Nacional 🆚 Porto | Dragão perde o rumo mesmo sem nevoeiro

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Grande surpresa na Choupana. Desta feita o nevoeiro não apareceu, pelo menos no terreno de jogo. Na equipa portista a ideia foi que pelo menos os “dragões” jogaram sob um impenetrável manto de névoa que lhes impedia de ler o jogo, antecipar os lances ofensivos do Nacional e gizar jogadas de ataque. Os insulares marcaram dois golos numa primeira metade em que os da Invicta não registaram qualquer disparo. No segundo tempo os visitantes criaram perigo, mas o os anfitriões nunca perderam verdadeiramente o controlo dos acontecimentos. Foi a terceira derrota do Porto nesta Liga, a primeira ante um adversário que não Benfica ou Sporting.

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Um Nacional sem complexos

Surpreendente a forma como o Nacional reentrou na partida, nove dias depois da suspensão do jogo devido ao nevoeiro. Pouco tempo após o reatamento, Dudu cabeceou para o golo dos insulares, assistência de Gustavo Garcia da direita. O Porto tentou reagir, mas nunca mostrou qualidade para ultrapassar a defesa nacionalista, com os da casa a chegarem com muita facilidade junto da baliza de Diogo Costa em transição. E em cima dos 45 minutos, Zé Vítor, também de cabeça, fez o 2-0, assistência do ex-portista Bruno Costa. O “dragão” chegou ao intervalo sem qualquer remate.

Os “dragões” reentraram de outra forma, mais pressionantes e com diversos remates e ocasiões de golo, nomeadamente por Samu e Deniz Gül, mas mesmo assim sem grande convicção. O Nacional, por seu turno, perdeu muita capacidade ofensiva e o primeiro remate que conseguiu desde o intervalo aconteceu apenas aos 71 minutos. Ainda assim, defensivamente os insulares foram-se mantendo sólidos e não permitiram que os portistas reduzissem sequer o défice.

[ Mais Porto, em especial devido à pressão na segunda parte ]

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O Jogo em 5 Factos

1. Deserto ofensivo

A primeira parte do Porto foi sofrível. Em termos ofensivos, os “azuis-e-brancos” não existiram, chegando ao intervalo com— zero remates, contra seis dos nacionalistas. Todos os 13 disparos e os 0,9 Golos Esperados (xG) dos visitantes aconteceram somente no segundo tempo.

2. Relação difícil com a área

Também apenas na segunda parte os “dragões” descobriram os caminhos para a área insular. Das 25 acções com bola nesta zona do terreno, só sete aconteceram na etapa inicial.

3. Pouca pressão, mesmo a perder

Os “azuis-e-brancos” estiveram quase o jogo todo (do reatamento) a perder, mas nem por isso a equipa mudou a sua forma de jogar, não apostando especialmente na pressão. Prova disso o facto de o Porto ter terminado o desafio com apenas nove acções defensivas no meio-campo contrário.

[ Todas as acções defensivas do Porto ]

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4. Transições dão nisto

O Nacional apostou muito no contra-ataque, para tentar aproveitar uma defesa portista algo subida. Consequência desse facto, os insulares caíram quatro vezes em situação de fora-de-jogo, novo máximo da equipa na prova.

5. Nacional ganhou nos duelos

O Porto estava a mostrar uma agressividade diferente nos últimos tempos, mas neste jogo os seus jogadores estiveram mal nos duelos individuais. O Nacional ganhou 56, mais 12 que os comandados de Vítor Bruno.

[ A vermelho os duelos ganhos pelo Nacional, a azul os do Porto ]

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MVP GoalPoint: Zé Vítor 👑

Enorme jogo do central nacionalista. Zé Vítor não só marcou o segundo golo do desafio, como esteve impecável nos duelos. Em dez venceu nove, sendo que o único que perdeu foi um de cinco duelos aéreos defensivos (ganhou os outros quatro). E ainda terminou com 13 acções defensivas, com destaque para nove alívios.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Nacional

Gustavo Garcia 6.8

Belíssimo jogo do lateral-direito, que começou por fazer o cruzamento para o primeiro golo do jogo (assistência). Gustavo criou mesmo duas ocasiões flagrantes nos dois passes para finalização que realizou e ainda registou três intercepções. De negativo as quatro perdas de posse no primeiro terço, máximo negativo.

Lucas França 6.7

Quando o Porto “acordou” após o intervalo, o guarda-redes do Nacional teve de entrar em acção e fê-lo com qualidade. Lucas terminou com três defesas, todas a remates na sua grande área e uma a travar uma ocasião flagrante de Samu.

Destaques do Porto

Galeno 6.3

O brasileiro voltou a jogar a lateral-esquerdo e foi o melhor dos “dragões”. Galeno fez dois passes para finalização, somou o máximo de conduções progressivas (4), super progressivas (2) e de recuperações de posse (11), mas também pecou no máximo de perdas de posse (27) e perdeu dez de 14 duelos.

João Mário 6.2

Talvez o principal dinamizador do futebol portista. João Mário criou uma ocasião flagrante em dois passes para finalização, somou três conduções progressivas, completou as duas tentativas de drible e foi o jogador que mais cruzamentos de bola corrida tentou (6). O problema é que não teve eficácia em nenhum.

Otávio 5.8

O central brasileiro foi o jogador que mais passes tentou (84) e que mais entregas completou (74), tendo sido também o elemento com mais acções com bola (99). Destaque ainda para quatro desarmes (máximo) e um corte decisivo.

Eustaquio 5.7

O médio esteve bem sobretudo no passe, mas sem arriscar muito. Criou uma ocasião flagrante no único passe para finalização que fez, completou sete de dez passes longos, fez sete progressivos e três super progressivos (ambos máximos), mas não fez qualquer remate e apenas somou quatro acções defensivas (três desarmes).

Rodrigo Mora 4.7

O  craque portista esteve “ausente”. Nenhum remate, zero passes para finalização, três passes falhados em sete e cinco perdas em 15 posses. Muito pouco.

Samu 4.6

O pior rating do jogo. O atacante espanhol esforçou-se, somou sete acções com bola na área insular (valor mais alto), mas em quatro remates (máximo) falhou duas ocasiões flagrantes, foi desarmado quatro vezes e assinou quatro maus controlos de bola.

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.