Esta segunda-feira, a partir das 20h15, no Estádio José Alvalade, disputa-se mais um capítulo do grande “clássico” entre Sporting e FC Porto. A 14ª jornada da Primeira Liga é escaldante, com um Braga-Benfica no domingo como aperitivo para o grande jogo entre “leões” e “dragões”, numa ronda que pode começar a “separar trigo de joio”, uma vez que as quatro equipas iniciaram a jornada separadas por apenas dois pontos.
Sporting e Porto entram em campo na vice-liderança partilhada, com 31 pontos, e sendo que este é um encontro que nada decidirá, para já, na luta pelo título, não espantará que, após um arranque de estudo mútuo, este se torne num encontro mais aberto, com as duas equipas à procura de um triunfo que a separe do rival directo e permita a retoma da liderança, entretanto perdida em virtude do triunfo benfiquista em Braga.
As odds Betano dão favoritismo aos homens de Alvalade, essencialmente devido à boa temporada da equipa comandada por Rúben Amorim, que aparenta ser uma fortaleza inexpugnável em casa (soma sete vitórias em sete jogos no seu reduto). Contudo, o histórico recente mostra um cenário completamente diferente. Nas últimas cinco partidas em todas as competições, os “azuis-e-brancos” venceram sempre e o Sporting não ganha aos da Invicta há oito partidas, tendo o último sucesso acontecido em Janeiro de 2021, na Taça da Liga. No campeonato a última vitória dos “leões” aconteceu em Agosto de 2016, há cerca de sete anos e meio.
Olhando para a forma das equipas nos últimos cinco desafios (statscard acima), não há muito que as separe. O Sporting remata mais, o Porto enquadra mais, as duas equipas têm sensivelmente a mesma posse de bola, os golos marcados e esperados (xG), sendo que os da casa mostram ser mais permeáveis, com oito golos sofridos nesta fase contra apenas três dos visitantes.
Que estratégias esperar?
A ideia de um arranque de jogo de cautelas de ambos os lados pode ser sustentada por uma estatística muito importante no diagnóstico da forma como jogam: as acções defensivas no meio-campo contrário. No contexto das 13 jornadas já disputadas, Sporting é apenas a sétima equipa com mais destas acções por jogo (10,6), enquanto o Porto é a décima (10,2). Assim, é de esperar que nenhuma das duas formações entre no jogo a pressionar a todo o campo, ficando mais na expectativa.
[ As acções defensivas de Sporting (à esquerda) e Porto até à jornada 13 ]
As acções defensivas, quando resultam em reconquista da posse, antecedem acções ofensivas e de construção, e aí os “dragões” poderão ter alguma vantagem, tendo em conta os números acumulados da época, que apontam para uma tendência. O Porto é a equipa que mais passes de ruptura (3,6) faz na Liga por jogo, sendo o Sporting a segunda (2,6). Este pode ser um ponto claramente a favor dos “dragões”, visto que o “leão” é a sexta equipa do campeonato que mais permite destes passes (1,8), com o Porto a ser a segunda que menos concede (0,8).
Caso os portistas optem por esperar pelo seu adversário, recuperar a bola e colocá-la rapidamente nas costas da defesa leonina, esta poderá ser a porta aberta para o golo. Será esta a estratégia de Sérgio Conceição? Se sim, Rúben Amorim terá de trabalhar de forma especial o posicionamento defensivos dos seus jogadores, para estancar estes momentos.
[ Os passes de ruptura de Sporting (à esquerda) e Porto até à jornada 13 ]
Por outro lado, os lisboetas poderão sempre fazer-se valer de outro dado relevante. Os de Alvalade são a equipa que menos remates permite aos adversários por jogo (8,7) e a que menos concede na sua grande área (3,8). Neste caso com uma grande diferença para o Porto, terceiro neste ranking (6,4).
Competência na hora de finalizar
Sporting e Porto separam-se nos Expected Goals (xG) a favor em 1,7, com os da casa a registarem 24, enquanto os portistas apresentam 22,3 até ao momento. Aqui o emblema lisboeta ganha clara vantagem e este poderá ser um dado importante num jogo em que a eficácia e competência na finalização costumam ser determinantes. É que os de Alvalade somam já 28 golos, pelo que têm um saldo positivo entre marcados e esperados de quatro tentos. Já os portistas marcaram por 21 vezes, pelo que o saldo é negativo em 1,3. Uma grande diferença de 5,3 entre a capacidade de aproveitamento dos remates e das ocasiões. Será assim esta segunda-feira?
[ Remates/xG de Sporting (à esquerda) e Porto na Liga até à jornada 13 ]
Um problema na baliza do “leão”?
O Sporting tem 15 golos sofridos, quando deveria ter 11 (no rácio entre os golos esperados contra e os efectivamente concedidos). Olhando para as estatísticas individuais detectamos um pormenor que pode ter algum peso neste jogo, caso a tendência se mantenha.
António Adán bate-se neste momento com colegas de posição que lutam para não descer. O espanhol sofreu mais 13% de golos do que seria expectável, estando neste momento com um saldo negativo na diferença entre defesas e xSaves de 3,6. Nas principais Ligas europeias, pior só Josep Martínez do Génova (-19%) e Hugo Souza do Chaves (-14%). Em contraponto, o portista Diogo Costa já evitou mais um golo do que aqueles que o “dragão” deveria ter sofrido, mostrando uma consistência que, nestes jogos, pode decidir um vencedor.
Quem decidirá na frente?
Estes são, provavelmente, os avançados em melhor forma nas respectivas equipas. Gyökeres soma já nove golos no campeonato, Evanilson vai conseguindo manter-se bem fisicamente e regista quatro, e ambos poderão decidir o “clássico”.
O sueco até já marcou um (grande) golo num dos jogos grandes da prova, no Estádio da Luz, ante o Benfica, e os seus números são de respeito. A estatística mostra que Gyökeres teve ocasiões de golo que lhe garantiriam 5,7 tentos, à luz dos xG, mas já leva nove, pelo que regista um saldo positivo assinalável de 3,3. O portista também tem saldo positivo, com mais 1,5 do que o expectável, sendo que o “leão” tem mostrado mais competência a finalizar ocasiões flagrantes e o “dragão” é mais efectivo nos duelos aéreos. Haverá golos destes craques na segunda feira à noite?