Não é preciso aguardar mais! Após termos revelado as três grandes figuras da Liga NOS 18/19, aqui estão os muito aguardados 33 magníficos! Como habitualmente, e tal como já tinhamos feito no final da 1ª volta, recorremos aos GoalPoint Ratings para eleger os três jogadores que mais se destacaram na Liga NOS em cada uma das suas posições.
Em relação à primeira metade do campeonato, há oito novidades neste lote. Alguém tinha que preencher as vagas de Marcão, Nani e Nakajima, que abandonaram o nosso campeonato, e três delas foram para jogadores do Benfica. Um reflexo da excelente segunda volta protagonizada pelos “encarnados”, personalizada em duas grandes figuras que emergiram na fase final do campeonato: Rafa e João Félix. Apesar de já darem sinais de desempenhos elevados, nenhum deles tinha completado minutos suficientes para ser elegível para esse “onze”, enquanto André Almeida conseguiu entrada no lote de laterais-direitos, após subir o seu rating de 5.77 para 5.85.
O jogador que mais melhorou na segunda volta não tem, ainda assim, lugar nestes 33. O camaronês Joel Tagueu transformou um pobre 4.95 num aceitável 5.39, mas a outra subida impressionante foi a de Fábio Pacheco, que aumentou de 5.58 para 5.95 e garantiu assim a segunda posição entre os médios mais defensivos.
O “onze” ideal acaba por ser um reflexo daquilo que foram as duas equipas mais dominantes do campeonato. O Benfica, que impressionou sobretudo pela qualidade ofensiva, coloca os seus quatro jogadores nas posições mais avançadas, enquanto o Porto, a formação menos batida, tem dois jogadores na linha defensiva e mais um (Felipe) bem perto de fazer parte dela. O central do FC Porto teve uma queda abrupta (de 6.27 para 5.93) na segunda volta, que só foi batida pela de Bas Dost. O ponta-de-lança holandês tinha sido considerado o MVP da primeira metade, com um rating de 6.74, e acaba por terminar a temporada em terceiro no lote de pontas-de-lança, caindo para 6.23.
De referir ainda que há nove repetentes em relação aos 33 magníficos da época passada, todos eles jogadores dos “três grandes”. André Almeida, Felipe, Alex Telles, Grimaldo, Herrera, Pizzi, Bruno Fernandes, Brahimi e Bas Dost, são os jogadores que se mantiveram na elite.
Mas vamos então perceber o porquê de terem sido estes os eleitos!
Em Guimarães, duas fortalezas
Nem sempre assim é, mas desta vez o guarda-redes com a maior percentagem de remates enquadrados defendidos foi também o melhor do campeonato. O Vitória de Guimarães termina a época como o clube que acumulou a maior diferença entre golos sofridos e Expected Saves (xS). Foram cerca de 10,4 os golos evitados por mérito dos guarda-redes, o que explica melhor que tudo a grande época que fizeram Douglas Jesus e Miguel Silva. Sim, porque o miúdo da terra conquistou a baliza nas últimas 11 jornadas e terminou com um rating de 6.37, ainda melhor que o de Douglas. Os dois guarda-redes que secundam Douglas, Charles e Helton Leite, fazem-no também no ranking da percentagem de remates dentro da área defendidos. Curiosamente, ambos jogaram 21 jogos, sendo que Charles acumulou 5,5 golos evitados e Helton ficou-se pelos 4,9.
Defesa com muito samba
Nem só na baliza há uma grande concentração de jogadores oriundos do “país irmão”. Entre os 12 elementos que compõem a linha defensiva, oito vieram do Brasil e só um é português.
Começando pela lateral-direita, onde aparece talvez a grande surpresa deste “onze” ideal, mas só para quem não anda atento ao GoalPoint. Rodrigo Soares foi uma das figuras da segunda volta e atempadamente destacámos o seu impressionante registo a nível europeu. Com Augusto Inácio, o Aves tornou-se numa das mais temíveis equipas ao nível das bolas paradas, quase todas batidas por Rodrigo. Para além de ter terminado como o jogador com mais passes para finalização do campeonato, tanto a nível absoluto (118) como a cada 90 minutos (3,66), Rodrigo só foi batido nesse aspecto por Dimitri Payet (3,98 p/ 90m), entre os principais campeonatos europeus. Números fantásticos se tivermos em conta a dimensão do clube em que actuou. André Almeida, autor de 11 assistências, e Marcelo Goiano, um dos “reis” do desarme e melhor da primeira volta, são quem acompanha Rodrigo.
