A fase de grupos do EURO 2024 chegou ao fim, tal como o período mais concentrado de jogos. Já várias equipas foram para casa e, no meio de sentimentos de dever cumprido, desilusão e empolgamento, fica um rasto de desempenhos colectivos e individuais que importa realçar. A nível individual houve confirmações e surpresas, que se podem medir em alguns dos momentos mais importantes e decisivos de um jogo de futebol. Escolhemos 13 variáveis, não para dar azar, mas para percebermos quem tem estado a brilhar neste Campeonato da Europa.
Mais defesas e golos evitados
Giorgi Mamardashviili tem sido, talvez, a grande figura deste EURO, mesmo não sendo habitual que um guarda-redes assuma este protagonismo todo. Porém os seus desempenhos têm sido incríveis, sendo mesmo dono do único rating 10.0 até ao momento e resgatado dois prémios de melhor em campo, incluindo frente a Portugal.
Por isso não espanta que o gigante georgiano lidere, destacado, no número de defesas (21, mais oito do que qualquer outro jogador), onde se incluem as 11 (máximo do EURO num jogo) ante a Chéquia, e seja o que mais golos evitados (defesa – xSaves) registe, quase quatro (3,8). Este é o terceiro melhor registo de um guarda-redes nos últimos três torneios.
Desarmes, intercepções e recuperações
A Áustria está a fazer um EURO de grande nível, em termos ofensivos, mas também defensivos, e o seu médio Niolas Seiwald lidera no total de desarmes realizados (13), com o seu compatriota Stefan Posch (lateral-direito) logo a seguir. O central croata Josip Šutalo tem o mesmo número de intercepções e lidera nesta variável, com grande vantagem, e só esse facto o poderá “salvar” nesta corrida, pois o seu país já foi afastado da competição. Quanto a recuperações de posse, mais um georgiano, o médio Giorgi Kochorashvili, que lidera com 26, surgindo o eterno Toni Kroos logo a seguir.
Acções com bola e passes progressivos, ou a “praia” de Kroos
Já aqui falámos dos feitos do “pré-reformado” Toni Kroos neste EURO e, findo a fase de grupos, o alemão lidera em diversas variáveis, das quais destacamos duas: acções com bola e passes progressivos. Nas acções, o médio comanda destacadíssimo, com 383, tendo 147 (máximo do EURO) acontecido ante a Hungria. Frente ao mesmo adversário fixou o recorde de 23 passes progressivos, mais de metade dos 41 que acumula. Para termos uma ideia, só nesse jogo Kroos fez tantos destes passes como o total de Joshua Kimmich, o segundo no top 5.
Passes para remate, flagrantes criadas e assistências
Na hora de criar perigo, os nomes variam bastante. O dinamarquês Cristian Eriksen, que no último certame pregou-nos um susto valente, surge aqui como líder nos passes para finalização (13), seguido de perto pelo inevitável Kervin De Bruyne, da Bélgica. Toni Kroos e Kimmich surgem, de novo, à espreita. A já eliminada Hungria tem, paradoxalmente, o homem que mais ocasiões flagrantes criou, o atacante Roland Sallai, com quatro e um pelotão de três outros jogadores colados, um compatriota e um croata, Ante Budimir, que também já foi para casa, sendo que o espanhol Lamine Yamal surge como a maior ameaça à liderança neste top. Porém, quando esses passes são mesmo concretizados, temos as assistências, e aí há três líderes com duas, entre os quais destacamos o benfiquista Orkun Kökçü.
Lá na frente, os dribles, os remates a eficiência finalizadora
Finalmente, um português. Cristiano Ronaldo ainda não marcou, mas como sempre faz, remata muito e já leva 12 disparos, mais dois do que um pelotão considerável com dez. No drible é o desconcertante extremo belga do City, Jéremy Doku, a liderar nos eficazes, registando já 13 em 31 tentativas (também valor mais elevado), equivalente a um sucesso assinalável de 43,3%. Quanto a golos, o líder dos marcadores é o georgiano Georges Mikautadze, com três tentos, mas quem tem melhor eficácia na relação entre golos marcados e esperados (xG) é o alemão Jamal Musiala. O jovem leva dois tentos em apenas 0,48 Expected Goals, ou seja, mais 1,5 do que o esperado.