Q UE sufoco. À boa maneira nacional, Portugal sofreu a bom sofrer, mas conseguiu cortar a meta dos quartos-de-final. Sempre com mais iniciativa, mas com pouca perícia nos momentos de definição, a turma lusa foi adiando a resolução da eliminatória e dando esperanças à Eslovénia. Já no prolongamento, com o nulo a perdurar, Cristiano Ronaldo não aproveitou a soberana ocasião que surgiu após uma grande penalidade, pouco depois Diogo Costa começou a vestir a pele de herói com uma defesa fenomenal perante Šeško. Do desempate da marca dos 11 metros, o guardião agigantou-se ainda mais, defendeu as três tentativas eslovenas, as de CR7, Bruno Fernandes e Bernardo Silva foram certeiras a abriram as portas dos “quartos”. Na próxima sexta-feira, o adversário será a França.
Penáltis bons, penálti mau
Boa primeira parte da turma nacional, que actuou com intensidade, construiu bastante volume ofensivo, mas não foi certeira nos momentos de finalização, faltando sempre um “bocadinho assim” para executar com outra eficiência. O remate de Palhinha, no último suspiro, foi o exemplo perfeito. A Eslovénia remeteu-se a defender a baliza de Oblak e apenas assustou em cima do intervalo com um remate de Šeško.
Com Cancelo endiabrado pelo corredor direito, Portugal deixou em sobressaltos a defensiva contrária, mas o acerto na finalização (voltou) a deixar a desejar. A saída de Vitinha para a entrada de Jota partiu a equipa lusa e apenas beneficiou os contragolpes de Šeško e companhia. Em cima dos 90’, CR7 desperdiçou uma soberana ocasião para “matar” o jogo, abrindo as portas do prolongamento.
Estava a ser uma primeira parte paupérrima por parte de Portugal, sem rasgo, sem criatividade, sem velocidade, até que Diogo Jota resolveu quebrar o marasmo, pegou na bola, entrou na área e foi derrubado por Drkušić. Grande penalidade assinalada, mas da marca dos 11 metros, Oblak voou e impediu a festa de CR7. Diogo Costa foi gigante, limpou um erro crasso de Pepe e protagonizou uma intervenção enorme após um “tiro” de Šeško. Com tudo empatado, as decisões passaram para a marca dos 11 metros.
Iličić parou na muralha Diogo Costa, Cristiano Ronaldo, desta feita, enganou Oblak, o guardião nacional voltou a brilhar perante o remate de Balkovec, Bruno Fernandes dilatou a vantagem, Diogo voltou a estar intransponível na tentativa de Verbic e Bernardo Silva não tremeu e colocou Portugal na rota dos quartos-de-final!
[ Nuno Mendes (19) sempre muito em jogo no passe ]
O Jogo em 5 Factos
(Quase) Sem direcção – Não obstante o maior volume “tuga”, com cinco remates, um dos quais nos ferros, 64% da posse e 12 acções com a bola na área contrária, o único disparo enquadrado na primeiro metade pertenceu aos eslovenos.
Reis dos dribles – Portugal arriscou e acabou por completar com eficácia 24 dos 45 dribles que arriscou ao longo do jogo. Um novo recorde na competição.
Sem ideias – A partir da saída de Vitinha, Portugal perdeu discernimento e começou a abusar dos cruzamentos. No total, foram 31, sendo que apenas oito foram eficazes.
Matreiros e faltosos – A Eslovénia não pensou duas vezes sempre que teve de “matar” as jogadas contrárias. Acabou o duelo com 17 faltas cometidas, face às oito portuguesas.
Bruno sem inspiração – Bruno Fernandes saiu de cena com 20 passes falhados (novo recorde negativo na competição), venceu cinco duelos e perdeu 12.