O crónico – mas não por muito mais tempo – Alex Telles mantém o lugar na lateral-esquerda. Mais uma época recheada de golos (quatro) e assistências (oito) eleva o brasileiro para um ícone dos nossos “onzes ideais”. O despique com Grimaldo foi duro, mas se os números ofensivos se equiparam, a nível defensivo o brasileiro esteve melhor, demorando mais 47 minutos que Grimaldo até sofrer um golo, e mostrando maior assertividade nos duelos, sobretudo pelo ar (64% de eficácia contra 42% do espanhol). A terceira posição foi ocupada por Djavan, o único despromovido entre os 33 magníficos. Aos 31 anos, o lateral do Chaves continua a mostrar ser um jogador muito completo e não lhe deverão faltar pretendentes para a próxima época.
Entre os centrais, destaque para o facto de encontrarmos as habituais duplas titulares de Porto e Sporting, e para a ausências de centrais do campeão nacional, Benfica.
Éder Militão dizimou por completo a concorrência, com uma vantagem de quase 0.4 pontos para o segundo melhor: Sebastián Coates.
No entanto, dois jogadores poder-se-iam ter intrometido nesta luta, caso tivessem tido mais minutos: Raúl Silva 6.05 e Ferro 5.96 terminaram com ratings que lhes dariam a titularidade, mas faltou-lhes tempo de jogo. Apesar de tudo, no caso do Sporting de Braga, a alternativa a Raúl Silva mostrou-se bastante competente. Contratado ao Marítimo, Pablo Santos esteve à altura das expectativas e terminou como quinto melhor central da época. Já no caso do Benfica, tanto Rúben Dias 5.55 como Jardel 5.59 estiveram bem abaixo do esperado… e de Ferro. Pedro Henrique, capitão do Vitória de Guimarães, foi o “sexto” central.
Meio-campo de craques com “cheiro” a berço
O mexicano Héctor Herrera – que também deverá estar de saída – volta a marcar presença entre os titulares. Apesar de assumir muitas vezes posições mais recuadas, o médio do Porto terminou como o terceiro que mais passes fez para o último terço, apenas atrás de Pizzi e Bruno Fernandes. Um número que deixa bem à vista a influência do mexicano para o estilo de jogo mais directo pretendido por Sérgio Conceição. Para além de “esticar” com frequência, Herrera fá-lo também com eficácia, acertando 76% dessas tentativas de passe e ainda 68% dos 6,5 passes longos que tenta a cada jogo. A posição de médio-defensivo tem ainda o “dragão” Danilo Pereira e o já falado “cónego” Fábio Pacheco. O jogador do Moreirense já nos vai habituando a excelentes registos, e desta vez foi o único médio a terminar entre os cinco jogadores com mais desarmes e intercepções a cada 90 minutos. Esta é uma posição em que na próxima época podem vir a emergir dois nomes: Gabriel 6.10 e João Palhinha 5.99. O jogador do Braga (emprestado pelo Sporting) ficou mesmo a escassos 40 minutos de figurar como o segundo melhor médio-defensivo.
No centro do terreno, a figura do ano: Bruno Fernandes. Sobre ele já está tudo dito, mas talvez surpreenda o excelente rating com o que terminou o portista Otávio. Com apenas 54% de utilização, o brasileiro marcou três golos e fez seis assistências, no entanto esses números escondem outros ainda melhores, que mostram um jogador cada vez mais completo. No Porto, só Corona terminou com melhor registo de passes para finalização de bola corrida, ficou no “top 10” de dribles e dribles no último terço em toda a Liga NOS e foi ainda fundamental na pressão alta, visto que só um jogador (Eber Bessa) teve mais acções defensivas nos últimos dois terços do campo (3,9 contra 3,8 de Otávio). Curiosa ainda a presença de Mattheus Oliveira, uma das novidades em relação à primeira volta. Emprestado pelo Sporting ao Vitória de Guimarães, Mattheus teve um desempenho bem superior ao de Wendel, por exemplo.
