Portugal 🆚 Dinamarca | Final four recheada de sofrimento

-

Portugal está na final four da Liga das Nações, onde irá encontrar a Alemanha. A formação das “quinas” esteve bem melhor do que na primeira mão e bateu a Dinamarca por 5-2, após prolongamento, após um jogo que foi uma autêntica “montanha-russa”, com bons momentos intercalados com outros de superioridade nórdica. Contudo, prevaleceu a melhor qualidade dos portugueses, que acabaram por desequilibrar com os homens saídos do banco, com Trincão a bisar. Ainda assim, muitas coisas a rever por Roberto Martínez.

GoalPoint-2025-03-23-Portugal-Denmark-UEFA-Nations-League-2024-Ratings

Solução saiu do banco

A primeira parte serviu, pelo menos, para anular a desvantagem trazida da Dinamarca. Portugal entrou muito dominador, desperdiçou uma grande penalidade por Ronaldo logo aos seis minutos, após falta de Patrick Dorgu sobre o capitão luso, mas aos poucos a formação das “quinas” foi perdendo o controlo do jogo, apesar de manter mais bola e iniciativa ofensiva. Até que, aos 38 minutos, Joachim Andersen fez autogolo de cabeça, num lance confuso na área, resolvendo um problema que Portugal não conseguia ultrapassar. Destaque para os cinco foras-de-jogo dos lusos na primeira parte, igualando o máximo da equipa na prova, mas desta feita em apenas 45 minutos. 

Portugal recomeçou a partida desconcentrado, com muitas perdas de posse e sem ligação entre os sectores e, aos 56 minutos, após um canto, Rasmus Kristensen cabeceou para o empate. Os dinamarqueses rematavam mais, eram mais perigosos e anulavam com alguma facilidade as transições lusas. O jogo estava desorganizado e foi num lance de sorte que Cristiano empatou, após um remate de Bruno Fernandes que embateu no poste, em Kasper Schmeichel e sobrou para CR7. Só que um erro enorme de Rúben Dias deu a Dorgu a possibilidade de assistir Christian Eriksen para um 2-2 fácil.

Parecia que Portugal iria dizer adeus à Liga das Nações, mas perto do fim, Nuno Mendes amorteceu para um grande golo de Francisco Trincão, o seu primeiro ao serviço da Selecção. E o seu segundo não tardou, logo no arranque do prolongamento em mais uma recarga a uma primeira defesa de Schmeichel. A Dinamarca sentiu o toque, a energia já não era a mesma e Portugal foi criando muito perigo em contra-ataque, fechando as contas por Gonçalo Ramos aos 115 minutos. Que venha a Alemanha na final four.

[ Equilíbrio final nos posicionamentos médios ]

GoalPoint-2025-03-23-Portugal-Denmark-UEFA-Nations-League-2024-pass-network

O Jogo em 5 Factos

1. Portugal dos foras-de-jogo

Este foi o jogo da Liga das Nações 2024/25 com mais foras-de-jogo. Foram, ao todo, oito e, pasme-se, todos para Portugal. Só Ronaldo contabilizou três.

GoalPoint-2025-03-23-Portugal-v-Denmark-HOME-offsides-default-point

2. Desinspiração no drible

A turma das “quinas” fixou o seu recorde de tentativas de drible, nada menos que 34. Porém, só teve sucesso em oito, registando, assim, o segundo valor mais elevado de dribles incompletos da Nations League (26).

GoalPoint-2025-03-23-Portugal-v-Denmark-HOME-dribbles-default-point

3. Máximo de Golos Esperados

Verdade que este jogo teve prolongamento, mais tempo de jogo e dois golos, um deles de encostar, mas no final o que fica são os dados e Portugal acumulou o seu máximo de Golos Esperados (xG) nesta Liga das Nações, com 3,33.

4. Boa pontaria lusa

O número total de remates de Portugal não foi de grande monta (18), mas os enquadrados sim. Ao todo foram 11 os disparos lusos que descobriram a baliza de Schmeichel, novo máximo da Selecção na prova (o anterior registo era de sete).

