Este é caso para escrevermos… “Bravo” Tiago Santos. O jovem português está a “partir tudo” na época de estreia com as cores do Lille e tem sido uma das sensações dos “Les Dogues”.
Rápido, incisivo, intenso, com uma técnica apreciável, um remate fácil e certeiro, maduro apesar da tenra idade, com uma óptima interpretação do jogo, cada mais eficaz e sólido no processo defensivo, o lateral-direito já mais do que justificou os cerca de €6,5M milhões – o Sporting, clube que representou na formação, detinha 10% do passe – que o conjunto gaulês pagou ao Estoril Praia no Verão passado pelos seus préstimos.
✍️ Le LOSC est RAVI d'annoncer l'arrivée du jeune talent Tiago Santos dans son effectif professionnel.
— LOSC (@losclive) July 5, 2023
Le défenseur latéral droit portugais 🇵🇹, 20 ans, s’est engagé avec le club lillois pour une durée de 5 saisons, soit jusqu’en 2028.
𝐁𝐞𝐦 𝐕𝐢𝐧𝐝𝐨 𝐓𝐢𝐚𝐠𝐨 !
A ascensão de Tiago tem sido meteórica e, ao mesmo tempo, sustentada. Após ter saído de Alcochete – chegou a actuar nos escalões de formação do Oeiras e Sacavenense –, foi “resgatado” pelo Estoril, brilhou nos sub-23 com as conquistas da Liga e da Taça Revelação, foi promovido para a equipa principal e não tardou em assumir uma vaga como indiscutível no corredor direito. Bastaram 34 partidas, na Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga, e oito assistências para aguçar o apetite de vários emblemas, mas o Lille foi mais lesto e, para já, fez uma escolha certeira. Até ao momento, contabiliza 39 encontros, num total de 3379 minutos na Liga Conferência, Ligue 1 e Taça de França, com três golos e duas assistências.
Um jogador cada vez mais “camaleónico”
Actual quatro classificado na Ligue 1 e com aspirações a carimbar presença nas meias-finais da Liga Conferência, este Lille de Paulo Fonseca tem apostado num 1x4x2x3x1 bastante maleável e que tem impulsionado as principais virtudes do atleta de 21 anos, e aprimorado uma valência, a capacidade de se juntar à “casa de máquinas” no meio-campo assumindo o papel de construtor, qual João Cancelo nos tempos áureos no Manchester City de Pep Guardiola, de Trent Alexander-Arnold no Liverpool de Jürgen Klopp ou de Ricardo Pereira no Leicester de Enzo Maresca.
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“É um jogador que já dava nas vistas ao serviço do Estoril, sendo que impressionava mais pela qualidade como construtor do que propriamente pelo jogo em profundidade. É certo que também tem algumas condições para desequilibrar, possui uma meia distância forte, que até está a ser aproveitada por Paulo Fonseca, mas é um jogador para evoluir mais de trás para a frente em termos de participação no jogo apoiado da equipa, muitas vezes em função do extremo, e isso leva-o muitas vezes a participar numa construção a três ou a promover mais desmarcações interiores, mas sempre como fonte de segurança na associação desde trás. É um jogador que também consegue, através da progressão, marcar a diferença. Portanto, é aí que Paulo Fonseca tem aproveitado mais as potencialidades de Tiago Santos. Mais como um jogador de segurança e de construção do que propriamente como um desequilibrador, pois muitas vezes convive com Edon Zhegrova, um extremo aberto que é o grande desequilibrador desta equipa do Lille”, começa por analisar Tomás da Cunha.
Para o analista, o “casamento” do defensor com as ideias preconizadas por Paulo Fonseca foram um “match” perfeito e os resultados falam por si…
“Nesse sentido, creio que se cruzou com o treinador certo, esta assimetria que muitas vezes Paulo Fonseca promove é ideal para o jogo de Tiago Santos e para estas características que mencionei atrás. Sendo que não é um jogador específico, pode adaptar-se a diversas funções seja como lateral mais baixo, seja mais em profundidade”, descreve o comentador à GoalPoint.
Jonathan David et Tiago Santos dans l'Equipe Type de la 28ème journée de @Ligue1UberEats 👏#11TypeFans @itsJoDavid pic.twitter.com/y0buKvODBX
— LOSC (@losclive) April 10, 2024
Nos últimos anos, diversos laterais têm sido peças-chave nos sistemas de várias equipas, passando a actuar mais na zona central e deixando que sejam os alas a abrirem o campo. Uma metamorfose que já teve como protagonistas os já citados João Cancelo, Arnold, Kyle Walker, Ricardo Pereira ou Diogo Dalot na Selecção Nacional, Grimaldo no Bayer Leverkusen ou a lenda alemã Philipp Lahm (com as botas já penduradas). Além disso, tem o atrevimento que lhe permite aparecer em zonas de finalização e disparar tendo a baliza contrária como ponto de mira.
“Tem, de facto, essa passada muito interessante, muitas vezes recebe por dentro e aplica a meia distância como Pedro Porro, por exemplo, creio que ao nível do passe tem melhorado em comparação com a época anterior. Portanto, está no clube e no modelo certo para o tipo de jogador que é Tiago Santos. Nas mãos de Paulo Fonseca está a tornar-se num dos laterais jovens mais interessantes do panorama europeu e acredito que possa dar o salto para outro patamar. Como Ricardo Pereira, que também jogou na Liga francesa, depois tornou-se num construtor, mais do que um desequilibrador. Portanto, pode ter essa parecença”, acrescenta.
“Tiago Santos foi um desperdício dos clubes portugueses”
(Tomás da Cunha)
E poderia Tiago Santos ter prosseguido a carreira na Liga portuguesa? No final da época passada, o seu nome chegou a ser veiculado a um possível interesse do Benfica para fazer “sombra” a Bah, mas o negócio acabou por não avançar e, na longa ausência do dinamarquês, a alternativa foi… Aursnes. No FC Porto, poderia lutar pela titularidade com João Mário e, no Sporting, que tinha uma percentagem do passe, entraria numa equação que conta com Ricardo Esgaio e com a sensação Geny Catamo (adaptado).
“Acho que, de certa forma, podemos dizer que foi um ‘desperdício’ dos clubes portugueses, mas ao mesmo tempo um acerto para o jogador, porque no Lille tem espaço de afirmação, um treinador português que o conhece perfeitamente e que está a ampliar este talento que já demonstrava no Estoril”, realça o comentador da Eleven Sports, TSF e colunista da Tribuna Expresso.