Começa esta sexta-feira mais uma temporada GoalPoint e há (pelo menos) duas coisas certas que acompanham a expectativa geral de mais uma época desportiva. A primeira é a chegada de um novo GoalPoint Rating. O algoritmo que viu “a luz do dia” pela primeira vez em 2015 tem por hábito reinventar-se a cada pré-temporada e a entrada em 21/22 não será excepção.
🇷🇺 Spartak Moscovo 🆚 Benfica 🇵🇹
— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) August 4, 2021
Atenção que há duas estreias oficiais no jogo de hoje!
🔸 João Mário pelo Benfica
🔸 Novo GoalPoint Rating (versão 8.0)
Qual delas te provoca maior entusiasmo?#UCL #SpartakSLB #RatersGonnaRate
Sobre os jogadores, pelos jogadores…
Sempre atentos às sugestões que nos chegam, às criticas e auto-criticas, às “falhas” de algo que terá sempre uma componente subjectiva, o objectivo será sempre o mesmo: que o algoritmo mais escrutinado do país evolua no sentido de ser um reflexo cada vez mais fiel do que os protagonistas fazem em campo. É também por eles, os jogadores, que cada vez mais nos seguem e procuram com o objectivo de perceber como se comparam com os melhores da sua profissão, que sentimos essa responsabilidade.
…lado a lado com os treinadores
20/21 foi uma época de particulares sucessos para a GoalPointPro. A relação profissional com a equipa ténica de Abel Ferreira no Palmeiras trouxe-nos a primeira “medalha” continental com a conquista da Libertadores e, internamente, foi também a época em que iniciámos mais uma estreita relação com um dos treinadores em ascensão no nosso campeonato (novidades em breve).
Estas e outras parcerias profissionais que muito nos orgulham reforçam o nosso o know-how na mesma proporção em que nos aumentam a responsabilidade, e o GoalPoint Rating é um reflexo de todo o conhecimento adquirido e incorporado numa fórmula que é hoje composta por quase 260 variáveis de desempenho.
As novidades
Antes ainda de passarmos ao rating, aproveito para introduzir alguns conceitos novos que já começaram a transparecer desde o Euro 2020, mas que ainda não tínhamos tido a oportunidade de explicar.
Conduções, o que é isso?
A capacidade de transportar a bola é uma das acções de jogo muito valorizadas actualmente que, até ao Euro 2020, não era exposta por nós a nível editorial. É algo que está habitualmente associado a jogadores rápidos e potentes, capazes de conquistar espaço em velocidade e de correr riscos com a bola nos pés.
Apesar de medirmos todo o tipo de conduções, as conduções valorizadas pelo GoalPoint Rating serão aquelas que decidimos chamar de “Conduções Aproximativas”, chamando-se assim porque aproximam a equipa da baliza adversária em pelos menos 25% do campo restante.
Exemplo: se um jogador pegar na bola a 100 metros da baliza adversária e terminar essa condução a 75 metros da baliza adversária, essa acção contará como condução aproximativa. No entanto, se um jogador pegar na bola a 50 metros da baliza adversária, precisa de terminar essa progressão a apenas 37,5 metros do golo para essa condução ser considerada “aproximativa”.
Quanto mais perto da baliza a condução de bola se iniciar, menos metros o jogador precisa de reduzir para que a sua acção seja categorizada como tal. No entanto, uma condução aproximativa terá sempre uma distância mínima de 15 metros percorridos com bola.
Na seguinte imagem surge o “rei” das conduções aproximativas na época passada. O italiano Leonardo Spinazzola, que tanto impressionou no EURO 2020, regista uma média de 6,4 a cada 90 minutos, e só o espanhol Adama Traoré (6,1 / 90m) rivaliza com ele. Contra Spinazzola registe-se o facto de apenas 45% dessas conduções não terminarem em perda de posse (pontos vermelhos).
Para encontrarmos o jogador que melhor conduz a bola sem a perder, precisamos de rumar à Premier League, mais concretamente a Birmingham, onde Jack Grealish o fez 3,2 vezes a cada 90 minutos pelo Aston Villa.
Em Portugal, Rafa Silva (2,3 / 90m) é o que mais conduções aproximativas regista sem perder a posse, enquanto Galeno (3,9 / 90m) foi o que de mais parecido tivemos com Spinazzola.
Não estranhe se, por vezes, nos vir acrescentar um “super”. Se a aproximação à baliza adversária for de pelo menos 50%, essa condução passa a chamar-se “super aproximativa”. Spinazzola fê-lo 2,0 vezes por jogo, mas há um português (Pedro Neto) no top-3, com 1,7 conduções super aproximativas a cada 90 minutos.
Os passes, como as conduções
A partir desta época, os passes também passam a ser categorizados como aproximativos e super aproximativos, tal como as conduções. O racional é idêntico, aplicando os 25% e os 50% explicados anteriormente mas, no caso dos passes, a distância mínima exigida é de oito metros, ao invés dos 15 aplicados nas conduções.