MVP GoalPoint: Diogo Costa
Enorme. Gigante. O guardião luso “carregou” a selecção de todos nós com uma magnífica exibição. Começou por brilhar com duas intervenções, na mais complicada deteve a tentativa de Šeško e no juízo final das grandes penalidades não deu hipóteses e defendeu com classe as tentativas de Iličić, Balkovec e de Verbic, algo inédito na fase final de um campeonato da Europa. Foi o MVP do encontro com um GoalPoint Rating de 8.6.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques de Portugal
João Palhinha 7.8
Foi essencial na manobra da equipa e destacou-se com eficácia no trabalho de “sapa” com 21 duelos conquistados – recorde na prova -, apenas nove perdas da posse, 17 acções defensivas, entre os quais nove desarmes (mais um máximo), dez recuperações da posse, 98 acções com a bola, três remates (um dos quais nos ferros), pecou nas 15 perdas de bola e nos 14 passes falhados (eficácia de 78%).
João Cancelo 7.0
Quando lhe pedem que faça aquilo que melhor faz é um dos melhores laterais-direitos do mundo. Destacou-se com cinco cruzamentos (um eficaz), oito passes progressivos recebidos, 112 acções com a bola – seis na área contrária -, ganhou 14 duelos, perdeu 12, foi eficaz em seis dos nove dribles que tentou, acrescentou ainda cinco conduções progressivas, 22 perdas da posse, quatro desarmes sofridos e dez acções defensivas.
Diogo Jota 6.4
Imprimiu outra objectividade ao ataque com um remate, 25 acções com a bola – três na área contrária -, sies duelos conquistados, seis perdidos, nove perdas da posse e duas faltas sofridas, uma das quais a que resultou na grande penalidade falhada por CR7.
Bruno Fernandes 6.3
Nem sempre decidiu da melhor forma e foi perdendo preponderância quando recuou no terreno, ainda assim, esteve num bom plano com um remate, quatro passes para remate, nove centros (três certeiros), 20 passes falhados (recorde negativo na prova), 120 acções com a bola, conquistou cinco duelos, perdeu 12, consentiu cinco desarmes (igualando o número mais alto na competição) e chegou às 37 perdas da posse (outra marca negativa).
Rafael Leão 6.3
Fez a melhor exibição até ao momento na prova, destacando-se com dois passes para remate, dois cruzamentos eficazes em quatro tentados, quatro passes progressivos, três acções com a bola na área contrária, sete duelos vencidos, seis perdidos, quatro dribles eficazes em oito (máximo no jogo), seis conduções progressivas (outro recorde), seis recuperações de bola e 11 perdas.
Pepe 6.0
Manteve a bitola até ao momento em que, aos 115′, ia oferecendo o ouro aos eslovenos, valendo a intervenção de Diogo Costa. Ganhou seis dos sete duelos aéreos defensivos em que participou, foram oito as recuperações de posse, 16 as perdas e 14 as acções defensivas.
Nuno Mendes 6.0
Sempre regular, conquistou 11 duelos, perdeu 14, acertou cinco em sete dribles tentados, acumulou seis conduções progressivas, oito acções defensivas e sofreu quatro desarmes.
Vitinha 5.6
Estava a ser a peça com mais criatividade no “miolo” e causou estranheza que tenha saído tão cedo. A partir dos 65′ o jogo nacional perdeu fluidez e partiu-se. O médio rubricou três remates, falhou apenas um dos 52 passes que fez (eficácia de 98%), atingiu as 64 acções com a bola – duas na área adversária –, venceu dois duelos, acertou os dois dribles tentados, recuperou a posse por duas vezes e perdeu-a em quatro ocasiões.
Cristiano Ronaldo 5.1
Foi o mais rematador em campo com oito tentativas – novo recorde neste EURO -, metade foram enquadradas, incluindo o penálti falhado, alcançou as 37 acções com a bola, sete das quais na área contrária (máximo na partida), ganhou quatro duelos, perdeu nove e venceu apenas dois dos seis duelos aéreos em que participou.
Destaques da Eslovénia
Jan Oblak 8.5
Agigantou-se e foi uma pedra no caminho luso. Exibiu-se com seis intervenções, umas das quais opondo-se à grande penalidade batida por Cristiano Ronaldo. Ao todo, evitou 1,4 golos (defesas – xSaves). Com a bola nos pés acertou sete em 13 passes longos tentados, sete passes progressivos e três super progressivos.
Jaka Bijol 6.2
É umas revelações da prova. Alcançou as 15 acções defensivas, entre as quais dez alívios.