MARCOS Leonardo é o primeiro reforço de Inverno do Benfica. O avançado chegou proveniente do Santos, custou €18M, rubricou um vínculo válido até 30 de Junho de 2029 e tem uma cláusula de rescisão no valor de €150M. Apesar da tenra idade, o dianteiro tem uma experiência assinalável e, desde 2020, altura em que ingressou na equipa principal do “Peixe da Baixada Santista”, contabilizou 168 jogos, apontou 54 golos e gizou nove assistências.
Potencial não falta ao internacional Sub-20 “canarinho” que, no entanto, vai precisar de tempo para se adaptar a um novo contexto e de continuidade para poder entrar na dinâmica preconizada por Roger Schmidt. “Estamos felizes por ele ter assinado, é um grande talento jovem”, explicou há poucos dias, em conferência de Imprensa, o treinador das “águias”.
Como joga e quem é Marcos Leonardo?
Com características diferentes de Arthur Cabral, Musa e de Casper Tengstedt, o novo número “36” das “águias” destaca-se por ser um avançado com uma boa mobilidade, é agressivo, robusto fisicamente, inteligente nas desmarcações que faz, com facilidade para utilizar os dois pés e o jogo aéreo – consegue antecipar-se aos defensores –, não obstante ter apenas um 1,74m e 70 quilos. É felino a finalizar, versátil, procura receber a bola em apoio, mas também é forte a atacar a profundidade e a explorar as diagonais curtas, de dentro para fora.
Dentro da área, ataca de forma assertiva o primeiro poste e não precisa de muitos toques na bola antes de finalizar. “Desde criança que treinei com os dois pés, a rematar de pé direito e de esquerdo”, reconheceu, em declarações prestadas à BTV, o ponta-de-lança. Marcos tem, como é óbvio, aspectos que pode e deve melhorar. A saber: denota lacunas quando joga de costas para as defesas, não é tão eficaz nos passes quando se associa com os colegas e ainda poderá aumentar o ritmo e a intensidade com que joga. No processo defensivo, o jogador de 20 anos poderá burilar os espaços que ocupa e a sagacidade para saber quando e como deverá pressionar os adversários.
Leonardo versus Musa e Arthur Cabral, o que dizem os números?
Comparado o desempenho do número “36” com dois dos três colegas com quem vai lutar pela titularidade – Casper Tengstedt está lesionado e só deverá estar de volta às opções em meados de Fevereiro -, verificamos que Petar Musa é quem melhor se sai em quase todos os diversos parâmetros que analisámos.
O “suplente de luxo” é quem tem mais acções com a bola a cada 90 minutos, acções para golo, remates de bola corrida, duelos ganhos (%), o que regista menos perdas de posse e o que mais participa nas acções defensivas no meio-campo contrário, ficando em segundo no que diz respeito aos passes para remate, onde o mais recente reforço se destacou, no último Brasileirão, com uma média de 1,1 a cada 90 minutos. Na eficácia dos passes é Arthur Cabral quem lidera.
O internacional jovem brasileiro tem a atenuante de ter jogado num Santos que acabou por descer de divisão e que quase sempre tinha uma estratégia mais reactiva e menos proactiva, actuando muito na expectativa, utilizando um bloco baixo e com Marcos Leonardo a ficar muitas vezes isolado na linha de ataque. Nessa perspectiva, a média de acções para golo e de passes para finalização acabam por ser o seu cartão de visita, que é o que se pede a um avançado, mas no que toca aos duelos ganhos e à acções defensivas no meio-campo contrário, o reforço “encarnado” terá de arrepiar caminho.
[ Conduções progressivas/dribles/faltas sofridas (esq.), passes para remate e remates/xG (dta) de Marcos Leonardo no Brasileirão 2023 ]
No que toca às áreas que pisa, os mapas acima mostram um jogador talhado para jogar no eixo central, de onde remata e fez passes para finalizações dos seus companheiros, embora, por vezes, tenha a tendência para descair um pouco para a esquerda do ataque, onde se sente bem em momentos de condução da bola.
“Marcos Leonardo tem um potencial brilhante”, assegura Leonardo Bertozzi
Nos últimos anos, vários jovens “canarinhos” têm despontado e, apesar da tenra idade, já foram contratados por vários emblemas do “velho continente”. Endrick vai ingressar no Real Madrid neste Verão, Vítor Roque já chegou ao Barcelona, John Kennedy (Fluminense) está na mira do Lyon e Marcos Leonardo aterrou em Lisboa há poucos dias. Mas, afinal, qual é o tecto do novo dianteiro benfiquista?
“Marcos Leonardo é um jogador de área, com uma grande definição, um bom posicionamento, boa antecipação, sabe colocar-se em condições para que a bola chegue e consiga definir. Não é um jogador de cair tanto pelas faixas laterais, até em função daquilo que referi atrás. É muito ágil, não necessariamente veloz, e acho que tem tudo para se adaptar”, explica, à GoalPoint, o comentador da ESPN Brasil, Leonardo Bertozzi. O especialista acrescenta ainda que o jovem jogador viveu um turbilhão de emoções nos últimos meses, principalmente após o Santos – que acabou por descer de divisão para a Série B – ter declinado propostas da Lazio e Roma.
“Foi um ano difícil, o Santos lutou para não descer de divisão, ele teve propostas no mercado do Verão de clubes europeus, o clube acabou por não negociar o passe, o que gerou uma certa frustração, acho que isso pode ajudar a explicar também uma perda de foco e alguma dificuldade que tenha tido na recta final do Brasileirão, mas acho que ele tem um potencial brilhante, é um homem de área, um avançado clássico, puro e que tem tudo para se dar bem”, finalizou.