Inter 🆚 Benfica | Empate com “arrivederci” amargo

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Adeus ao sonho. Já era difícil, após a derrota por 2-0 na primeira mão, em Lisboa, e a visita a Milão só confirmou a saída do Benfica da Liga dos Campeões, perdendo a hipótese de chegar às meias-finais da mais importante competição de clubes da Europa pela primeira vez desde 1990. O Inter marcou primeiro, por Barella, Aursnes empatou, Lautaro e Correa como que fecharam a questão, mas os “encarnados” ainda conseguiram evitar a quarta derrota seguida em todas as competições, com tentos de António Silva e Petar Musa, este no último lance do encontro, a ficarem o 3-3.

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Fogachos de Benfica

A primeira parte valeu pelo último quarto-de-hora. O Benfica entrou com o mesmo “onze” com que perdeu em casa com o Inter, na primeira mão, com uma excepção, a entrada de Otamenti para a vaga de Morato. Os “encarnados” tentaram pressionar muito alto no terreno, mas mais uma vez iam esbarrando na defesa férrea dos transalpinos, que nunca se desposicionavam e faziam marcações cerradas – que acabavam por emperrar a circulação de bola lusa. Não espantou, por isso, que numa transição os da casa marcassem, num grande e colocado pontapé de Nicolò Barella (14′), que já havia marcado na Luz.

As “águias”, curiosamente, acordaram com esse tento e aumentaram a pressão nos últimos 15 minutos da etapa inicial, e empataram a contenda aos 38, num belo cabeceamento de Aursnes, após cruzamento certeiro de Rafa da direita. O Inter vacilou um pouco, mas nada que impedisse que o jogo chegasse ao intervalo empatado, pois era notória a superioridade física dos “nerazzurri” nos duelos individuais. Barella, com um GoalPoint Rating de 6.3, era o melhor ao descanso, com Aursnes 6.0 a surgir logo a seguir.

Schmidt tirou Gilberto ao intervalo, passou Aursnes para lateral-direito e lançou David Neres. Nos primeiros minutos do segundo tempo os “encarnados” dominaram amplamente o jogo e a posse de bola, mas sempre com uma muralha pela frente de difícil transposição. O Inter jogava no contra-ataque, como tanto gosta, e chegou ao 2-1 aos 66 minutos. Aursnes, adaptado a lateral, deixou muito espaço para as combinações italianas, Federico Dimarco cruzou rasteiro e Lautaro Martínez não perdoou.

Faltava ainda muito tempo para o final, mas a sensação, que se viria a confirmar, era a de que o jogo e a eliminatória estavam resolvidos. E aos 78 minutos, Joaquín Correa arrancou um excelente pontapé para o 3-1. Ainda assim, aos 83 minutos, David Neres atirou ao poste da baliza do Inter, aos 86, após livre de Grimaldo da direita, António Silva reduziu para 3-2, e no último lance do encontro, Petar Musa evitou a derrota, mas não o afastamento.

[ Benfica mais subido, Inter matreiro resolveu ]

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MVP GoalPoint: Federico Dimarco 👑

Grande jogo do lateral-esquerdo do Inter, mais ainda na segunda parte, quando apanhou pela frente o adaptado Aursnes e fez gato-sapato do norueguês. Dimarco acabou com um GoalPoint Rating de 7.0, que fez duas assistências em três passes para finalização, quatro conduções progressivas e uma super progressiva, três intercepções e outros tantos bloqueios de passe/cruzamento. 

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Inter

Lautaro Martínez 6.9

Tanta vez perdulário, desta feita o argentino acertou. Em dois remates fez um golo, realizou uma assistência e completou três de cinco tentativas de drible.

Alessandro Bastoni 6.5

Muito bom jogo do central, uma das “rochas” da muralha defensiva dos italianos. Bastoni terminou com o máximo de desarmes do jogo (4) e ainda subiu para ganhar os dois duelos aéreos ofensivos em que participou.

Nicolò Barella 6.4

Mais um grande jogo e um belo golo de Barella, o primeiro da partida. O médio transalpino acabou por ser uma das figuras mais importantes da ronda, tendo marcado no único remate realizado, e ainda registou seis recuperações de posse.

Destaques do Benfica

Álex Grimaldo 6.5

O espanhol foi o melhor do Benfica. Autor da assistência para o golo de António Silva, Grimaldo somou três passes para finalização, sete ofensivos valiosos, o máximo de acções com bola (121), tendo ainda completado quatro de cinco tentativas de drible e realizado dez recuperações de posse. A nota é afectada negativamente pelas 19 perdas de posse, cinco delas no primeiro terço, ambos máximos.

António Silva 6.5

O jovem central fez um dos golos das “águias” na partida, esteve muito bem no passe, com 92% de eficácia, e recuperou sete vezes a posse de bola. Em 69 delas, somente a perdeu em cinco ocasiões.

Otamendi 5.7

Já vimos o argentino realizar jogos melhores. Dono do máximo de passes realizados (89) e completos (74), registou também o valor mais alto de falhados, nada menos que 15. Ainda assim esteve muito bem no passe longo, com dez certos em 17. Muito activo (106 acções com bola, segundo valor mais alto), fixou o máximo de recuperações de posse (11) e intercepções (5), mas em dez duelos aéreos defensivos ganhou apenas três. 

Florentino 5.7

O médio-defensivo aparenta estar cansado e menos disponível fisicamente para abarcar amplas áreas de terreno, na perseguição dos adversários. Recuperou apenas três vezes a posse de bola e somou cinco acções defensivas.

Aursnes 5.6

O norueguês estava a fazer um bom jogo e foi mesmo o melhor do Benfica na primeira parte, com um golo marcado. No segundo tempo passou para lateral-direito e, apesar de os “encarnados” até terem dominado nesta fase, a equipa perdeu um pouco de critério na construção. Ao mesmo tempo, Aursnes mostrou que lateral não é a sua praia, surgindo do seu lado muito perigo a favor do Inter. Foi o jogador com mais acções com bola na área contrária, nada menos que sete, o que torna mais incompreensível o seu encosto à direita da defesa.

Gilberto 5.3

Jogo difícil para o brasileiro, algo que piorou pelo facto de, no seu flanco, a ajuda defensiva ter rareado. Saiu ao intervalo com três acções defensivas no meio-campo contrário.

Chiquinho 5.2

Desta feita o médio andou meio perdido. Destaque positivo para três variações de flanco e quatro recuperações de posse.

Rafa Silva 4.9

A pior fase da época de Rafa. O extremo esforça-se, mas parece que o “chip” dos desequilíbrios e das decisões está desligado. Foi presa fácil no meio dos possantes jogadores do Inter. O ponto alto foi a assistência para o 1-1 de Aursnes.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.