Antevisão Porto 🆚 Benfica | “Clássico” para leão ver

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O grande “clássico” entre Porto e Benfica joga-se já este domingo, no Estádio do Dragão, a partir das 20h30. Um encontro entre duas equipas separadas por nove pontos na tabela, com vantagem para os lisboetas, mas que terá um “fantasma” a pairar sobre os dois emblemas: o Sporting. Um resultado que não a vitória coloca os “dragões” numa situação de quase impossibilidade de luta pelo título, enquanto as “águias”, se não vencerem, podem ver-se ultrapassadas na tabela por um “leão” que tem menos um jogo e está num grande momento.

Importa saber como a equipa de Sérgio Conceição vai reagir ao mais recente empate em Barcelos, mas também como a de Roger Schmidt surge após perder em Alvalade com o Sporting para a Taça de Portugal, tendo também mais minutos nas pernas e menos tempo de descanso – além de um recente registo de exibições pobres contra equipas com mais argumentos. O que esperar deste “clássico”? Vamos tentar perceber em seguida.

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Favoritos? As odds Betano dão uma pequena vantagem aos “azuis-e-brancos”, nem que seja por jogarem em casa, mas é difícil separar claramente as duas equipas e prever o que vai sair deste duelo. O momento de forma dos dois emblemas pode apontar alguns caminhos, com destaque para o facto de o Porto ter ganho apenas dois dos últimos cinco desafios, com uma derrota pelo meio, e o Benfica ter vencido quatro e empatado um.

Nesta fase, entre as jornadas 19 e 23, os “dragões” foram mais rematadores, embora com menos pontaria, o que se reflecte numa grande diferença nos golos marcados (1,6 contra 3,8), sendo que os lisboetas apresentam uma eficiência em relação aos Golos Esperados (xG) de mais 1,2 tentos e os portistas um saldo negativo de 0,6.. Porém, estes são números de jornadas recentes e importa olhar para as estatísticas de uma época que já vai longa.

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Números que apontam tendências

Após jogadas 23 jornadas da Primeira Liga, o Benfica é a equipa mais rematadora da prova, com 17,2 disparos por jogo, 13,6 de bola corrida, também valor mais alto. O Porto é apenas a quarta, com 15,7, sendo 10,5 de bola corrida, novamente quarto número mais alto. Estes são valores globais do campeonato, que contrastam um pouco com o que vimos acima relativamente às cinco últimas rondas. Resta saber que versão teremos dos dois emblemas.

Nesta fase, as “águias” são a segunda formação com melhor taxa de conversão de remates em golo, com 13,9%, e o Porto é apenas a nona, com 10,6%, uma diferença considerável. Aliás, os “dragões” são o segundo conjunto com pior saldo entre Golos Esperados (xG) a favor (41,6) e efectivamente marcados (38), preocupantes -3,6 tentos. Já as “águias” estão a meio da tabela, com mais 1,6 golos (56) do que o expectável (54,4).

[ Os remates de Porto (à esquerda) e Benfica na Liga, a amarelo os golos, quando maior os pontos, maior o xG… e a diferença nota-se ]

Por seu turno, o Porto ganha ao rival no que concerne às acções com bola na área contrária, algo que pode ser fulcral nesta partida, embora não com larga margem, registando 35,2 por jogo contra 34,6 do Benfica. Isto em contraste com o global de acções, com os “encarnados” a atingirem as 772,1 (líderes) para as 707,2 dos “dragões” (4º). Equipas com filosofias distintas até neste detalhe.

Os da Luz lideram também na média de ocasiões flagrantes criadas por desafio (3,2) e os da Invicta voltam a ser apenas a quarta equipa (1,9), sendo que os “azuis-e-brancos” saltam para o primeiro lugar das formações que mais passes de ruptura realizam (2,9), sendo o Benfica segundo (2,8). Paradoxalmente é a formação lisboeta a que mais remates realiza na Liga após este tipo de passes, com 0,9, e os portistas apenas a oitava, com 0,5.

[ As ocasiões flagrantes criadas por Porto (à esquerda) e Benfica ]

[ Os passes de ruptura de Porto (à esquerda) e Benfica ]

O Porto nunca teve problemas em recuar linhas quando necessita, pelo que poderá dificultar a tarefa “encarnada” nesse capítulo. Mais ainda tendo em consideração que o Benfica é a equipa do campeonato com mais acções defensivas no meio-campo contrário por jogo (15,6) e o “dragão” somente a quinta (11,5). Não espantará, por isso, que os visitantes sintam alguns problemas em explorar a profundidade. Já o mesmo poderá acontecer com frequência na outra extremidade do terreno, dadas as dificuldades dos comandados de Roger Schmidt nas transições defensivas.

[ Os locais das acções defensivas de Porto (à esquerda) e Benfica ]

O cenário benfiquista piora ainda se tivermos em conta que os “encarnados” são o conjunto da competição com mais dribles consentidos por jogo (9,4), sendo o Porto a segunda que menos o permite (7,1). Terá este pormenor algum peso nos acontecimentos?

Solidez em ambas as balizas

As preocupações dos dois treinadores não passarão, certamente, pelas suas balizas, uma vez que tanto Diogo Costa como Anatoliy Trubin já deram claras mostras da sua qualidade e de serem guardiões fiáveis. Ainda assim, o ucraniano das “águias” surge nesta fase com melhores números.

Trubin defendeu 84% dos remates enquadrados que enfrentou até agora no campeonato, sendo que Diogo fica-se pelos 73%, ainda assim um valor positivo. A diferença maior observa-se nos Golos Evitados, que se definem pela diferença entre defesas e xSaves. Aqui, o benfiquista arrasa, liderando a Liga com extraordinários 10,3 golos feitos que… não permitiu que acontecessem. Diogo Costa também tem um saldo francamente positivo (3,0).

Os homens dos golos e assistências

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Os jogos ganham-se com golos e é destes dois que se esperam as grandes decisões em frente às balizas. Evanilson e Rafa Silva são os mais fiáveis das duas equipas esta época quando se trata de fazer abanar as redes, a finalizar ou a servir colegas.

Estes são os principais números dos dois atletas. Evanilson é a grande referência ofensiva dos “dragões”, com dez golos e duas assistências já acumulados nesta Liga, enquanto Rafa leva 12 tentos e extraordinárias 11 passes para golo, sendo o mais influente na manobra atacante dos visitantes. Ambos são jogadores de remate fácil, sendo que o jogador “encarnado” destaca-se mais pela velocidade quase imparável e pela imprevisibilidade, de remate e de passe para finalização, enquanto o brasileiro é, fundamentalmente, um homem de área. Qual deles será decisivo? 

[ O histórico dos últimos cinco clássicos entre Porto e Benfica, no Dragão ]

Estes são alguns analytics que descrevem os perfis de Porto e Benfica. Equipas com filosofias distintas e que surgem com números e indicadores que apontam tendências, que se poderão ou não confirmar à medida que o contexto do jogo se alterar. Terão estes dados peso no resultado final? Têm a palavra os craques.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.