Marseille 🆚 Benfica | Águia diz “au revoir” ao sonho europeu

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AU REVOIR! O Benfica despediu-se sem honra nem glória da Liga Europa. Os “encarnados” não conseguiram segurar a magra vantagem que traziam na bagagem de Lisboa e caíram aos pés do Marseille. Os gauleses foram quase sempre mais ambiciosos, assumiram mais riscos, em contrapartida, os lisboetas actuaram na expectativa. Roger Schmidt voltou a falhar de forma redonda na estratégia, leu mal o jogo quando teve de fazer substituições – a saída de Neres aos 61 minutos, quando estava a ser a peça mais inspirada no ataque, é sintomática e espelha muito daquilo que tem sido esta temporada do conjunto da Luz – e a 11 minutos dos 90, Moumbagna empatou a eliminatória. A equipa portuguesa foi perdulária na finalização e da marca dos 11 metros teve o castigo máximo: o adversário não vacilou e foi 100% eficaz nas quatro tentativas que teve e Di María (ao poste) e António Silva (defesa de Pau López) deixaram aberto o caminho das meias-finais, onde os franceses vão defrontar a Atalanta. Esta foi a terceira época seguida em que as “águias” caíram nos quartos-de-final das provas europeias.

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Castigo máximo pune equipa sem estofo

Roger Schmidt manteve a aposta no “onze” que mais tem rodado nas últimas semanas e que já tinha iniciado o duelo da 1.ª mão. De forma personalizada, as “águias” não se amedrontaram com o “caldeirão” do Vélodrome e Neres deixou o primeiro aviso, porém, Tengstedt, de forma involuntária, travou o remate do colega de equipa. O Marseille sentiu o toque e começou a assumir as rédeas do encontro: Trubin esticou-se e defendeu um tiro de Ndiaye, Mbemba calibrou mal a mira – na única ocasião flagrante no primeiro período – e na resposta Rafa falhou por pouco o primeiro tento.

Com os problemas de sempre no processo defensivo, o Benfica concedia demasiado espaço aos gauleses, quase nunca pressionava o portador da bola – Neres ainda ajudava Aursnes no corredor esquerdo, algo que nem Di María, Rafa e Tengstedt faziam -, o que dificultava a tarefa de condicionar e contornar o bloco contrário, não obstante isso, ia conseguindo manter o nulo e a magra vantagem na eliminatória.

Jordan Veretout destacou-se com dois remates, uma ocasião flagrante criada, cinco passes progressivos, nove perdas de bola, 46 acções com a bola e tinha um GoalPoint Rating de 6.0. Do lado benfiquista, Neres era quem tinha a melhor avaliação: um GoalPoint Rating de 5.8.

Os gauleses aumentaram a intensidade, ao passo que os portugueses continuaram na expectativa e pouco reactivos, os minutos foram passando e o encontro foi ficando partido, com o perigo a rondar as duas áreas, principalmente a lusa. Ao minuto 61, João Mário e Kökçü foram lançados nas vagas de Tengstedt e de David Neres, ele que estava a ser o elemento mais desequilibrador e o mais inspirado do quarteto atacante dos campeões nacionais.

O Benfica não ficou melhor com as substituições, continuou a não conseguir ter a bola de forma segura e abria uma cratera no corredor direito, com Bah a não ter o auxílio de Di María, o que obrigava João Neves a vir em sem auxílio deixando o corredor central “apenas” para Florentino.

Quando ao minuto 79 Moumbagna abriu a contagem e empatou a eliminatória, já a equipa da casa justificava o golo.

As “águias” acordaram e viram Kökcü e Di María próximos de marcar. O encontro ia prosseguir com direito a tempo extra…

David Neres foi o melhor elemento no decurso dos 90 minutos, apesar de ter sido substituído aos 61. O brasileiro concluiu o duelo com um remate, uma ocasião flagrante criada, cinco passes progressivos, dois super progressivos, cinco recuperações de posse, sete perdas, um cartão conquistado e um GoalPoint Rating de 7.2.

Os primeiros 15 minutos do prolongamento passaram num ápice e ficaram marcados por dois momentos de perigo, um em cada uma das duas áreas: Di María falhou uma ocasião flagrante aos 97 minutos e na resposta Aubameyang quase fazia um golo de antologia.

O cansaço começou a apoderar-se das duas equipas, principalmente a do Marseille, neste período Arthur Cabral ainda teve uma dupla possibilidade para marcar mas não definiu a preceito. Com tudo empatado, a sentença sobre quem seria o último semi-finalista ficaria decifrado da marca dos 11 metros… 

Di María falhou a primeira tentativa, Correa marcou, Kökçü converteu a tentativa que teve, Geoffrey Kondogbia não vacilou, Otamendi deu esperanças aos encarnados, Balerdi rematou a contar, Pau López deteve o “tiro” de António Silva e Luis Henrique colocou o OM na rota das meias-finais. Mais um rude golpe para o Benfica numa época de muitos equívocos. 

