Antevisão Benfica 🆚 Porto | Supertaça para lançar a época

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É já esta quarta-feira, a partir das 20h45, que será dado, de forma oficial, o pontapé de saída na época 2023/24. E o confronto no Estádio Municipal de Aveiro promete. O actual campeão Benfica vai defrontar o vencedor da Taça de Portugal, o FC Porto, numa fase ainda de indefinição das equipas e com muitas incógnitas. Para começarmos a antevisão deste “clássico” impróprio para cardíacos, lançamos uma questão difícil: quem é o favorito a vencer o “clássico” de Aveiro? Pedro Henriques responde e avança com diversos cenários.

“Acho que o FC Porto é mais forte porque costuma ser mais forte nos duelos contra o Benfica, tem uma capacidade de superação nestes jogos que as ‘águias’ não têm mostrado, mesmo quando venceu. Portanto, diria que os ‘dragões’ estão um bocadinho mais à frente por isso, porque no confronto directo costumam ser mais fortes do que o rival. O Benfica tem muito mais qualidade na sua equipa, mas a do Porto é talhada para este tipo de jogos, da Liga dos Campeões e confrontos entre os grandes”, a opinião é de Pedro Henriques, antigo lateral-esquerdo, que passou por “encarnados” e “azuis-e-brancos, em declarações à GoalPoint.

[ O Porto – Benfica de 2022/23 na Liga portuguesa ]

Na antecâmara da Supertaça, Roger Schmidt e Sérgio Conceição ainda têm algumas dúvidas relativamente às escolhas iniciais que vão fazer. Do lado dos lisboetas, algumas dúvidas pairam na cabeça do técnico alemão e residem nos nomes que vão preencher a zona central do meio-campo e quem será o substituto de Gonçalo Ramos, confirmado no PSG.

[ O Benfica – Porto de 2022/23 na Liga portuguesa ]

Ter ou não ter “Tino” em campo

“Aursnes é um jogador sensacional e colocava-o a jogar na esquerda. João Mário teria de descansar um bocadinho. É certo que realizou uma época passada fantástica, mas apenas podem jogar 11. Na minha opinião, Florentino tem de jogar, é ele quem equilibra tudo, não existe no plantel do Benfica nenhum elemento como ele, pois Kökçü é mais ofensivo, olha o jogo para a frente e o Tino é o equilibrador. É quase impossível tirar João Mário do ‘onze’, pois fez uma época extraordinária e está muito bem naquela posição. Só que ali naquela zona, para jogar com um médio como Kökçü, que é ainda mais ofensivo do que Enzo, é menos equilibrador do que o argentino. E quem é o ‘6’? Para iniciar o jogo será Florentino e Kökçü no meio, Aursnes a partir da esquerda, Di María na direita e Rafa nas costas de Musa”, arrisca o comentador da Sport TV,  que defendeu a escolha do “tampão” Tino recordando as dificuldades que os campeões nacionais tiveram em algumas jogos na temporada transcorrida, mormente naqueles em que foi “alvo” de uma pressão alta e feroz perante alguns dos opositores, entre os quais o FC Porto, na derrota na Luz e nas eliminatórias diante do Inter de Milão nos quartos-de-final da Liga dos Campeões.

Rafa vai ter de “morder” a defender

“Um dos problemas do Benfica, e aconteceu isso, por exemplo, na eliminatória contra o Inter de Milão, é que Rafa perde-se muito na referência que tem de marcar, tem de encostar no médio-defensivo da equipa adversária. Não sou treinador, sei que dentro das quatro linhas é muito difícil, mas vejo equipas que jogam com 1+1 na frente e o homem que joga nas costas do ponta-de-lança tem de fechar a linha do passe do desse médio contrário, e não andar a correr atrás dele. A bola não pode entrar e ele tem de garantir que está entre esse ‘trinco’ e a bola. Fazendo isso, já irá ajudar os dois médios que estão atrás dele. Não fazendo isso, quando os dois médios do Benfica saltam para pressionar, esse médio que está sozinho vai receber a bola, acaba com os cinco, ou seja, com os dois médios e com o trio que joga nas costas do avançado, num instantinho. O Inter fez isso e o Benfica perdeu-se com Gonçalo Ramos e Rafa a tentarem pressionar na frente e criavam um “buraco” na zona intermédia. Isso aconteceu várias vezes na época passada e o Benfica não soube controlar isso. Rafa tem de fechar o médio-defensivo, porque se o fizer, um dos dois médios poderá sair dessa zona e juntar-se ao ponta-de-lança”, explica.