[ A azul e amarelo (golos) os remates enquadrados de Portugal ]

GoalPoint-2025-03-23-Portugal-v-Denmark-HOME-shots-default-line

5. Muitos duelos ganhos, mas…

Portugal fixou o seu máximo de duelos ganhos na prova (71), contudo, esse número tem um “mas”. O prolongamento aumentou o tempo de jogo e o acumular destes lances e, mesmo a olho, notava-se que a Dinamarca estava mais forte neste aspecto e ganhava também muitas segundas bolas. Por isso, não espantam os 84 duelos individuais ganhos pelos nórdicos.

MVP GoalPoint: Francisco Trincão 👑

O extremo de Portugal teve uma noite de sonho no “seu” Estádio de Alvalade. Entrado aos 81 minutos com o jogo empatado 2-2 e com a turma lusa em desvantagem na eliminatória, Trincão estreou-se a marcar pela Selecção com um grande golo, bisou no arranque do prolongamento e foi o MVP da partida, com dois remates enquadrados em dois tentados. E que remates.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques de Portugal

Bruno Fernandes 7.4

O médio do United não marcou, nem assistiu, mas esteve em todas. Além de quatro remates, dois enquadrados, registou quatro passes para finalização, 12 progressivos, um dos máximos de acções com bola (114) e de recuperações de posse (10). Pecou nos passes errados (19, valor mais alto) e nas perdas de posse (30, máximo).

Gonçalo Ramos 7.3

A entrada do avançado do PSG derrubou em definitivo a defesa dinamarquesa. Entrado no arranque do prolongamento, Ramos fez um golo “de encosto” e ganhou quatro de cinco duelos individuais, incluindo dois aéreos ofensivos.

Gonçalo Inácio 7.0

O central foi um dos esteios da Selecção, sempre muito atento sempre que os dinamarqueses atacavam com perigo e isso aconteceu diversas vezes. Inácio acertou 90% dos seus passes, acumulou 102 acções com bola e assinou 15 acções defensivas, entre elas três desarmes e outras tantas intercepções.

Nuno Mendes 6.6

Sempre um dos mais activos, embora tenha tido algumas dificuldades no seu flanco em especial devido a Kristensen. Contudo, acabou como um dos melhores de Portugal, apesar de ter ganho somente cinco de 15 duelos. Nuno Mendes fez uma assistência, para o primeiro golo de Trincão, criou uma ocasião flagrante em cinco passes para finalização (máximo), somou 104 acções com bola e quatro conduções progressivas.

Rúben Dias 6.5

O central viu um amarelo que o tira do jogo das meias-finais com a Alemanha, mas fez um jogo de qualidade e muita luta. Além de 114 acções com bola, ganhou os cinco duelos aéreos defensivos em que participou (venceu 12 dos 18 duelos individuais), recuperou dez vezes a posse de bola e acumulou 16 acções defensivas, incluindo 12 alívios. A nota sobre um corte devido ao erro grave que permitiu o 2-2 para a Dinamarca.

Cristiano Ronaldo 6.0

O capitão esteve um pouco “fora” do jogo e a nota é sustentada, fundamentalmente, pelo oportuno golo que marcou e que tinha apenas 29% de possibilidade de êxito. O capitão foi o mais rematador, com seis disparos, cinco enquadrados, recebeu 12 passes progressivos, acumulou sete acções com bola na área contrária e sofreu falta para grande penalidade. De negativo as duas ocasiões flagrantes perdidas no primeiro tempo, entre elas um penálti, e os cinco passes falhados em 16.

Destaques da Dinamarca

Kasper Schmeichel 7.4

O jogo teria sido mais fácil para Portugal não fosse o grande jogo de Kasper Schmeichel. Apesar de ter sofrido cinco golos, o veterano guardião fez sete defesas, duas a travar as ocasiões flagrantes de Ronaldo (travou o seu penálti) e evitou 0,3 golos (defesas – xSaves).

Rasmus Kristensen 7.2

O lateral-direito foi um quebra-cabeças para Portugal. Não só marcou um golo, de cabeça, como ganhou dez de 16 duelos individuais (incluindo quatro de cinco com Rafael Leão) e assinou o máximo de desarmes na partida (8).

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.