O mapa de passes aproximativos de Kevin Vogt era demasiado confuso para mostrar num gráfico, pois foram 186 durante a época passada, mas foi o libero do Hoffenheim a liderar esta variável, com 9,1 a cada 90 minutos. Em Portugal, o bracarense Sequeira (7,8 / 90m) deu espéctaculo nesse aspecto.
Coube a um português a liderança europeia nos passes super aproximativos, aos quais também consideramos chamar “passes de morte”: Bruno Fernandes fê-lo acima de duas vezes por jogo
Um passe não é só de quem o faz, é também quem recebe
A questão dos passes aproximativos leva-nos a uma das grandes novidades do GoalPoint Rating 8.0. Sentíamos que a movimentação dos avançados no sentido de, muitas vezes, provocarem os tais “passes de morte”, era pouca valorizada pelo algoritmo. Nem todos os passes para os avançados têm necessariamente que terminar em remate, e nem sempre é justo que seja apenas a definição do que acontece após a recepção do passe a definir quase exclusivamente o sucesso da acção, como acontecia até agora. A capacidade de criar esses movimentos e de receber a bola, seja de costas para a baliza ou em profundidade, é muito valorizada pelos treinadores e passará a ser bastante mais valorizada pelo rating.
Jogadores como Haaland, Lukaku ou Zapata em profundidade, ou como Chris Wood, Andreas Cornelius e Mounié em apoio, destacam-se nesta variável que tem em Beto (Portimonense) um dos grandes. O português, que combina bem apoio com profundidade, recebeu uma média de 3,9 passes super aproximativos a cada 90 minutos, bastante acima de Darwin e Marega (2,6 / 90m) que vêm logo atrás na Liga NOS 20/21.
Impacto no GoalPoint Rating 8.0
A evolução do GoalPoint Rating não se ficou pela integração destes conceitos, apesar de serem os mais impactantes. Os passes longos passam a contar mais, caso sejam aproximativos, e os dribles perdem um pouco de valor com a chegada das conduções, por exemplo. Como sempre, houve ajustes nos pesos de cada variável, até tendo em conta as mudanças no próprio jogo.
Um dos exemplo mais flagrantes prende-se com a redução de cartões vermelhos, sobretudo na sequência de duplas penalizações por cartão amarelo. As cinco substituições vieram para ficar, o que fez com que caísse bastante a quantidade de duplos amarelos, razão que levou a que, quando acontecem, sejam mais penalizados do que eram anteriormente, ao contrário dos vermelhos directos.
No geral, o rating irá dar notas ligeiramente mais altas (subida média de 0,06), o que aumentará a probabilidade de vermos acontecer mais 10.0… mas não muito. Em Portugal, por exemplo, apenas a exibição de Seferovic em Paços de Ferreira daria direito à nota máxima com o novo algoritmo, tal como aconteceu sob a anterior versão do algoritmo.
Jogadores mais beneficiados
A posição mais beneficiada pelo novo rating é sobretudo a de defesa-lateral, sobretudo os laterais que se destacam pelo que oferecem a nível ofensivo. Na Liga NOS, os dois “leões” Nuno Mendes e Rúben Vinagre viram o seu GoalPoint Rating médio subir quase 0.2 pontos, com Ivo Pinto e Sacko a serem os maiores beneficiados entre os laterais-direitos.
Veremos também um bom incremento nos ratings dos centrais, como Lucas Veríssimo provou contra o Spartak. O facto de termos visto Coates eleito (justamente) como melhor da época por alguns meios de referência fez-nos pensar que talvez não fosse má ideia subir um pouco a nota média dessa posição, e assim acontecerá.
Sem surpresa, os avançados e alas mais móveis beneficiaram também de um boost, com casos como Darwin Núñez e Alberth Elis, entre os avançados, ou Corona, Gil Dias e Rafa entre os extremos, a serem os principais beneficiários.
Curiosamente, tivemos já na última final da Supertaça um bom exemplo de como o novo rating está mais “atento” ao trabalho “invisível” dos avançados. Muito elogiado pelo que trabalhou, Paulinho, que teve uma nota publicada de 4.5 no passado Sábado, teria tido um 5.2 à luz da versão 8.0 do GPR.
Os médios sofrerão poucas flutuações, mas há casos curiosos como a subida de Hide Morita em 0.06 pontos ou as descidas de Bruno Costa (-0.10) e Taarabt (-0.07).
Não, não nos esquecemos da segunda “coisa certa” que acompanha cada nova época e cada novo rating, anunciada no início do artigo. Por muito que alteremos o algoritmo, é Messi que continua a ter os melhores ratings e, enquanto continuar a ser o melhor, mais produtivo e mais eficaz, nada poderemos fazer para o alterar. O argentino teria terminado 20/21 com 7.84 pontos de rating médio na Liga espanhola, na nova versão, milhas à frente de De Bruyne (7.26), o segundo melhor nas Top-5.
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