O Arsenal vai aterrar no Estádio do Dragão na melhor fase da temporada. A armada de Mikel Arteta ligou o “turbo” e voltou a exibir-se num alto nível. Na vice-liderança da Premier League a apenas dois pontos do Liverpool, os “gunners” estão a fazer uma temporada em crescendo. Iniciaram 2023/24 bem, foram perdendo gás e em Dezembro bateram no fundo, num período em que somaram três derrotas e dois empates em oito partidas. Os maus resultados prosseguiram em Janeiro com a eliminação da Taça de Inglaterra aos pés do Liverpool, mas desde então que a sequência tem sido vitoriosa: são cinco êxitos consecutivos, 21 golos marcados e somente dois consentidos.
[ A formação do Arsenal nas duas últimas goleadas fora de casa na EPL ]
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O técnico estabilizou a formação londrina num dinâmico 1x4x3x3 e encontrou o equilíbrio no “onze”-tipo. Saliba é o comandante da linha defensiva, Gabriel Magalhães tem cometido menos erros, ainda assim é um ponto a explorar por parte da equipa técnica liderada por Srgio Conceição. Ben White é indiscutível, tanto à direita – onde tem actuado nas últimas partidas –, como à esquerda, Kiwior, um central, tem sido adaptado à esquerda com sucesso.
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Uma linha de quatro que tem a particularidade de ter quatro defesas-centrais. Contratado a peso de ouro ao West Ham, Declan Rice demorou a engrenar, mas o “upgrade” da equipa também passa muito pela subida de fasquia do médio. Com um amplo raio de acção, é o pêndulo que dita o ritmo dos “canhões” e liberta os colegas. Havertz tem sido beneficiado e Martin Ødegaard está a regressar ao nível que patenteou até à fase final da época transacta.
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Na frente, a aposta no ataque móvel com Saka, um perigo à solta, Trossard, um dos jogadores mais “underrated” da actualidade, como um “9” mais fixo, e Gabriel Martinelli (segundo jogador com mais acções com bola na área contrária na Premier League 23/24, com 9,2) está a resultar em pleno.
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“Nas últimas jornadas o Arsenal mudou um pouco as dinâmicas”
(Tomás da Cunha)
O FC Porto não vai ter tarefa fácil, mas se jogar de forma personalizada, organizada, pode acalentar esperanças de bater o pé ao “arsenal” do norte de Londres. Para conseguir carimbar uma vaga nos quartos-de-final, a equipa de Sérgio Conceição terá de anular algumas peças do xadrez dos ingleses, entre os quais se destacam um polivalente e um criativo que parecem ter, finalmente, encontrado o seu espaço.
“O Arsenal, nas últimas jornadas, com a lesão do Zinchenko, acabou por mudar um bocado as dinâmicas. Com o Kiwior no ‘onze’, ele fica mais baixo como central numa construção a três e é no lado direito que temos o lateral interior que tem sido o Ben White, com um papel muito importante na forma como Ødegaard e Saka conseguem recepções e combinações mais à frente. É um jogador que atrai a pressão por dentro, consegue fixar o adversário, aí vamos ver como o FC Porto vai defender nesse corredor, e possivelmente teremos Galeno a baixar defensivamente, mas depois a equipa vai precisar dele para tentar esticar o jogo nas costas de Ben White e essa poderá ser uma fragilidade a explorar. Com a bola, é um jogador tecnicamente evoluído, mas mesmo quando acaba por não receber a bola, cria vantagens mais à frente para que Ødegaard e Saka, que são as grandes figuras, a grande sociedade deste Arsenal, possam desequilibrar”, as palavras pertencem a Tomás da Cunha em declarações ao nosso “site”.
[ Como ataca o Arsenal: conduções progressivas (tracejados), dribles (estrelas) e faltas sofridas (triângulos azuis) ]
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Além do internacional inglês, o analista realça o salto de qualidade que Kai Havertz deu nas últimas semanas.
“Destacaria o momento de Kai Havertz que, realmente, é um jogador difícil de explicar, porque tecnica e fisicamente tem as condições que sabemos. Mentalmente parecia muitas vezes desligado, ausente das partidas e isso ultimamente não tem acontecido. Joga ora como avançado, como contra o Liverpool, ora como interior esquerdo, e é aí que acredito que possa jogar na compensação a Trossard. O belga é um falso ‘9’ com muita liberdade para baixar e Havertz entra nas zonas de finalização, pois é um jogador forte na resposta a cruzamentos e tem vindo a demonstrar essa agressividade, fazendo movimentos contrários aos de Trossard. Vamos ver se aproveitará o bom momento para se destacar também em contexto de Champions. Vamos ver como o FC Porto trava a dinâmica sobre a direita para evitar que o Arsenal sirva Kai Havertz e Trossard, que são os dois jogadores que vão variando as marcações, mas que atacam mais as zonas de finalização. E essa é a grande diferença para o Arsenal que víamos há um mês/mês e meio. Consegue agora criar muitas situações limpas de finalização e está confiante“, explica o especialista à GoalPoint.