Antevisão | Como joga a Eslovénia, adversária de Portugal

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Echegou a fase de todas as decisões. Após a estreia periclitante ante a Chéquia, ao triunfo convincente diante da Turquia e ao desaire confrangedor frente à Geórgia, Portugal entra no “mata-mata” sem margem para mais erros e… experiências.

A Eslovénia, selecção que protagonizou a primeira derrota lusa da era Roberto Martínez, é o adversário que se segue e será um osso duríssimo de roer. O aviso já tinha sido dado no particular em Ljubljana e a fase de grupos neste EURO vincou a qualidade da equipa liderada por Matjaž Kek. Com menos argumentos individuais do que Dinamarca, Sérvia e Inglaterra, conseguiu equilibrar a balança e segurou a vice-liderança com três pontos, soma de outros tantos empates, apontou dois golos e consentiu outros tantos.

[ O figurino esloveno ante a Inglaterra ]

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A base é sempre a mesma – os eslovenos apostaram nos três primeiros duelos num “onze”-tipo com os mesmos nomes – um 1x4x4x2 coeso, organizado, muito consistente no processo defensivo -, não cedendo muitas oportunidades aos opositores. A estas valências, somam o pragmatismo com que chegam à baliza adversária, não surgem muitas vezes em zonas de finalização, mas são perigosos sempre que o fazem

Um EURO memorável

[ Os posicionamentos médios dos eslovenos nos três jogos da fase de grupos ]

A Eslovénia regressa à elite europeia após a presença no EURO 2000 e ainda não venceu qualquer encontro nestas duas participações. O colectivo impera e foi dessa forma que conseguiram atingir esta fase a eliminar. Intensa, rigorosa e aguerrida, a turma eslovena tem o ADN bem vincado. A equipa tenta não se expor ao erro com um bloco médio/baixo, sendo das 24 selecções que iniciaram a competição aquela que somou menos acções defensivas no meio-campo contrário, apenas um total de 12 nas três partidas já realizadas. Portugal, por exemplo, está nas 37.

Não obstante, atenção redobrada ao trabalho de “sapa” da dupla atacante formada por Andraž Šporar e Benjamin Šeško, ambos são incansáveis sem a bola, não param um segundo. O desgaste de ambos nas missões sem a bola acaba por diversas vezes lhes tirar algum discernimento nas poucas vezes em que chegam a zonas de finalização. A selecção de Kek foi a que menos acções com bola na área contrária produziu no decurso da fase de grupos. Acumulou apenas 34. Neste parâmetro, a turma das “quinas” somou 99, sendo a terceira selecção com mais destas acções no Campeonato da Europa.

 Nomes a ter em atenção

[ Os três melhores ratings da Eslovénia até ao momento ]

A consistência do próximo adversário luso tem alguns nomes. Jan Oblak, um velho conhecido, tem apenas confirmado os motivos porque é um dos melhores guarda-redes do mundo. Tem estado em evidência com 82% dos remates enquadrados adversários defendidos, já sofreu dois tentos, mas evitou 2,3 golos (defesas – xSaves)

Aos 25 anos, Jaka Bijol tem sido umas revelações. À imagem da selecção, é muito pragmático e eficaz. Dos números que o defensor da Udinese tem, realce para a eficácia de 81% nos passes verticais rasteiros, tem uma média de 2,7 passes progressivos, é forte nos desarmes (eficácia de 69%), vence metade dos duelos aéreos defensivos que protagoniza e carimba 2,0 intercepções a cada 90 minutos.

Čerin e Timi Elšnik sáo os motores da equipa e parte do sucesso ou insucesso português passará pela forma como iremos ou não conseguir anulá-los. Ambos foram os autores dos golos que derrotaram os portugueses a 26 de Março. O “box-to-box” do Olimpija Ljubljana é super rotativo e está a confirmar esta e outras valências nos relvados germânicos com 1,1 passes para finalização a cada 90 minutos, 3,6 passes progressivos e atinge as 1,8 acções defensivas (no sector intermédio).

Neste segundo duelo ante a Eslovénia – o primeiro em jogos oficiais -, o comandado luso terá um teste complicado pela frente e para levar a nau a bom porto, leia-se os quartos-de-final, vai ter de arregaçar as mangas, actuar de forma consistente, igualar os níveis de agressividade dos eslovenos e estar interligada num sistema táctico que dissipe dúvidas e potencie o maior talento de figuras como João Cancelo, Vitinha, Bernardo Silva, Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo. Têm a palavra Roberto Martínez e os elementos que vão a jogo!

Leonel Gomes
Leonel Gomes
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.