Ballon d’Or 2023: Messi ou Haaland, quem jogou mais à bola?

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A 67ª edição do Ballon d’Or da France Football será entregue na segunda-feira (30 de Outubro de 2023). Apesar do favoritismo nas casas de apuestas Portugal e rumores prévios que apontam para a conquista do oitavo troféu (masculino) por parte de Leo Messi, não faltam adeptos e analistas que defendem que a Bola de Ouro 2023 devia ir parar a outras mãos, em particular às do goleador do ano, Erling Haaland. Mas será o favoritismo do argentino injusto? Terá o norueguês justificado de facto somar o seu primeiro troféu dourado? Como é nosso apanágio… atacamos o ponto de vista dos números, mesmo sabendo que a eleição dá muito mais peso (quiçá excessivo) às conquistas colectivas e até a contextos subjectivos.

Um ano em grande… para dois gigantes

Antes mesmo de olharmos em detalhe os números importa percebermos o que vamos analisar. A Bola de Ouro 2023 incidiu no desempenho somado pelos concorrentes entre 1 de Agosto de 2022 e 31 de Julho de 2023, um calendário diferente do habitual, fruto da também atípica calendarização da edição 2022 do Mundial, conquistada pela Argentina de Leo Messi.

Ora circunscrito o período em análise, o nosso Antunes decidiu também filtrar o desempenho dos dois candidatos, escolhendo as provas mais relevantes em que participaram no “ano” que vai à lupa. Escolhemos assim as Ligas disputadas (Premier e Ligue 1), a Champions League (para ambos, mas naturalmente mais “sorridente” para o campeão Haaland) e o Mundial, este com apenas Messi em campo, mas com um desempenho que não podia ser ignorado. Curiosamente, aplicando este filtro de jogos “premium”, ambos os jogadores disputaram exactamente 46 partidas, embora com o argentino a jogar mais minutos que o norueguês.

E o que dizem os números dos dois gigantes, para lá desta coincidência de jogos? Eis o resumo, para a seguir destacarmos as nossas “notas”.

Golos? Haaland não deu hipótese

Se o critério para eleger o melhor futebolista do ano incidisse apenas nos golos, então a Haaland arrumava a discussão, com 48 tentos nos 46 jogos analisados, um ano absolutamente estratosférico do norueguês. A veia goleadora de Erling em 2023 é digna de registo não só pelo total de tentos, mas também pelo facto de os 48 golos referidos representarem uma “overperformance” de 21% (!) face ao que seria suposto ter marcado, tendo em conta as probabilidades de golo dos remates protagonizados pelo avançado do City (39,6 xG).

Messi ficou-se pelos 27, mas também ele 9% acima do que seria expectável (24,8 xG), o que não deixa de ser excepcional para um jogador a caminho dos 37 anos. Contudo, há um indicador atípico nos golos de Messi e que apenas sublinham a sua qualidade “alienígena”: os 26% de “overperformance” que registou na hora de medir os golos esperados, tendo em conta a forma como executou os remates (xGot). O que é que isto quer dizer? Isto significa que a forma como Messi executou as ocasiões de remate (colocação, força, etc) o fez exceder em 26% o número de golos que seria expectável serem marcados por um “ser humano”. Haaland também saiu bem neste indicador, mas com um +6,3% também ele mais “terrestre”).

[ Os números quase “robóticos” de Haaland na Champions e Premier League 22/23 ]

Assistências? Território Messi

Se nos golos Messi não conseguiu acompanhar a cavalgada de Haaland, já no que toca a assistências a conversa é outra. O argentino não só foi o jogador com mais passes para golo (23) no período em análise, como conseguiu ser o único a ultrapassar a barreira dos “vinte”: mais de vinte golos e vinte assistências no período avaliado pelo troféu da France Football.

Leo Messi somou 16 assistências na Liga francesa, às quais somou mais quatro na Champions League e outras três no Mundial do Qatar, um registo quase igualado por Kevin de Bruyne (22), mas suficiente para ser coroado (mais uma vez) como o rei na hora de criar golos para os colegas. Messi foi, aliás, o jogador que criou mais remates, directa ou indirectamente (passe), na época 2022/23, surpreendendo pela positiva apenas o nome do seu mais directo perseguidor: Bruno Fernandes.

Os restantes indicadores confirmam o esperado. Messi, apesar da idade, continua a ser muito mais do que apenas golos e assistências, assumindo uma preponderância ímpar na manobra das equipas que representa, factor que assumiu por inteiro no Qatar, pela Argentina, com consequências memoráveis para si e para o mundo de futebol, que o viu erguer um “caneco” adequado ao papel que representou na História do Futebol Mundial. A horas do anúncio da Bola de Ouro de 2023, arriscamos dizer que esse momento terá tido muito mais peso do que quaisquer números que aqui apresentámos, mas fica a certeza que, até por eles, a bola dourada estará muito bem entregue ao argentino, como o estaria também ao norueguês.

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