Foi a loucura em Aveiro! Aos 24’, o Sporting vencia por 3-0 e parecia estar a um pequeno passo de levantar o caneco, mas uma “oferta” do estreante Debast aguçou o apetite do FC Porto, que operou uma reviravolta épica. Na segunda parte, Nico González e Galeno decretaram o empate e já no prolongamento Iván Jaime carimbou o título que encaminhou a 24.ª conquista da Supertaça Cândido de Oliveira para o museu portista. Amplo mérito para a equipa de Vítor Bruno – estreia oficial de sonho – que teve o condão de nunca ter desistido, reorganizou a equipa após o intervalo e foi sempre mais audaz e activo a mexer as peças do xadrez. Já Rúben Amorim teve uma espécie de “disasterclass” – os sinais já tinham sido expostos na primeira metade, mesmo a vencer por três golos –, demorou uma eternidade a fazer alterações, algumas das apostas que fez não resultaram e terá muito em que reflectir na próxima semana.
Remontada de sonho do rei da Supertaça
Impróprio para cardíacos. Os “dragões” entraram a cuspir fogo – pressionantes, com o bloco subido e a assumirem o risco – e por escassos centímetros Namaso não amargou as estreias de Kovacevic e de Debast. Os “leões” reagiram – mais assertivos e eficazes na primeira fase de construção – e foram arrasadores marcando três golos no espaço de… 18 minutos. E não fosse um falhanço pouco habitual de Gyökeres (15’) o “score” poderia ser ainda mais dilatado. Atordoado, o emblema da Invicta ganhou um novo ímpeto com um erro crasso de Debast aproveitado por Galeno.
Sinal ascendente para os campeões nacionais no reatamento, período no qual Geny Catamo emergiu e deixou a defensiva contrária em sobressaltos. Porém, tudo mudou num ápice, segundos após as entradas de Eustaquio e Iván Jaime, o FC Porto reduziu a desvantagem por intermédio de Nico e não passaram nem dois minutos até Galeno empatar o duelo e deixar o clássico ainda mais ao rubro. Lances que puniram a passividade leonina no sector mais recuado – algo que já tinha ocorrido na primeira parte – e premiavam a resiliência portista. Num último suspiro antes do prolongamento, Kovacevic deteve um remate de Fran Navarro que levava o selo de golo.
O Sporting voltou a entrar melhor no prolongamento, com dois raides perigosos de Quenda e de Edwards, mas foram os portistas a mexer com o placard, num lance finalizado por Iván Jaime e no qual Kovacevic não ficou nada bem na fotografia, não obstante a bola ter ainda embatido em Mateus Fernandes. Os comandados de Vítor Bruno aguentaram a vantagem, apenas passaram por um sobressalto e festejaram a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira 24.ª vez na história – a primeira diante do Sporting – que coloca o emblema nortenho como o mais titulado em Portugal.
[ O mapa de posicionamento médio e tendências de passe da final ]
O Jogo em 5 Factos
O que falhaste, Viktor? – Ao minuto 15, Gyökeres desperdiçou um lance nada habitual. Com a baliza à mercê, cabeceou por cima do alvo numa ocasião flagrante que tinha um Expected Goal (xG) de 0,42.
Duplo recorde do “puto” maravilha – Estreia de sonho para o “teenager” made in Alcochete. Na estreia absoluta como titular num jogo oficial, aos 17 anos, três meses e cinco dias, Geovany Quenda fez história em dose dupla com o belo golo que apontou aos 24′.
Hesitações leoninas – Não obstante a vantagem ao intervalo, a defensiva leonina viveu diversos momentos de sobressalto, terminando a primeira metade com dez perdas de bola no terço defensivo – quatro foram da autoria de Eduardo Quaresma – e 12 passes de risco acumulados, ao passo que o FC Porto obteve apenas três e falhou nove passes de risco.
Golos esperados (xG) – 22 remates, três golos e um xG de 2,7. Foi este o saldo antes do período extra de 30 minutos. Os azuis ressurgiram das cinzas e coleccionaram mais remates do que o adversário – 13 versus nove -, mais “tiros” enquadrados (seis contra três) e um expected goal mais elevado (1,6 contra 1,1).
Leão sem garras – O início foi de sonho, mas o Sporting perdeu tracção e foi decaindo de producção até à “morte” final. Dos 12 remates que fez, apenas três – os que resultaram em golo – foram enquadrados à baliza de Diogo Costa. Dos 12 centros realizados, apenas três foram eficazes e atingiu as 18 perdas da posse no terço defensivo.