[ O Benfica nunca conseguiu jogar consistentemente no meio-campo contrário ]

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MVP GoalPoint: Pau López 👑

O espanhol foi enorme da baliza francesa e fechou o encontro com cinco defesas – evitou 1,2 golos (defesas – xSaves) -, no desempate da marca dos 11 metros defendeu a grande penalidade cobrada por António Silva e ainda obteve uma eficácia de 73% no capítulo dos passes. Foi o MVP com um GoalPoint Rating de 8.7.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Marseille

Jordan Veretout 7.3

Foi o cérebro dos anfitriões e o espelho do empenho da equipa, e a forma como mal conseguia andar nos últimos minutos demonstra isso mesmo. Sempre perigoso, carimbou quatro remates, uma ocasião flagrante criada, seis centros, nove passes progressivos, cinco acções com a bola na área contrária, 95 acções com a bola, seis das quais na área contrária, conquistou seis duelos aéreos defensivos e quatro acções defensivas.

Balerdi 7.2

Foi o melhor na Luz e voltou a ser estar em foco com um remate, acertou 94 dos 110 passes tentados, dez passes progressivos, 131 acções com o esférico – máximo na partida -, dez duelos ganhos, 14 recuperações de posse, 18 perdas e 13 acções defensivas.

Pierre-Emerick Aubameyang 7.1

Autor de cinco remates (recorde no duelo), uma assistência, recebeu 16 passes progressivos (outro máximo), acumulou sete acções com a bola na área contrária, quatro conduções progressivas e 15 perdas da posse.

Destaques do Benfica

David Neres 7.2

Assumiu o jogo da equipa e foi o único jogador a tentar complicar a vida à defesa adversária. Com Rafa e Di María a passarem ao lado do encontro, não se percebeu que tenha saído aos 61 minutos quanto tinha na folha de serviços um remate, três passes para remate, uma ocasião flagrante criada e um passe de ruptura, cinco passes progressivos, dois super progressivos, sete duelos conquistados, outros tantos perdidos, cinco recuperações de posse, sete perdas e cinco acções defensivas.

António Silva 6.7

Redimiu-se do mau jogo em Lisboa com uma exibição segura na qual se destacou com cinco passes longos eficazes em oito, quatro duelos vencidos, duas recuperações de bola, cinco perdas e 16 acções defensivas, um máximo, entre os quais 13 alívios (outro recorde). Acabou por falhar uma grande penalidade.

João Mário 6.4

Foi ganhando protagonismo com a passagem dos minutos e terminou com uma ocasião flagrante criada, dois passes para remate, 48 acções com a bola, seis duelos ganhos, dois perdidos, quatro recuperações de posse, oito perdas e três acções defensivas.

João Neves 6.2

Parece que não sabe jogar mal e voltou a ser um mouro de trabalho e dos poucos a tentar esticar o jogo para o ataque. Ganhou 11 duelos, perdeu sete, acertou dos dois três dribles tentados, carimbou 12 perdas de bola, outras tantas recuperações e dez acções defensivas.

Otamendi 6.1

Fez um remate, falhou cinco em 61 passes feitos (eficácia de 92%), conquistou nove duelos, perdeu seis, atingiu as seis recuperações de bola, oito perdas e 12 acções defensivas.

Bah 5.8

Criou uma ocasião flagrante de golo criada, levou a melhor em 16 duelos, perdeu 13, desperdiçou 23 passes em 64, oito dos quais foram de risco, alcançou o recorde de duelos aéreos vencidos nesta edição da prova com dez em 12 tentados e chegou às 35 perdas da posse (recorde negativo esta noite).

Florentino 5.3

Foi socorrendo a equipa, nem sempre de forma mais eficaz. Sai de cena com cinco passes de risco falhados, dez duelos vencidos, sete perdidos, quatro recuperações de posse, 11 perdas e 11 acções defensivas.

Rafa 5.3

Voltou a passar ao lado de um jogo decisivo. Sempre escondido, nunca procurou outras zonas do terreno para explorar a velocidade. Saiu na primeira parte do prolongamento com dois remates, 40 acções com a bola, seis das quais na área contrária, cinco recuperações de pose, sete perdas e sofreu duas faltas.

Casper Tengstedt 5.0

Jogo para esquecer do dinamarquês. Saiu aos 61 minutos sem qualquer acção ofensiva, com apenas 17 acções com a bola, venceu cinco duelos, perdeu três e registou oito perdas da posse.

Di María 4.9

Nunca entrou no ritmo do jogo, mas manteve o “lugar cativo” no “onze” até ao fim. Autor de quatro remates, duas ocasiões flagrantes desperdiçadas, 16 passes falhados em 49 tentados (eficácia de 67%), nove passes progressivos, sete acções com a bola na área contrária e 31 perdas da posse.

Orkun Kökçü 4.8

Entrada em falso, a única excepção foi o remate que atirou ao lado aos 80 minutos. Chegou às 12 perdas de bola e três recuperações de posse.

Trubin 4.5

Quem o viu no início da época e quem o tem visto nas últimas semanas. Sem confiança, passou por alguns calafrios no jogo e a jogada aos 65 minutos é o exemplo perfeito disso. Poderia ter feito mais no lance do golo francês. Gizou quatro defesas.

Leonel Gomes
Leonel Gomes
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.