Não podia faltar uma palavra para Óliver Torres 6.74, que terminou a época como o jogador com melhor GoalPoint Rating do plantel do FC Porto, se considerarmos todos os elementos com mais de 1000 minutos de utilização. Não terá sido por falta de qualidade que não jogou mais, mas também custa a perceber que tenha sido por falta de entrega, pelo menos dentro do campo. É que Óliver registou uma média de 6,6 acções defensivas a cada 90 minutos, mais do que Danilo (5,6) e Herrera (5,4), por exemplo.
Continuando no meio-campo, mas com jogadores de características declaradamente ofensivas encontramos um (ou será dois?) jogadores do Benfica. Pelos espaços entre linhas que muitas vezes ocupa no esquema “encarnado”, decidimos colocar João Félix atrás do ponta-de-lança, secundado por Tozé e Chiquinho. Dois jogadores de clubes de Guimarães que fizeram épocas extraordinárias. Tozé termina contrato com o Vitória e pode ser um dos jogadores livres mais atractivos do próximo mercado, enquanto Chiquinho estará, ao que tudo indica, de regresso ao Benfica, que o tinha colocado no Moreirense envolvido no negócio de Alfa Semedo. Ambos se destacam pela excelente capacidade de remate e visão de jogo.
Linha atacante com muito Benfica
O dono da nossa ala direita é Pizzi, que foi também o dono do único 10.0 da época na Liga NOS. O brigantino começou a temporada no meio-campo, mas Bruno Lage teve a astúcia de o deslocar para uma posição em que se sente (ainda) mais confortável. Nós também o fizemos, pois claro. O rei das assistências foi o único da Liga NOS a registar mais de 20 passes certos no último terço a cada jogo e o quarto com melhor eficácia no passe longo. Números fantásticos aos quais já nos tem vindo a habituar. A melhor alternativa para a sua posição seria Corona, que parece finalmente ter confirmado para o público em geral aquilo que os seus números já vinham dizendo há muito tempo: é craque. Uma afirmação também conseguida por dois jogadores do Sporting: Raphinha e Mama Baldé (que esteve emprestado ao Aves). O brasileiro terminou com um rating de 6.41 e acaba por não entrar nos 33 porque lhe ficaram a faltar escassos 32 minutos, enquanto Mama Baldé fez a melhor época da sua carreira, mostrando ser um avançado rápido, potente, finalizador e com grande disponibilidade sem bola.
Do lado esquerdo surge o transfigurado Rafa, que ultrapassou todos os limites que muitos lhe julgavam conhecer. Terminou mesmo como o jogador com melhor GoalPoint Rating da Liga NOS 18/19, após uma época em que marcou um golo a cada 111 minutos, acertou na baliza a cada 68 minutos, ofereceu uma ocasião a cada 46 e driblou um adversário a cada 31. Não dá para pedir mais, mas fê-lo, terminando como o jogador com mais acções defensivas a cada 90 minutos no último terço (1,4). Brahimi foi, para não variar, o rei do drible, mas faltaram outros números a uma época boa, porém longe do que é capaz. Ricardo Horta fica com o bronze dos extremos-esquerdos.
Entre os pontas-de-lança, Haris Seferovic também mostrou um acerto fora do habitual.
O suíço acabou mesmo por ser o melhor marcador do campeonato, melhorando todas as suas médias da época passada, em que esteve longe de entrar nos 33 melhores. Terminou a temporada com mais golos (23) do que Expected Goals (18,5), algo pouco habitual na sua carreira, com a particularidade de nenhum dos 23 golos ter sido de bola parada. Atrás de si e com o mesmo rating: Dyego Sousa e Bas Dost. Mas se no caso do bracarense os seus xG também foram largamente superados (15 para 10,7), no caso do “leão” o registo de 15 foi exactamente igual nos dois parâmetros. Quem desta vez não entra nestas contas, por falta de tempo de jogo, é Jonas. No entanto, o seu desempenho médio 6.28 rivalizou com o do seu colega.