A Primeira Liga terminou com incerteza até à derradeira jornada, com o Sporting a confirmar o bicampeonato, após luta feroz com o Benfica e uma época marcada por diversas peripécias, em Alvalade. Como é habitual de há 10 anos para cá, fazemos o balanço das emoções com os tradicionais 44 Magníficos, onde destacamos os quatro melhores jogadores por posição, de acordo com os GoalPoint Ratings do Antunes ou seja… sem “achómetro”, sem “escolha editorial”, apenas o puro produto dos analytics, para complementares com outros pontos de vista que o nosso “homem-rating” não pretende substituir. Aqui estão eles. Devora toda a informação e se gostares partilha, o Antunes merece.
“Outra vez arroz”, Gyökeres
Os 44 eleitos são liderados, tal como na primeira volta, pelo sueco do Sporting, Viktor Gyökeres, entretanto anunciado como o MVP GoalPoint Ratings da Liga 24/25. Uma repetição a papel químico do que aconteceu em 23/24. Surpreendidos? Absolutamente ninguém. Agora revelamos os restantes 43 craques do campeonato no critério GoalPoint ou seja, entre jogadores que cumpriram mais de 1530 minutos na Liga (mais de 50% dos minutos possíveis).
Em relação aos 44 Magníficos da primeira volta, há muitos repetentes, mas também algumas mudanças (link). Porém, nada como olhar para os detalhes, a começar pelo “boneco” do melhores “onze” (e do segundo melhor). Os 44 estão mais abaixo, se és dos que não aguenta ler tudo e quer ir logo aos “desenhos”.

Guarda-Redes
Cezary Miszta 6.13
Uma parede à beira do rio Ave

Como é habitual, são os guarda-redes obrigados a mais trabalho que acumulam maiores ratings (quando lidam bem com o serviço, claro) e não os de equipas de maior nomeada, menos acossadas. Os Magníficos desta temporada são prova disso mesmo, sendo que nenhum dos “redes” dos chamados “grandes” surge sequer nos quatro primeiros. O melhor guardião da Liga finda foi Cezary Miszta, do Rio Ave, que foi coleccionando exibições de grande nível uma atrás da outra, inclusive nos duelos com os já referidos “grandes”. O polaco ate registou uma nota máxima, na pesada derrota com o Sporting, tal o massacre a que foi submetido. Destaque para as 3,4 defesas por 90 minutos, segundo valor mais elevado, as 97% de saídas pelo ar eficazes e os 4,9 golos evitados (defesas – xSaves), terceiro registo.
Centrais
Zeno Debast 6.34
Um belga para toda a obra

O belga merece a titularidade, pela importância que teve na caminhada leonina, mesmo que tenha jogado grande parte da temporada no meio-campo (mas não toda, daí a presença como central, onde aliás já brilhava nos Magníficos da primeira volta). Contudo, Debast é um central de origem e completou uma época muito positiva. Seguro, embora sem deslumbrar, esteve muito bem no passe (89,5% certos em termos globais), em especial no progressivo, com 6,7 por 90 minutos, segundo valor entre centrais e sexto entre todas as posições.
Nicolás Otamendi 6.47
“El comandante” em modo goleador

O líder do balneário e a voz de comando do Benfica em campo. Otamendi pode ter 37 anos, mas é vê-lo a correr e a lutar sem parar, qual guerreiro, acumulando uma enorme quantidade de jogos consecutivos sem férias. O capitão dos “encarnados” esteve sempre muito bem nos duelos aéreos defensivos, tendo ganho 74% dos lances, registou duas intercepções por partida, terceiro valor mais alto entre todas as posições, e viveu a época mais prolífica da carreira, com seis golos só na Liga. E ainda fez duas assistências.
Laterais/alas
Geny Catamo 6.30
“Carregador de piano” pelas alas

Quase custa ver Catamo como melhor lateral, mas aqui incluímos também os alas que fazem todo o corredor em esquemas de três centrais. Geny é, por isso, o dono do lugar do lado direito. Além de cinco golos e duas assistências, o moçambicano foi sempre uma ameaça atacante, com muita presença na área e rara coragem na hora de partir para cima dos defesas, mesmo que nem sempre com a melhor decisão. Quando pegava na bola era vê-lo a carregar a equipa para a frente, com 3,3 conduções progressivas por 90 minutos, segundo valor mais alto de todos os jogadores da Liga.
Maxi Araújo 6.72
Uma época em constante ascensão

O uruguaio começou tímido, mas começou a crescer ao longo da época, ganhou confiança como lateral-esquerdo no esquema de quatro defesas e, depois, fosse qual fosse a táctica, a tornou-se transversal. Muito esperavam, talvez, que fosse Álvaro Carreras o dono do lugar (foi o segundo melhor na posição), mas Maxi arrasou, em crescendo. Garra, intensidade, capacidade defensiva, como mostram as 2,3 acções defensivas no meio-campo contrário (quarto valor mais alto da Liga), mas também ofensiva. Aos três golos e quatro assistências juntou 1,6 passes para finalização de bola corrida, valor mais elevado entre laterais e quinto de todas as posições, e só três outros jogadores (todos extremos) criaram mais ocasiões flagrantes por 90 minutos.
Médio-defensivo
Tiago Silva 6.33
A “muralha” do Castelo