MVP GoalPoint: Wenderson Galeno
O internacional canarinho foi a principal surpresa no onze portista e justificou com a aposta com uma bela exibição. Apontou dois golos em três remates, recebeu 11 passes progressivos, alcançou 41 acções com a bola – cinco na área contrária -, venceu cinco duelos, perdeu dois, registou quatro recuperações de bola, 12 perdas, seis acções defensivas, sofreu duas faltas e foi o MVP do clássico 250 com um rating de 8,3.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Sporting:
Gonçalo Inácio 6.9
Foi o melhor dos “leões” com dois remates, um golo, seis passes falhados em 79 tentados (eficácia de 92%), atingiu as 95 acções com a bola (três na área contrária), conquistou sete duelos, perdeu dois, registou sete perdas da posse e nove acções defensivas.
Geny Catamo 6.7
Belo jogo do moçambicano, ele que criou uma ocasião flagrante, três passes para remate, nove passes progressivos (máximo no duelo), dez passes progressivos recebidos, dez acções com a bola na área do adversário, venceu 11 duelos, perdeu oito, gizou cinco conduções progressivas (outro recorde), seis recuperações, cinco acções defensivas e apenas pecou nas 18 vezes em que perdeu a posse.
Pedro Gonçalves 6.4
Destacou-se com um golo, uma assistência, 15 passes falhados em 38 (eficácia de 61%), três passes progressivos, cinco acções com a bola na área contrária, sete duelos vencidos, oito perdidos, apenas um drible com sucesso em cinco e 23 perdas da posse (recorde negativo).
Viktor Gyökeres 5.9
Enquanto teve gasolina no depósito, foi um pesadelo para Zé Pedro e companhia. Concluiu a partida com duas assistências, uma ocasião flagrante desperdiçada, 15 passes progressivos recebidos, 41 acções com a bola – dez na área contrária -, venceu nove duelos, perdeu dez, somou quatro conduções progressivas e 13 perdas de bola.
Morita 5.7
Mais preocupado com as tarefas defensivas, venceu quatro duelos, acumulou quatro perdas de bola, oito acções defensivas e 64 acções com a bola.
Geovany Quenda 5.5
Muito activo, protagonizou três remates, um golo, foi eficaz em dois dos quatro centros que fez, atingiu as 59 acções com a bola – quatro na área contrária -, três conduções progressivas, sete recuperações de bola, 16 perdas e permitiu um drible.
Vladan Kovačević 5.2
Não foi uma estreia feliz para o gigante bósnio. Tremeu no período inicial, estabilizou, mas não ficou com as melhores memórias no lance que definiu o vencedor (remate com apenas 9% de probabilidade de golo no momento em que chega à baliza). Fez três defesas e teve um -1,8 golos evitados (defesas – xSaves).
Eduardo Quaresma 4.6
Falhou 11 dos 75 que fez, sendo que oito foram de risco (recorde negativo), acumulou sete recuperações de bola, 16 perdas da posse e consentiu seis desarmes.
Zeno Debast 4.2
Uma montanha russa de emoções para o belga que teve uma noite para esquecer com dez passes falhados – dois dos quais de risco -, um erro que resultou no 1-3, oito perdas da posse, seis acções defensivas, três recuperações de bola e oito passes progressivos.
Destaques do FC Porto:
Iván Jaime 6.6
Entrou aos 63′ e foi determinante com um golo que “deu” o troféu no único remate que efectuou. Destacou-se ainda com cinco passes progressivos recebidos, 19 acções com a bola, duas recuperações de bola e cinco perdas.
Alan Varela 6.4
Autor de dois passes para remate, sete passes progressivos, quatro duelos conquistados, cinco perdidos, sete recuperações de bola, 14 perdas de bola e nove acções defensivas.
Otávio 5.8
Jogo sólido do central com seis recuperações de bola e sete acções defensivas. A rever, os 15 passes falhados (cinco de risco), as 16 perdas de bola e os cinco duelos que perdeu.
Martim Fernandes 5.7
O jovem lateral carimbou um remate, conquistou sete duelos, perdeu outros tantos, registou quatro recuperações de bola, oito perdas e dez acções defensivas.
Gonçalo Borges 5.7
Foi subindo de producção e até sair realizou um remate, uma assistência, três conduções progressivas, duas recuperações de bola, dez perdas da posse e três desarmes sofridos.
Stephen Eustáquio 5.6
“Ofereceu” o 3-3 a Galeno e deu outra acutilância ao meio-campo com 28 acções com a bola, três duelos vencidos, seis perdidos, duas recuperações de bola, sete perdas e três acções defensivas.
Nico González 5.6
Apontou o 3-2, num dos três remates que registou, conquistou seis duelos, perdeu seis, recuperou a posse em três ocasiões, registou oito perdas de bola e quatro acções defensivas.
Vasco Sousa 5.3
Outras das apostas que vieram do banco e que resultaram em pleno. Cozinhou a jogada do 3-4, fez 26 acções com a bola, venceu sete duelos, perdeu 13 e sofreu cinco desarmes.
Diogo Costa 4.0
Jogo ingrato, não fez nenhuma defesa e sofreu três golos – golos evitados (xSaves de -1,7).