Portugal 🆚 Liechtenstein | Goleada sem brilho na estreia de Martínez

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Fácil, mas longe de brilhante, a estreia de Portugal na fase de qualificação do EURO 2024 e a de Roberto Martínez no banco da selecção lusa. O técnico espanhol cantou o hino e colocou a turma nacional a jogar um futebol ofensivo, num novo figurino táctico e com algumas (poucas) surpresas, mas a lentidão de processos e o recuo total do Liechtenstein não deixaram Portugal brilhar. Quatro foram os golos, dois do capitão Cristiano Ronaldo, um de João Cancelo e outro de Bernardo Silva, e para a história ficam apenas os golos e um arranque ainda assim positivo no apuramento. Segue-se o Luxemburgo.

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Jogo de um só sentido

Como já se antevia, Roberto Martínez manteve-se fiel ao seu 3-4-3, que implementou na Bélgica, e apresentou uma formação das “quinas” muito diferente do habitual em termos de ideia de jogo, não tanto no “onze”. Realce para Gonçalo Inácio, em estreia absoluta pela selecção, no trio de centrais, mas também para João Palhinha como médio mais recuado e Cristiano Ronaldo, titular na nova era – que lhe permitiu tornar-se no mais internacional jogador de sempre, com 197 partidas.

O domínio e superioridades de Portugal foram totais. Pressão, ataques, muitos ataques, mas muita lentidão na circulação da bola e previsibilidade nos cruzamentos, o que ia ajudando o Liechtenstein a afastar o perigo. Contudo, logo aos oito minutos, João Cancelo rematou de zona frontal, a bola desviou n o mar de pernas na área, Benjamin Büchel ficou mal na fotografia e os lusos colocaram-se na frente.

Até ao intervalo foi mais do mesmo, mas sem rasgo e intensidade no futebol, pelo que, apesar do amplo domínio, não houve mais golos. E o MVP nesta fase era João Palhinha, com um GoalPoint Rating de 7.0, com dois passes para finalização, um de ruptura e nove duelos aéreos ganhos em 12.

 

O segundo tempo começou praticamente com o 2-0, marcado por Bernardo Silva, a aproveitar um corte incompleto da defesa contrária na grande área, após cruzamento de João Cancelo. O ala voltou a estar no terceiro de Portugal, logo a seguir, ao ser travado em falta na área por Jens Hofer. Cristiano Ronaldo (51′) não falhou.

Aos 57 minutos, Cristiano bisou… mas o golo foi anulado por fora de jogo do capitão, mas aos 63 contou mesmo, com CR7 e atirar uma “bomba” de livre directo, sem hipóteses de defesa. Parecia que o avolumar do resultado iria continuar, mas o futebol de Portugal prosseguiu sem grande velocidade e critério, pelo que não mais o marcador sofreria alterações.

[ Nunca vimos um posicionamento médio assim ]

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MVP GoalPoint: João Cancelo 👑

Que grande jogo do ala luso, a querer dar uma sapatada na época menos conseguida até ao momento. Cancelo começou por abrir o activo na primeira parte, com alguma sorte, é verdade, mas na segunda prosseguiu com o seu recital, estando no cruzamento que acabou no 2-0 de Bernardo Silva e sofrendo a falta que deu grande penalidade e o 3-0. Melhor em campo com um GoalPoint Rating de 9.0, fez quatro remates, três enquadrados, somou 11 passes ofensivos valiosos, teve sucesso em dois de dez cruzamentos de bola corrida, acumulou o máximo de acções com bola do jogo (116) e completou seis das oito tentativas de drible.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques de Portugal

Bruno Fernandes 7.6

Um desempenho “invisível”, mas de grande nível do médio do Manchester United. Bruno registou mesmo o segundo melhor rating do jogo, com três remates, todos de fora da área, incríveis oito passes para finalização, máximo da partida, mas também 12 passes ofensivos valiosos, dez progressivos e três super progressivos.

João Palhinha 7.5

O médio-defensivo terminou com números pouco vistos. Com quatro remates, dois enquadrados, o destaque vai inteirinho para nove duelos aéreos defensivos ganhos em 11, somando ainda cinco acções defensivas no meio-campo contrário, três intercepções e quatro bloqueios de passe. No total ganhou 20 dos 27 duelos que disputou.

Cristiano Ronaldo 7.1

A primeira parte foi pálida, apesar de ter estado muito em jogo, mas a segunda valeu a pena. O capitão marcou dois golos, um de penálti, outro num excelente livre directo, e foi o mais rematador do encontro, com seis disparos, três enquadrados. Pena a flagrante desperdiçada.

Bernardo Silva 6.8

O criativo do City fez um dos golos do encontro, completou 37 dos 41 passes que realizou e registou sete acções com bola na área contrária.

João Félix 6.8

Jogo muito interessante de Félix, em especial no primeiro tempo. O jogador do Chelsea fez dois passes para finalização, um de ruptura, e ajudou com três acções defensivas no meio-campo contrário e dois desarmes. Tentou sempre arrancar um último passe de qualidade.

Raphaël Guerreiro 6.4

Muito activo no flanco esquerdo, o ala fez três passes para finalização, 11 ofensivos valiosos e completou a totalidade dos 71 passes que realizou, algo pouco visto.

Rúben Dias 6.4

Não teve muito trabalho defensivo, além de dez recuperações de posse, mas esteve muito bem no passe, com 95 certos em 99 (96%), acertou os cinco longos e fixou o máximo de conduções aproximativas (8).

Gonçalo Inácio 6.3

Finalmente a estreia do central leonino pela selecção. Inácio esteve seguro, registando 11 recuperações de posse, e no passe completou 90 de 94 (96%), registando ainda o segundo valor mais alto de acções com bola (105).

Destaque do Liechtenstein

Benjamin Büchel 5.8

O lance do 1-0 pode ter ficado na retina pelo lado negativo, mas o guardião do Liechtenstein foi o melhor da sua equipa, com sete defesas, três a remates na sua grande área, e ainda registou cinco saídas pelo ar eficazes.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.