Ah pois é. Ninguém duvida da qualidade e importância de Morten Hjulmand no desfecho do campeonato, mas contas feitas, o médio-defensivo cimeiro é outro. Tiago Silva fez mais uma época memorável, não só com uma enorme qualidade defensiva, mas também a construir e a atacar, terminando, por pouco, é verdade, como dono da posição. Os cinco golos e quatro assistências pelo Vitória ajudaram, mas há mais. Foi o segundo jogador (líder nos médios) com mais acções com bola (90,7 por 90 minutos), o terceiro médio “puro” com mais passes para finalização (2,0), foi o centrocampista com mais passes progressivos (8,2), segundo entre todas as posições e registou 6,2 recuperações de posse (5º). Quanto ao dinamarquês que muitos vêem (e bem, noutras métricas mais observacionais) como até candidato a segundo melhor jogador da prova, saiu algo penalizado pelo número atípico de cartões vistos, sobretudo pela quantidade de “cartões escusados” (vistos por motivos não relacionados com a disputa da bola) que lhe foram exibidos. Se foram justos ou não, isso são contas para outro rosário que não o da objectiva “religião dos analytics”.
Médio-centro
Orkun Kökçü 6.74
O influente “mal-amado”

As críticas dos adeptos benfiquistas, não convencidos com a qualidade do turco, continuam, mas a verdade é que Kökçü acumulou números de excelência, além de seis presenças em “onzes” semanais e cinco nos mensais (neste caso só batido pelas sete de Viktor Gökeres). O médio fez sete golos e outras tantas assistências e brilhou a servir os companheiros. Terceiro médio com mais acções com bola (81,7), foi o jogador da Liga com mais passes para finalização (2,6) e o terceiro em progressivos (8,0). Até registou um 10.0, imaginem…
Médio-ofensivo
Francisco Trincão 6.88
O melhor da Liga… caso Viktor estivesse noutro planeta

O brilho intenso de Gyökeres acabou por ofuscar a excelência de outros jogadores do Sporting, mas Trincão foi, sem discussão, um dos melhores da Liga. Sendo um extremo, deambulou muito por zonas centrais do terreno, pelo que é o dono da posição de médio-ofensivo. Além de nove golos, fez 14 assistências, liderando a tabela de passes para golo na Liga. Destaque também para a grande apetência pelo remate, com 3,3 a cada 90 minutos, sendo que 3,0 foram de bola corrida, apenas atrás de Gyökeres (3,5). Foi o quarto em passes para finalização (2,3) e o líder de bola corrida (1,8).
Extremo-direito
Ángel Di María 6.64
Um adeus que começou em alta mas murchou na segunda volta

O adeus anunciado de Di María ao Benfica não deixa de ter, no final, pontos altos, com o argentino a repetir a presença da época passada. A estrela do Benfica terminou a Liga com oito golos e cinco assistências, mas também o segundo valor mais alto de remates por 90 minutos (3,5), o terceiro registo de ocasiões flagrantes criadas (0,6) e o quarto em tentativas de drible (5,0), embora apenas com 32,2% de eficácia. Rubricou uma grande primeira volta mas foi-se apagando na segunda, muito por culpa das lesões que enfrentou, certamente.
Extremo-esquerdo
Kerem Aktürkoğlu 6.78
Turco com arranque demolidor

O turco teve um impacto grande na sua chegada ao Benfica, com golos, assistências e, inclusivamente, um 10.0, ante o Rio Ave. Kerem Aktürkoğlu fez 11 golos e nove assistências, destacou-se pela facilidade de remate, passes para finalização, no drible, mas também na apetência para se integrar na grande área adversária, o que lhe permite ser, não só um extremo-esquerdo, como também um segundo ponta-de-lança. Terminou com 6,6 acções com bola na área contrária por 90 minutos, terceiro valor mais alto da Liga.
Ponta-de-lança
Viktor Gyökeres 7.79
A “locomotiva” imparável

O Jogador do Ano GoalPoint da Primeira Liga 24/25, repetindo o feito da época transacta. Os detalhes do desempenho de Viktor Gyökeres, dono de três 10.0 esta temporada no campeonato, podem ser consultados na peça que lhe dedicámos (link). Em Alvalade fundou uma nova religião, os Gyövás, que rezam fortemente para não perderem o seu semi-deus, no próximo verão.
[ As três notas máximas de Gyökeres ]



[ O desempenho de Gyökeres em 24/25 ]

Os tops finais da Liga 24/25…
Eis os líderes em algumas das mais importantes variáveis, em termos absolutos.

A tradicional “foto de família” dos 44 Magníficos de 2024/25!
(clica para ampliar/guardar)
