Antevisão | Que perigos espreitam Portugal no EURO 2024?

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ESTÁ agendada para esta terça-feira a estreia de Portugal na fase de grupos do Euro 2024. A turma das quinas chega a solo germânico impulsionada por uma campanha imaculada, tendo somado por vitórias os dez jogos que fez no apuramento, num trajecto onde o ataque foi mortífero, com 36 tiros certeiros, e a defesa esteve oleada e quase perfeito com apenas dois “tentos” sofridos. Na sequência, nas partidas de preparação, a Eslovénia e Croácia expuseram algumas das lacunas portuguesas e fizeram soar os alarmes.

“Uma equipa como a Croácia tem muita qualidade técnica e a nossa atitude e empenho ajudou-nos a reagir nos últimos 60 minutos com muitas notas positivas. Tivemos dez cantos, marcámos um golo muito bem trabalhado e depois tivemos um resultado negativo, mas temos de analisar. Há muitas notas positivas. Tivemos, mais uma vez, 16 jogadores de campo. O Diogo Costa fez um jogo muito bom e, pela nossa preparação, foi muito positivo por trás de um resultado negativo. Não queremos perder jogos”, afirmou, após o percalço no Jamor, Roberto Martínez.

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No papel, o conjunto de jogadores à disposição do seleccionador é um dos melhores em cena, a qualidade é imensa e há escolhas para todos os gostos, no entanto, e os dois desaires recentes são um bom barómetro, é necessário que a atitude competitiva esteja sempre nos píncaros.

Com diversos sistemas tácticos na forja – 1x3x4x3, 1x3x5x2 ou até o 1x4x4x2 -, Portugal deverá começar a empreitada germânica num 1x4x3x3, com uma construção a três quando João Palhinha colocar-se entre a dupla de centrais, um lateral a dar amplitude pelo corredor, outro a pisar terrenos mais interiores, os dois médios (Vitinha e Bruno Fernandes) a definirem os ritmos no corredor central e depois a atacar a lança Rafael Leão na asa canhota, Bernardo Silva a juntar-se ao corredor central e Cristiano Ronaldo a funcionar como referência ofensiva. Se, no ataque, a máquina parece bem oleada, no processo defensivo a reacção à perda tem sido precária e a forma como a Croácia colocou o dedo na ferida deverá servir de lição.

“Foi bom para descer à terra e para saber que, por mais talento que tenhamos, por mais individualidades, é preciso o colectivo funcionar e entender melhor cada momento do jogo. Temos muito a crescer, mas a coisa boa é que, com a qualidade e inteligência dos jogadores que temos, podemos crescer tão rápido quanto consigamos entender o que está a faltar. É um jogo muito importante para olharmos com muita atenção e até aquilo que pode ser o ego de cada um de nós. Baixar à terra e saber que, se estivermos todos no nosso melhor, conseguimos fazer o que toda a gente sabe, mas, se não estivermos, somos como qualquer outra selecção e podemos cair fora”, alertou Rúben Dias há poucos dias.

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No banco de suplentes, não faltam opções. De Diogo Dalot a Nélson Semedo, passando por Gonçalo Inácio, Matheus Nunes, João Neves, João Félix, Francisco Conceição ou Gonçalo Ramos.

Uma Chéquia a abrir as hostes…

O pontapé de saída será dado em Leipzig diante da Chéquia. Comandados por Ivan Hasek, os checos vão ser um osso duro de roer. Além da fisicalidade, são uma equipa organizada e com bons talentos, mesclando a juventude dos promissores Martin Vitik ou Adam Hložek com a experiência dos já consagrados Coufal, Souček, Barák ou da estrela da companhia, Patrik Schick. O sistema táctico preferencial é um 1x3x5x2 muito dinâmico e coeso.

[ O figurino checo ante a Polónia, na qualificação ]

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[ Tomáš Souček foi a grande figura da qualificação da Chéquia ]

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[ A forma de atacar da Chéquia: conduções progressivas (tracejados), dribles (estrelas) e triângulos (faltas sofridas ]

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Turquia de várias caras

Não falta talento nas hostes turcas, mas a selecção apresenta diversas faces no decurso das partidas, sendo capaz de criar sérios problemas aos opositores, mas dá “tiros nos pés” por culpa de erros infantis e intempestivos.

[ A Turquia venceu o Grupo D e foi ganhar à Croácia… cuidado ]

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Sem os influentes Çaglar Söyüncü e Ozan Kabak – ambos lesionados -, a solidez defensiva poderá ficar afectada, mas do meio-campo para o ataque a fartura de talentos é imensa e muito daquilo que os turcos podem fazer passará pela inspiração de Hakan Çalhanoğlu (o Pirlo da era moderna), do benfiquista Orkun Kökçü, do “underrated” Kerem Aktürkoğlu, da “locomotiva” Ferdi Kadıoğlu ou dos jovens Kenan Yildiz, Arda Güler ou Barış Yılmaz. No banco, Vincenzo Montella vai tentar organizar as tropas. Muita atenção a esta Turquia.

[ O benfiquista Kökçü e o interista Çalhanoğlu são duas das principais referências da Turquia ]

[ As curiosas conduções progressivas (tracejados) da Turquia das faixas para dentro, num futebol que aposta nas alas ]

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O “outsider” georgiano

Uma das duas estreantes em prova, a Geórgia será uma espécie de “outsider”. Sem pressão, poderá surpreender e muito daquilo que vai fazer passará pela qualidade colectiva e pela inspiração de algumas figuras. Giorgi Mamardashvili é um dos melhores jovens guarda-redes europeus, Giorgi Chakvetadze é um médio completo, Georges Mikautadze é voraz e com faro apurado pelas redes contrárias e a liderar o esquadrão o melhor jogador da edição 2022/23 da Série A, Khvicha Kvaratskhelia. O timoneiro é o francês Willy Sagnol, que aposta geralmente num pronunciado 1x3x5x2.

[ Foi assim que a Geórgia se apurou para o EURO, no play-off, após penáltis com a Grécia ]

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[ Giorgi Chakvetadze e a estrela da companhia, Khvicha Kvaratskhelia ]

[ A Geórgia explora muito o flanco esquerdo, onde costuma cair Khvicha Kvaratskhelia ]

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Nesta 17.ª edição do Europeu, Portugal vai marcar presença pela nona vez e sempre que esteve presente ultrapassou a fase de grupos. A pior posição que alcançou foram os oitavos-de-final – na última edição, em 2021 –, ficou nos quartos-de-final em 1996 e 2008, caiu nas meias-finais em 1986, 2000 e 2012, foi finalista vencido em 2004 e tocou no Olimpo em 2016 em Paris. Como vai ser em solo alemão?

Leonel Gomes
Leonel Gomeshttps://goalpoint.pt/
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.