Os adeptos receberam com agrado a notícia do regresso da Liga dos Campeões e da Liga Europa em agosto, após a sua interrupção em março devido à crise do COVID-19. Este formato alternativo – único e possivelmente irrepetível – concentra as equipas em prova numa única região: Lisboa (Liga dos Campeões) e Dusseldorf, Colónia, Duisburgo e Gelsenkirchen (Liga Europa). Embora o número de jogos seja inferior comparativamente ao formato habitual, o facto de os jogos disputarem-se num jogo único e em campo neutro (ao invés das habituais duas mãos) adiciona uma dose de imprevisibilidade aos duelos europeus.
Assim sendo, escolhemos cinco equipas que podem vir a surpreender durante o mês de agosto.
Getafe
Desde o regresso à La Liga na temporada 2017-18, a pior classificação do Getafe resume-se a um prestigiado 8º lugar, precisamente nessa época. Desde então, o Getafe tem vindo a manter o bom nível exibicional, tendo garantido o 5º lugar (e qualificação para a Liga Europa) na época 2018-19 e têm grandes hipóteses de repetir a qualificação europeia na presente época. Um dos pilares do sucesso do Getafe esta temporada está na defesa sólida da equipa, que a torna nesta altura na quinta menos batida da La Liga.
Na Liga Europa, o Getafe já surpreendeu a Europa ao eliminar o Ajax nos 16-avos de final. Os oitavos-de-final voltam a por à prova as capacidades da equipa, numa eliminatória onde defrontam novamente um dos favoritos a chegar à final da competição: o Inter de Milão. A eliminatória avizinha-se difícil, mas caso o Getafe consiga marcar o primeiro golo, a formação italiana terá muitas dificuldades para bater a defesa do conjunto espanhol. Após surpreender a Europa do futebol em fevereiro, terá o Getafe capacidade para voltar a surpreender-nos em agosto?
Wolverhampton
Os plantéis curtos são habitualmente criticados no mundo do futebol. Como vai reagir a equipa em caso de lesão e/ou castigo de dois ou três jogadores chave? Um plantel curto não é, ou pelo menos não tem sido, um problema para Nuno Espírito Santo. Os jogadores do Wolves seguem um programa rigoroso para manter a forma física e reduzir o número de lesões.
O ponto forte de um plantel pequeno é o moral e o espírito de equipa no seio do grupo de trabalho, onde todos os jogadores sentem-se envolvidos e sabem exatamente qual o seu papel. Este tipo de comprometimento contribui para manter a equipa focada em si mesma e ignorar distrações externas.
Dentro das quatro linhas o Wolves destaca-se pelos contra-ataques mortíferos que consegue aplicar aos seus adversários, mesmo quando estes são teoricamente favoritos. O Wolves combina a experiência de jogadores como João Moutinho, com a irreverência e velocidade de Raul Jiménez e Adama Traoré para bater adversários teoricamente favoritos, como fez frente ao Manchester City em Outubro de 2019. E, se aplicarem esta receita na Liga Europa, os comandados de Nuno Espírito Santo podem chegar longe.
Real Madrid
Real Madrid, uma surpresa em agosto? Efetivamente não seria a equipa que esperaria ver nesta lista.
A época do Real tem sido um pouco atribulada e a equipa corre sérios riscos de falhar os quartos-de-final após a derrota caseira frente ao Manchester City por 2-1. No entanto, a paragem devido à pandemia parece ter dado uma nova vida aos “merengues”, que estão agora bem posicionados na luta pelo título espanhol.
Será o Real Madrid capaz de ir a Manchester anular uma desvantagem de 2-1? Em 2013, sob o comando de José Mourinho, a equipa espanhola foi a Old Traford bater o Manchester United por 2-1 após um empate (1-1) no Santiago Bernabéu. Conseguirá o Real Madrid repetir a receita?
Se conseguir ultrapassar o Manchester City, o Real Madrid é um sério candidato a vencer a prova pela 14ª vez, a quarta sob o comando de Zinedine Zidane.
Mas, para já, Zidane terá de encontrar uma forma de eliminar a equipa de Guardiola, num jogo onde não poderá contar com o influente Sergio Ramos, que falhará a partida devido a castigo.
Lyon
As apostas desportivas têm vindo a crescer nos últimos anos e acertar em resultados improváveis pode resultar em prémios interessantes. Ao contrário de outras apostas, como por exemplo na roleta, onde as regras e probabilidades são fixas, os resultados dos eventos desportivos e a sua correlação com as odds das casas de apostas não é tão linear. Por esse motivo, muitos adeptos de futebol adoram estudar a forma das equipas.
E, ao falar em resultados improváveis, é obrigatório referir o Lyon. À partida para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, as casas de apostas consideraram a Juventus como “super favorita” para o embate com o Lyon. No entanto, o Lyon conseguiu um excelente resultado ao bater a Juventus por 1-0, deixando assim a equipa de Maurizio Sarri em desvantagem para a segunda mão.
Apesar da vitória alcançada no seu terreno, as casas de apostas voltam a atribuir o favoritismo à equipa italiana. Se, por um lado, estrelas como Cristiano Ronaldo e Paulo Dybala podem resolver um jogo num lance individual, a ausência de golos fora torna a tarefa da Juventus mais delicada.
Porém, a equipa francesa tem uma grande desvantagem: a falta de ritmo competitivo, devido ao final antecipado da Ligue 1. Assim sendo, o treinador Rudi Garcia terá de apostar nas capacidades táticas da sua equipa, uma vez que a forma física dos seus jogadores é uma incógnita.
Irá a vantagem da primeira mão ser determinante para que o Lyon garanta o bilhete para Lisboa?
RB Leipzig
Há quanto tempo conhece o RB Leipzig? No máximo há pouco mais de 11 anos, uma vez que o clube foi fundado a 19 de maio de 2009. Desde então, a sua ascensão foi meteórica e, atualmente, encontra-se entre os maiores clubes alemães.
Ao terminar a Bundesliga 2018-19 na terceira posição, o RB Leipzig garantiu a qualificação para a Liga dos Campeões 2019-20, onde defrontou o Lyon, Benfica e Zenit na fase de grupos, terminando no primeiro lugar do grupo. Não obstante a boa prestação na fase de grupos, o melhor Leipzig surgiu nos oitavos-de-final, ao eliminar o Totenham (finalista de edição anterior) por uns categóricos 4-0, no conjunto das duas mãos.
Entre as equipas ainda em prova, o Leipzig é a que tem menos histórico na competição. Porém, é precisamente esse facto que os pode tornar mais perigosos, uma vez que o grupo sentirá que não tem nada a perder daqui em diante, principalmente em campo neutro e em eliminatórias de um só jogo. Tudo pode acontecer.