Vlachodimos versus Diogo Costa

Trubin já aterrou em solo português, mas não será opção para a partida em Aveiro. Ainda sem a sombra do ucraniano, Vlachodimos será um dos nomes a ter debaixo de olho no embate.

“Quando é pressionado na frente, o Benfica sente dificuldades porque não estica o jogo nas costas da linha defensiva do adversário e é preciso que os médios se juntem para ganhar as segundas bolas. E depois tem um guarda-redes que não joga bem com os pés, bate a bola, mas em dez tentativas, diria que há duas que vão para o sítio certo e depois as outras ou vão para fora, ou são para dividir, podem calhar num colega de equipa ou num adversário. Não é o que acontece com Diogo Costa, Marchesín, Ederson ou Onana. E isso faz toda a diferença. Ou até o Adán. O Sporting atrai o adversário, os médios baixam para receber a bola, Paulinho faz o mesmo, os centrais e médios do opositor sobem no terreno e os outros avançados e os médios acabam por receber a bola de frente para o jogo e para a baliza contrária. O Benfica não consegue fazer isso, porque a bola batida pelo Vlachodimos, tanto pode ir parar à referência ofensiva, como ficar em parte incerta, é um ponto de interrogação. Não quero hostilizar o guarda-redes grego, mas ele não mete a bola onde quer e, portanto, é um problema que o Benfica tem e que não vai conseguir resolver com este guarda-redes. Ele não melhorou no decurso das últimas épocas e também não melhorou nos cruzamentos, não limpa os centros. Na questão das bolas paradas ofensivas, os números são assustadores. Mas também não é para dramatizar, o Benfica teve estes problemas na época passada e ganhou o campeonato”, atira.

“É uma pena que Pepê jogue tão recuado”

Do lado dos vice-campeões nacionais, Sérgio Conceição ainda não sabe se terá Diogo Costa à disposição e tem diversas opções para preencher a zona central da intermédia, que ficou órfã após a saída do influente Matheus Uribe para o Al-Sadd. A dupla de médios deverá ser formada por Marko Grujić e Stephan Eustaquio, Otávio partirá do lado direito, Galeno será a lança no flanco canhoto e resta saber quem será o escolhido para ser a muleta do imprescindível Taremi.

“Diria que no FC Porto é mais importante a questão do lateral-direito do que a do médio-centro. Porque se tiver um bom lateral-direito, Pepê joga mais à frente, que é, se calhar, o jogador do ataque que melhor define, com velocidade, desequilíbrio e qualidade na definição. É uma pena que jogue tão recuado. Até poderia permitir que o Otávio jogasse no meio a dois com o Eustaquio. A coisa funcionaria bem assim na maior parte dos jogos, por causa do apoio que teriam dos ‘cães de caça’ que têm no ataque, Pepê, Galeno, Taremi, Evanilson. Depois há outro problema na esquerda, Zaidu define mal”, antevê Pedro Henriques.

As águias procuram erguer o “caneco” pela oitava vez, já os dragões querem somar a 24ª conquista. Olhando para o histórico entre ambos nesta competição, o emblema da Invicta contabiliza, em 12 confrontos, 11 êxitos e apenas um desaire, que ocorreu em 1985.

Se incluirmos o período em que a prova se jogava a duas mãos – e sempre que ficava empatada havia o recurso a uma finalíssima para desempatar –, os dois conjuntos protagonizaram 26 confrontos, com 14 êxitos para os da Invicta, registaram-se sete empates e cinco triunfos dos da Luz.

E nesta quarta-feira, quem vai fazer a festa em solo aveirense?

Leonel Gomes
Leonel Gomes
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.