
4. Muitos desarmes
O Benfica fazia, em média, 21 desarmes por jogo. Nesta partida chegou aos 32, máximo da equipa na competição, com Florentino a registar nove só na primeira parte.
[ Os 32 desarmes do Benfica ]
5. Benfica aprende a travar o drible
Os “Benficas” de Lage, na primeira e na segunda passagem, tinham um “defeito”, que era permitir muitos dribles aos adversários. Nesta partida aconteceu o inverso e a Juventus acumulou 21 dribles incompletos, terceiro valor mais alto da competição.
MVP GoalPoint: Vangelis Pavlidis 
O destaque de MVP do atacante grego não se limita ao golo que marcou. Pavlidis parece talhado para a Champions, leva cinco golos na prova e voltou a marcar bem cedo. Depois trabalhou muito, fez a assistência para o 2-0, ganhou sete de 11 duelos, enquadrou os seus três remates, criou uma ocasião flagrante em dois passes para finalização, falhou somente um de 17 passes, recebeu oito passes progressivos, acumulou seis acções com bola na área contrária e ainda assinou três acções defensivas no meio-campo contrário. Nem as três ocasiões flagrantes perdidas (igualou máximo da prova) lhe retiram o melhor rating.
Outros Ratings 
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Destaques da Juventus
Manuel Locatelli 7.3
O italiano entrou aos 16 minutos para o lugar do lesionado Pierre Kalulu e acabou por ser o melhor da Juve, com sete duelos ganhos em nove, 93 passes certos em 103, nove passes longos certos em 15, mais 15 progressivos em 116 acções com bola, tudo máximos da partida. Destaque ainda para dez recuperações de posse, três desarmes e um corte decisivo.
Francisco Conceição 6.4
O único jogador da Juve que conseguiu agitar verdadeiramente a partida para o lado dos da casa. Conceição criou a única ocasião flagrante dos italianos, fez dois passes para finalização, teve sucesso em dois de nove cruzamentos, errou apenas dois de 31 passes, completou quatro (máximo) de nove tentativas de drible e assinou sete conduções progressivas.
Destaques do Benfica
Florentino 7.0
Jogo enorme do médio, que só não tem melhor nota por ausência de acções ofensivas. Ao intervalo já Florentino havia igualado o máximo de desarmes num jogo da Champions, nada menos que nove, não fazendo mais nenhum no segundo tempo (apesar de a Opta ter atribuído um décimo, que acabou por retirar/corrigir pouco depois). Terminou como o jogador com mais acções defensivas (20), com destaque ainda para quatro intercepções.
Orkun Kökçü 6.5
O turco sente alguma dificuldades a jogar quase lado a lado com Florentino, quando defronta equipas que dominam e pressionam no ataque. Foi isso que aconteceu mais uma vez (como tinha sucedido com o Barcelona), somando somente quatro acções defensivas, mas com as substituições acabou por ter mais liberdade para subir e marcou o golo que fechou a partida. Terminou com três remates e uma ocasião flagrante criada.
António Silva 6.4
O central, que já foi alvo insistente da Juventus, mostrou aos italianos a sua qualidade. António Silva acumulou 13 acções defensivas – dois desarmes, oito alívios e três bloqueios de remate (estes últimos máximos do encontro).
Trubin 6.3
O ucraniano tem realizado algumas exibições menos conseguidas, mas em Turim este sólido, terminando com cinco defesas e 0,7 golos evitados (defesas – xSaves).
Tomás Araújo 5.9
Desta feita o central feito lateral não teve grandes possibilidades de subir no terreno, mas ganhou dois de quatro duelos aéreos defensivos e somou seis desarmes. Esteve menos bem no passe, com seis de risco falhados (máximo) e somou quatro perdas de posse no primeiro terço.
Alexander Bah 5.8
O dinamarquês viveu momentos de apuros perante Francisco Conceição, perdendo os três duelos com o português, mas acabou por sair por cima devido à assistência que fez para o 1-0. De realçar, pela positiva, as três acções defensivas no meio-campo contrário, pela negativa os três dribles consentidos no primeiro terço.